domingo, 9 de dezembro de 2007

Último dia

Ainda estava trêmula! Não podia acreditar no que acabara de ouvir e ver. Não fazia sentido. Olhava para todos os cantos da sala, estava tudo como sempre. Não estava dormindo, não havia chances de tudo ter sido um sonho...

A cabeça começa a latejar. Pensou nos pais, na escola que estudou quando criança, no trabalho, nos sobrinhos, no irmão querido, nas brigas quando pequenos, nos abraços em horas difíceis durante a adolescência.. Pensou ainda nos passeios matinais de domingo, depois da missa com a amiga inseparável! As risadas inocentes! Os planos que faziam para a juventude: a faculdade, todas as novidades que vivera tão intensamente. Será que faltou intensidade em alguma coisa? Além de boa estudante, foi em festas, conversou durante horas pela madrugada, fez brigadeiro e pipoca para assistir filme com os amigos, foi ao teatro, chorou e riu, viveu! A distância rendeu alguns rompimentos. Mas também fez descobrir amores sinceros e eternos. E na faculdade: todas aquelas pessoas queridas! As meninas com quem dividiu casa. As festas, os micos, os almoços. As novas paixões, as grandes dúvidas, os medos, as dores de crescer mais uma vez...
Em um segundo parecia ter ido de um canto a outro de suas lembranças. Como escolher o melhor momento? Em qual deles gostaria de prolongar sua permanência? Impossível...são tantas coisas!

De repente as lágrimas! Aquelas lágrimas que não eram de tristeza nem de alegria! O mistério maior e aquele amor que não passava. Sim, Júlio, como poderia esquecer as conversas na rede, ou no colchão da sala? Foram cinco anos de convivência, ora mais próxima ora não tão próxima assim... Nesse momento como gostaria de poder sentar-se ao lado dele e falar e falar e ouvir durante horas, sobre todas as coisas! e sobre coisas nenhuma...

A voz do velho ainda fazia eco: apenas um dia! Era só isso que lhe restava! O que fazer? tinha uma lista de tarefas sobre a mesa, por ordem de prioridade: a matrícula do curso no exterior que faria no próximo mês, última data para entregar a revisão da tese para publicação, mandar e-mail confirmando presença na festa surpresa da amiga de sempre, visitar os pais antes da viagem..

Mas e agora? Nada daquilo parecia ter sentido! A regra de prioridades não servia para nada nesse momento. Nada parecia importante. Não desejava nada daquilo! Onde estaria Júlio? Dois anos sem se verem. Pelo menos uma vez no semestre se falaram. Aquelas mensagens por celular um mês atrás foi a última vez que se falaram.. Mas e agora? Corro pra onde? A voz ainda persistia: apenas um dia! Quanto tempo teria passado? Quantos minutos teriam ficado para trás, devorados pelo cruel Cronos!

Mal sabia que tudo isso havia passado em sua cabeça em segundos...Sim, não queria nada de choro! Nada de lamentações, nem de esperança.. afinal, a vida é o que é! e o mesmo se aplica a morte! Se não gostava dos ses durante a vida, não seria agora que se apegaria a eles...

Estava decido: se era para ser o último dia, que fosse então esse dia como havia desejado que fossem todos desde os tempos da faculdade! Nada de obrigações, nada de rotinas, nada de certezas. Apenas o curso livre das palavras, deslizando de uma boca para outra! Perdendo-se no infinito entre um e outro. Tão iguais e tão diferentes! Não importa como, mas queria uma rede, como nos velhos tempos, deitaria naquele mesmo colo, presente-ausente, e ouviria aquela mesma voz - talvez estivesse um pouco diferente - mas falariam, por horas e horas, ininterruptamente, passando de uma coisa para outra, rindo e quase chorando. Silenciando, e sentindo.. naqueles momentos plenos de significação como nenhum outro jamais teve em sua vida! Sim, estava decido: nada de choro, nada de tristeza, nada! Apenas e somente aquela companhia que a levava do céu ao abismo em menos de um segundo, as vezes mesmo só com um sorriso!

Não importa! teria 24 horas para dizer claramente o que toda a sinceridade de anos não foi capaz de dizer: desejei estar ao seu lado por toda a vida, mesma que a vida fosse só um dia!
Deixou todas aquelas prioridades de lado... Partiu tão logo deu-se conta que aquela poderia ser a única chance de fazer valer a pena a morte anunciada pelo velho de barbas compridas, de calça cinza e camisa branca. Aquele velhinho de voz rouca que entrou sabe-se lá por onde naquela sala e saiu pelo mesmo lugar... Não foi um sonho, estava em suas mãos a flor branca que ele lhe entregou...precisava se apressar, não havia nada mais importante que encontrar Júlio...

sábado, 8 de dezembro de 2007

palavreação

o pensamento ia pra tantos lugares! e vinha de tantos outros cantos! os dedos ligeiros preenchiam a tela. Frases curtas. Talvez não tivesse muito o que escrever. Na verdade precisava escrever, tinha um trabalho pra entregar na quarta-feira. Mas como estava cansada. Sentia que era hora de descansar. Às vezes se perdia perguntando em que momento tudo tinha fugido de seu controle daquela maneira. Mas impossível ter resposta. Cada vez que fazia uma pergunta, era como se tudo a sua volta se embaralha-se como cartas de baralho sobre uma mesa de bar, cercada por garrafas, copos, mãos trêmulas e vozes altas...

Não entendia mais nada! em um piscar de olhos o mundo parecia ter suas configurações alteradas para sempre, e de maneira irreparável...
de repente a tela estava cheia! e quantas coisas é possível escrever sem dizer quase nada... sentia saudade de casa. Dos amigos. Do cheiro de sua cidadezinha querida. Mas seria tão curto o tempo que passaria lá. Nem tinha viajado e já pensava em quando voltaria. Esses anos todos, tantas coisas haviam mudado, mas estranhamente tinha momentos que tudo parecia exatamente igual . Sentia-se a mesma menininha caipira, perdida e deslumbrada que chegara cheia de sonhos... Mas em pouco tempo descobria que daquela menininha quase nada restava...talvez só a caipirisse mesmo... e quanto mais o tempo passa, mais assim mesmo se sentia! como se estivesse numa terra estranha! como se não pertencesse àquele lugar! Mas não era só a cidade de agora. Não! Também se sentia estrangeira na casa dos pais. Nem mais podia dizer que era sua casa. As calmas ruas, o céu estrelado, o ar gelado, todos aqueles rostos familiares lhe doíam tão profundamente! Não conseguia bem saber porque, mas quando estava lá, desejava não estar. E quando estava longe sentia saudade! era sincero seu desejo de voltar pra lá! Mas não entendia! Lá parecia sufocada! E por isso, só é capaz de sentir medo. E é quando se dá conta da solidão irremediável a que todos estão condenados! Sim, nesses momentos em que se sente parte de lugar nenhum! em que não se é capaz de encontrar algo que se possa chamar de seu! Escrevia desesperadamente, como se aquelas palavras pudessem responder uma pergunta que nem mesmo era capaz de formular...não porque faltava coragem! Era capaz de capacidade mesmo, não estava em suas mãos poder formular porque desconhecia a pergunta. No fundo, escrevia pra fugir de qualquer incômodo que desconhecia, mas ainda sim, do qual fugia...

Aquelas palavras todas, preenchendo a página em branco, traziam uma certa esperança, pequena e tímida, mas esperança, de que sua vida também encontraria um preenchimento. Uma esperançazinha de que o vazio que nos últimos tempos a consumia seria finalmente preenchido..
corria o mouse pela página, corria também o olho naquelas frases... quase se rendia ao desejo repentino de apagar tudo! mas não, por algum motivo permitiu que aquelas palavras, cheia de um desespero que quase gritava, que tinha a garganta seca, pudesse testemunhar tudo isso..
pensava se alguém leria aquilo! se faria algum sentido. Se encontraria companhia em meio a pensamentos tão confusos ... e tudo começou porque não conseguia escrever algumas páginas para o trabalho de quarta....

Francine


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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Passando

Apressados,
sempre cansados,
atarefados,
atrasados,
as vezes passados..
outras simplesmente sentados,
no sofá dos vizinhos ou
no colo de amigos ou
na escada de casa
ou na beira da calçada,
ouvindo vozes queridas,
repondo energias,
deixando o tempo passar sem pressa de passar com ele...


Francine 01/12/2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Passado eterno


Tristes tempos esses
quando ja se nasceu envelhecido!...
ensinaram-nos sempre a conjugar os verbos num único tempo:
nasci,
cresci,
amei,
sorri,
chorei,
morri....
é, nasci morrendo,
morri em cada dia que fui vivendo!
eterno é o passado,
sempre igual, porque passado
sempre diferente porque nunca é...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Análise

Desenho de minha amiga querida Lia Fernanda
http://www.flickr.com/photos/lia_fenix/

e se a leveza tomasse conta de tudo e
de repente tudo fosse tingido de azul bem clarinho...
como quarto de neném recém-nascido,
com cheiro de vidinha nova tomando conta do ar,
e o silêncio falando mais alto pra velar o sono..

mas não sei porque pensei nessas coisas..
que estranho..
mas por que tudo sempre tem que ter um sentido? uma explicação, um por que..
e se de repente tudo é,
e não passa disso! ?

e se de repente pudéssemos apagar tudo? Como se vivêssemos num grande quadro...
e se as cores se misturassem?
e se de repente as coisas não "sêsse" mais?...
e pode ser que não sendo, desejássemos o que ser negamos...

e se o céu caísse? para onde iriam todos os ursinhos e cavalos e anjinhos e elefantes que se fantasiam de algodão doce??

a leveza de não responder o que não deve ser perguntado,
de abrir os olhos prum mundo que só nos permitimos de olhos fechados...
e de ser sem a pressão de todo dia,
sem dias,
sem fim,

Francine, 3:28, 29 de junho de 2007




quinta-feira, 1 de novembro de 2007


estou me sentindo vazia..
como se não houvesse nada mais que um imenso buraco dentro de mim...
posso mesmo ouvir o som se bato em qualquer parte: oco!
estou me sentindo sozinha,
de uma solidão sem motivo, de uma solidão povoada de gentes e fantasmas...
estou deixando de sentir algumas coisas,
saudade, medo, amor....
só vazio, só solidão...
silêncio e nada.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

(Vi)vida


As folhas estão caindo...uma a uma... são vidas que se desprendem do viver...
Mas e a vida, o que é?
Sei lá...
Só sei que é linda!
Talvez linda porque não entendida,
Ah, a vida!...
Quem disse que ela foi feita pra ser entendida?
Só vivida...
Vivida até que caia como as folhas...
Tem música e poesia nas folhas caindo...
música e poesia...
E a vida nem foi feita pra ser entendida...
Só vivida, só sentida... só vida...
Vida só...
Mas pra que ser sozinho?...
Um dia uma folha cai,
Depois outra, e outra, e tantas,
E vamos dividir o mesmo chão,
E por que não dividir o mesmo céu?
Ah! A vida...
Nem foi feita pra ser entendida,
Só cantada, só versada, só ouvida....
Outra folha cai,
Outra folha...
Será que alguém ainda quer fazê-la entendida?..
Eu só quero viver,
Até me desprender do galho,
Até cair,
Até ser folha,
Até...
Ah! A vida,
Não foi feita pra ser entendida,
Ela é, depois nada mais!
Sentida,
Cantada,
Sofrida...
Nunca entendida ...
Só (vi)vida...


Francine 13/06/2005

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

lembranças, saudades e medos


Não sei se é medo ou só saudade mesmo! De repente não deu pra controlar as lágrimas que vieram marejar meus olhos. O sorriso bonito, tão espontâneo, no rosto jovem, tão cheio de vida, doeu bem lá no fundo. Sei que foi pouco o tempo que passamos juntos. Mas o suficiente para deixar um pedacinho dele em mim, e levar um pedacinho de mim com ele. Música! Lembro do Grande Encontro, e de todos os encontros que tivemos regados à música. Amigos, que presente bonito! O passeio pra Minas...a visita a minha casa, a simpatia e a simplicidade que conquistaram minha mãe... (Saudade grande Vítor!...)
E já agora não é só por ele que as lágrimas permanecem. De repente tantas foram as lembranças que vieram me visitar. Os avós queridos! Que já não verei mais. Um deles se foi já faz tantos anos! Eu pequenina, tenho lembranças que estão meio descoloridas. Mas as tenho com tanto carinho. São tão preciosas! “nega do cabelo duro, que não gosta de penteá”... o chapéu cinza, as camisas xadrez, o cavalo branco, manso, fiel amigo que pacientemente esperava aquele velho cansado montar. O cheiro, ah, aquele cheiro de avozinho querido... Também o outro se foi. Faz pouco tempo. Nem me despedi. Infelizmente não passei ao lado dele tanto tempo como eu poderia. Nem mesmo tinha laços tão fortes. Mas ele foi sempre uma pessoa tão carinhosa, humilde, de coração bom. De uma simplicidade infantil e que, por isso mesmo, despertava na gente uma ternura...
A amiga que cuidava de mim quando criança! A caixinha de música, a bailarina que, numa perna só, dançava e dançava... “minha lesminha!!” só porque eu sentava em seu colo e ia escorregando quando ela me fazia cócegas... escorregava com uma lesminha...(sempre doce e meiga Alzirinha, que nos encontrava sorrindo e perguntava. “Tudo jóinha?”)
Pessoas queridas...sempre, enquanto eu estiver viva! Acho que é tudo que posso dizer!


18 de Outubro de 2007

domingo, 7 de outubro de 2007

O relógio

Era só mais um dia como outro qualquer. Pelo menos até que colocasse os pés na rua. Tinha acordado na mesma hora de sempre com aquele barulho horrível do despertador. Já levantava de mau humor. Várias vezes, ao desligar o relógio, tinha pensado em arranjar outro. Mas dez minutos depois já estava irritada com outras coisas e desejava mudar de casa... Era espelho torto no banheiro, a torneira da pia vazando, a fechadura da janela da cozinha enguiçada...
Na quinta-feira não foi diferente. Na verdade tinha um agravante: a reunião com o chefe às dez... Provavelmente ouviria todo aquele blá-blá-blá que ouvira um mês atrás. Como se tivesse culpa...

Passou o café, arrumou a bolsa, ajeitou algumas coisas que estavam espalhadas pela sala e pelo quarto. Tomou o café e comeu as bolachinhas de sempre. Tomou banho, se trocou. Foi até a cozinha, pegou a caixinha de leite, bebeu um copo. Antes de sair pegou a banana na fruteira. Bolsa no ombro, e já estava atrasada. Tudo como sempre: saiu, fechou a porta, desceu as escadas, o porteiro deu bom dia, ela respondeu, atravessou a rua.

Estranho! O ponto está vazio. Olhou para o relógio...mas como? Havia esquecido de colocar o relógio! Revirou a bolsa apressada, achou o celular: 7:33 e não tinha ninguém no ponto. A moça chata de voz esganiçada e que fala sem parar com a amiga esmirradinha, que entra no próximo ponto, não estava lá... Nem o senhor de bengala marrom. A mulher séria, de roupas elegantes que trabalha no prédio de vidro do centro também não estava. E o estudante que não se separa dos livros de cálculo e física...Ninguém! Sete e trinta e quatro. Daqui a pouco o ônibus passa...Estranho, a banca de jornal da esquina está fechada. Será mesmo que hoje é quinta-feira? que dia é hoje? Não, não pode ser feriado.. retirou a agenda, estava lá: treze de setembro, reunião com o chefe às dez. Treze, sim hoje é treze, ontem foi doze, último dia pra pagar a conta de luz... Sete e trinta e cinco. Bom, todos resolveram ficar em casa hoje. Mas hoje não é feriado... A menos que tenham inventado um ontem à noite enquanto terminava aquele bendito relatório... Quem dera poder dar-se o direito de ficar em casa hoje...

Mas também a de voz esganiçada não parece ter destino certo, tampouco a companheira. De repente resolveram mudar de ares. A praça do centro é bastante manjada, não devem conseguir muita coisa por lá... o senhor da bengala, bom, algumas outras vezes ele não apareceu. Deve ser dia de pagamento...vai ao banco pegar o dinheiro que apostará nos jogos do calçadão durante o resto do mês... A mulher séria de repente ficou doente ou tirou férias e o estudante - ah! Ele tem um olhar misterioso, algumas vezes ela percebeu que ele a mirava pelos cantos dos olhos...- talvez tenha tirado um descanso. Mais um engenheiro?. mais um para falar blá-blá-blá na orelha da secretária, como o que ela ouvirá daqui algumas horas...

Nossa, as horas: sete e trinta e sete. Nada de ônibus. Coisa esquisita: as pessoas não aparecerem tudo bem, mas o ônibus... Não! Deve ter algo de errado. Resolveu atravessar a rua e ver com o porteiro se o 372 já havia passado. Mas é impossível! Não pode ter se adiantado tanto assim...
Estava atravessando a rua, conferindo mais uma vez se era mesmo quinta-feira, dia 13 de setembro, se não havia feriado ou algo do tipo...que barulho é esse? Sentiu um baque forte, o coração disparou e o barulho parecia aumentar...

Abriu os olhos. Viu o despertador que marcava 6:45. Estava tonta. Desligou o relógio, mas demorou para acordar. Pensou um pouco, lembrou do sonho. Que sensação estranha. Aquela reunião a estava preocupando. Ainda sentia muito sono. Levantou, foi esquentar a água para o café. Foi tudo como de costume: café, bolachinhas, banho, roupa, leite, banana, mas dessa vez não esqueceu do relógio que estava sobre a mesa. Pegou a bolsa, os documentos que havia trabalhado durante a madrugada, e saiu. Fechou a porta, desceu as escadas. Bom dia ao porteiro. Atravessou a rua. Uai! Cadê todo mundo??...

24/09/2007

sábado, 29 de setembro de 2007

O tapete

Entrou. Viu o corpo estendido no chão. Talvez tenha gritado. Talvez tenha se passado muito tempo até que a polícia entrasse. “Quem é ele?” “O que faz caído na sua sala?” “A que horas você chegou?” “Tem coisa fora do lugar?” “Deu falta em algo de valor?” Tudo estava confuso. Nem lembrava de ter chamado a polícia... Mas tinha o telefone nas mãos. Aos poucos surgiam olhares curiosos na porta e na janela.

A porta não estava arrombada. A sua chave ainda estava do lado de fora. O policial insistia nas perguntas. Olhava tudo na casa. Nenhum sinal de assalto. Tudo estava em ordem. A não ser aquele corpo estendido no chão. Havia sangue. Mas não tinha visto isso antes. Por que só agora viu a mancha de sangue? Droga! O tapete!! “não, não tem nada fora do lugar” – disse para o policial. “Também não sei quem é.” Aumentavam os olhares curiosos. Aos poucos muitas vozes se misturavam num cochicho frenético.

Como existe gente à toa! Como veio parar na minha sala? Por que justo no meu tapete?? Lavei na semana passada. Deu tanto trabalho... Era bonito. Não era mais tão novinho, deveria ter uns 38 anos. Tinha seu charme. Parecia ter classe. Pelos trajes, não teria entrado para roubar. Tinha os cabelos bem negros, a pele clara, não era nem gordo nem magro, a estatura também parecia padrão...

Outra vez o policial pergunta se reconhecia aquele rosto. “Não”. "Não tinha visto mesmo! Nem pela rua, em nenhuma fila..." O outro policial procurava por algum documento. Encontrou a carteira. Havia uma identificação. Era da companhia de água. "Meu Deus! A torneira da pia! "Foi ver. Não estava mais vazando. "Mas por que justo no meu tapete?... Mas como isso teria acontecido?"

Voltou para sala. "Mas não faz sentido: esse homem bem vestido veio consertar a torneira? Não, deve ter algo de errado..." Na identificação dizia João Henrique Correa. Nenhum documento mais. Não havia foto, nem dinheiro, só uma oração de São Francisco dobradinha no canto da carteira. Os dois policiais faziam cara de quem não estava entendo. Ligaram primeiro para a delegacia, depois para a companhia de água. O tal João Henrique saiu de manhã e não havia voltado. Viriam ver o corpo...

"Mas será que não vão retirar esse homem da minha sala? Preciso lavar meu tapete..." Outros policiais chegaram. O corpo saiu da sala num saco preto em meio ao burburinho e aos olhares de muitos curiosos. "Justo no meu tapete... Esse vermelho sangue.. Preciso lavar antes que não saia mais. Mas pelo menos consertou a torneira..." Aquele barulho de água pingando a havia irritado por uma semana. "Mas agora está tudo bem..."

Setembro de 2007

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estrelas despencantes...

(Para Fael e Joãozinho)

O céu é uma das minhas paixões, principalmente o céu de Minas! Mas também tem como não se apaixonar pelos céus de Minas Gerais? De cidades pequenininhas como a minha, cujas noites são iluminadas pela luz da lua e das estrelas? Não, não tem!
E o céu de inverno? Nada mais bonito! O frio é outra das minhas paixões! O frio, assim como a noite, (impossível ser apaixonada pelo céu sem o ser pela noite...), tem um poder mágico sobre as pessoas! Talvez porque elas se vistam com mais elegância, porque se resguardam mais e por isso se tornam misteriosas...
A noite, como já disse, também tem esse poder de mágica. A luz, assim como tudo que deixa a sensação de óbvio, de claro, tira o encanto da vida. O desconhecido, o que está para além das nossas vistas, é o que nos move, o que alimenta nossa curiosidade. O que há de melhor nessa vida é o surpreender-se! O ser tomado pelo inesperado! Por isso contemplar as obviedades e fazer planos é algo que não me interessa muito. Às vezes até gosto de fingir que não tinha pensando na hipótese de algo acontecer para me surpreender quando ela acontece! Nosso pensamento funciona assim, vai indo e indo por uns atalhos estranhos, juntando um monte de coisa que encontra na beira do caminho... e, de repente, eis que chegamos em algum lugar! Pensar livremente é deixar surpreender-se pelas ligações confusas e dispersas de pensamentos vagueantes... Mas tentando manter um mínimo de seqüência nesse amontoado de coisas que vai surgindo no caminho, acho que preciso voltar ao começo dessas linhas...
Dizia eu ser apaixonada pelo céu de Minas, e dizia isso porque me lembrava de um dia em especial que juntamente com dois amigos, muito especiais, fui contemplar uma das noites mais lindas que já vi!
O lugar era a Rampa, lá em Delfim, no meio da Rodovia, sem nenhuma luz artificial que ofuscasse o brilho das estrelas. Uma lua linda, um frio de cortar a pele, um cheiro de vida que renovava todas as energias da alma. O frio até fazia doer, mas isso lembrava que estávamos vivos! Que estávamos acordados, e que toda aquela beleza existia mesmo. Ficamos lá os três, em silêncio, porque era um sacrilégio falar naquele lugar! A rampa era um altar, um altar como nenhum outro pode ser. O insenso era aquele cheiro de mato, aquele ar gelado que fazia a gente tremer! A velas estavam no céu e todos os deuses estavam ali, nos contemplando...
Ficamos lá, deitados na pedra, os três olhando pro céu por muito tempo e até as estrelas queriam nos fazer companhia! Foi um monte de estrelas despencantes querendo ficar do nosso lado.. elas ficaram com inveja da nossa alegria, queriam fazer parte daquele ritual, beber do silêncio que nos enchia a alma, inebriar-se do perfume suave de vida que aspirávamos, ávidos por mais e mais vida...fecho os olhos agora, quase sinto o cheiro de tudo, quase sinto o vento brincando com meu cabelo, quase ouço nossa respiração... bom mesmo será retornar àquele altar outras e outras e tantas vezes...


Campinas
Abril/2006

naquele tempo...

Tem horas que eu gostaria muito de ser criança de novo! Não é ter espírito de criança, não! é ser criança mesmo, ignorando um monte de coisas, mas conhecendo outro tanto de coisas que nem toda leitura e estudo são capazes de me oferecer agora... Queria ser criança para não ter noção de tempo, não ter noção de dinheiro, não ter noção do perigo... ser criança para acordar e brincar! machucar, chorar e depois esquecer tudo. Ser criança para não ter nenhuma responsabilidade. Para que sempre achassem bonitinho tudo o que eu fizesse e não ficassem esperando mais do que um sorriso meu quando olhassem pra mim... queria ser criança para não ter obrigação de saber o que é certo ou errado, para não ter que pensar antes de agir, para poder ser sincera sem saber o que é o medo de alguém se sentir ofendido com o que falei ou fiz..
É... felizes são as crianças... mas me contento em lembrar que já fui criança um dia. Viver naquele tempo não era tão complicado como agora... gente grande é chata! Gente grande mente por maldade.. gente grande controla tudo, faz tudo ficar artificial. Naquele tempo de criança a vida parecia uma grande nuvem de algodão doce. Os dias e as noites iam e vinham lentos, com cheiro de terra, de água, com gosto de bala, com beijos de mãe... As tardes longas eram bonitas e tinha grito de criança brincando na rua. Os cachorros corriam atrás da gente, os passarinhos cantavam nas árvores em que subíamos. Às vezes um ou outro brigava, chutava, todo mundo parava pra ver, mas cinco minutos depois era só alegria... quando o sol ia ficando bem vermelho, e a tardinha ia virando noite, sempre se ouvia uma voz de mãe chamando: “menino, vem tomar banho! Já brincou demais hoje!!” mas brincar nunca era demais... a gente sempre achava que podia correr mais um pouquinho. Escorregar na terra vermelha da estrada, descer a estrada no carrinho de rolimã, jogar bola com os adultos que ainda eram um pouco criança... descer a rua correndo muito, porque a bola tinha ido parar no quintal do vizinho...
Eu tinha mania de ficar riscando o chão com pedacinhos de pau bem fininho, ficava desenhando ou escrevendo.. também riscava amarelinha pra gente pular... naquele tempo contávamos o tempo diferente, tinha a hora de ir pra escola e a hora de brincar... nos fins de semana minha mãe nos levava pra brincar no campo de futebol. Algumas vezes fomos fazer piquenique.. teve um tempo que colecionei pedrinhas..
Às vezes sinto que pedacinhos desse tempo estão aqui em algum lugar, e fico tentando juntar aos pouquinhos pra ver se descubro qual era o segredo da vida passar tão de vagar e tão docemente naquele tempo...

Minas Gerais 03/10/2005

lua

bela como a lua:
minha vida,
nossa vida,
a tua:
nua e
crua...


brilha,
ilumina,
a solitária lua,
eu no meu canto,
sem brilho,
não ilumino,
só, como a lua...

Campinas/M4a

Viagem


indo e vindo as horas
idos e vindos pensamentos
vou a campos distantes,
perco-me em terras desconhecidas

tic-tac dos relógios
café-com-pão café-com-pão dos trens...
o chiado dos carros cortando
asfalto, cortando chão...

medo, saudade, frio,
doce, trabalho, amigo,
família, briga, paixão...
hoje, do lado, dúvidas...
a velocidade do pensamento,
a tarefa silenciosa que tanto barulho faz...

indo e vindo as horas,
idos e vindos caminhos...
eu penso, tu pensas
nós viajamos...

14/03/07
IEL/9:05h

terça-feira, 25 de setembro de 2007

OLHAR É...

Olhar é...
Descobrir o novo no velho
O diferente no comum.

Olhar é...
Sentir o que vê
Entender o que se sente.

Olhar é...
Reconhecer o conhecido
Reaprender o aprendido.

Olhar é...
Perceber o despercebido
Enxergar além do que é permitido.

Olhar é ler por entre as linhas,
Sabendo que nunca se sabe tudo,
E que cada olhar é um passo
Para se descobrir um novo mundo.

Delfim Moreira/ MG
2001/2002 (?)

Cores

Gostaria de colorir meus pensamentos,
De colocá -los sobre o papel com toda intensidade que estão em mim,
Procuro a palavra certa,
Mas as palavras fugiram.
Deixaram o vazio, o escuro, não encontro cores...
Os pensamentos se batem cegos,
Numa corrida maluca,
Querem escapar da prisão a que foram condenados!
Mas não há porta, nem janela,
As palavras se desfizeram,
Apanho letras perdidas,
Agrupadas sem sentido,
Tento em vão pôr ordem,
Mas se rebelaram...
O vazio faz eco de solidão,
Sinto dor, sinto frio...
Será que isso é medo?
Meus pensamentos perderam a cor...
Já não sou eu quem penso, o pensamento é que me domina!
Mas EU, quem é esse ‘eu`?
Eu você,
Eu ele,
Eu nós,
Mas será que ‘eu` sou um eu?

Preciso de cores...
Preciso das palavras...
Mas pra onde foi tudo?
Estou sozinha, no escuro,
Aprisionada por meus pensamentos que já não são meus...
Queria pôr cores, mas elas sumiram...
Os pensamentos tornaram-se distantes, desbotados,
Rebeldes, gritam de longe,
Impõem-se a mim...
Quem sou? ‘Eu` existe?
Onde está?
Preciso de cores...



15/08/2004
20:10h

Inspiração

Tem horas que um milhão de palavras dançam em nossa cabeça, e então pensamos que é hora de escrever.
Pegamos uma nova caneta, um papel e aí , como num passe de mágica ,as palavras passam a brincar de esconde-esconde.
Não encontramos uma só palavra capaz de puxar as outras. Ficamos sentados, olhando para o nada, com cara de idiotas...
O pensamento vem e vai, mas as palavras zombam de nossa paralisação...
Formam-se imagens e como quadros alegóricos elas vêm e vão.
Rabiscamos algumas linhas, são palavras soltas, por mais que nos esforcemos não fazem sentido. Olhando para o teto, balançamos a caneta entre os dentes,... ouvimos barulhos ao redor, e temos a sensação de que as palavras fugiram...
Só uma mágica seria capaz de nos salvar, e de repente, olhando através da vidraça da janela, eis que surge uma inspiração...


Oh noite mansa,
Noite fria, noite bela,
É a noite que faz a mudança,
Da paisagem que de dia se vê pela janela.

A noite é mágica,
A timidez da noite é sensualidade,
Somos encantados,
O medo se transforma em ousadia,
A inocência dá lugar à tentação.

À noite somos vítimas,
Do encantamento, da magia,
À noite tudo é mais bonito,
Mais livre!...

À noite o medo passa,
E só olhamos para o infinito


04/07/2004

de repente

e se a leveza tomasse conta de tudo e
de repente tudo fosse tingido de azul bem clarinho...
como quarto de recém nascido,
com cheiro de vidinha nova tomando conta do ar,
e o silêncio falando mais alto pra velar o sono..

mas não sei porque pensei nessas coisas..
que estranho..
mas por que tudo sempre tem que ter um sentido? uma explicação, um por que..
e se de repente tudo é,
e não passa disso! ?

e se de repente pudessemos apagar tudo como se vivessimos num grande quadro..e se as cores se misturassem?
e se de repente as coisas não "sesse mais"?
mas pode ser que não sendo, desejemos o que ser negamos...

e se o céu caisse? para onde iriam todos os ursinhos, e cavalos, e anjinhos, e elefantes que se fantasiam de algodão doce??

a leveza de não responder o que não deve ser perguntado,
de abrir os olhos para o mundo que só nos permitimos de olhos fechados...
e ser sem a pressão de todo dia,
sem dias,
sem fim

29/06/2007
Campinas/ SP

Retalhos

De repente fica tudo vazio,
e é sempre assim...
depois de todo aquele barulho,
de todo falatório,
dos beijos e abraços calorosos,
fica só o silêncio...
e aquele vazio sem fim!
Fico me perguntando,
fazendo eco nesse silêncio:
de quantas tantas vidas é feita uma vida?
de quantas?...
olho pra mim e vejo tantas,
e vejo só eu,
e me vejo sozinha,
e me vejo em meio a multidão...
e me vejo no vazio,
no silêncio,
na solidão.
E de quantas tantas vidas faço parte?...
e de repente fica tudo vazio,
e fica um grande silêncio,
os poucos que sobram,
esperam a hora de partir.
passos lentos,
olhares perdidos.
um barulhinho,
um motor de carro.
Mas de repente,
ficou tudo silêncio!
de quantas tantas vidas se faz esse mundo?
de quantas?
não posso imaginar...
mas fico me perguntando,
a pergunta faz eco no silêncio,
e me pergunto de novo...
mas eu não sei!
de quantas?...

07/04/2006

Observações

(para um amigo muito querido: Leo)

parte de mim é leve,
é muleque arteiro, é borboleta solta, que do primeiro ao último momento voa livre e bonitamente...
mas outra parte é pesada,
porque carrega o peso da existência,
não só a minha, mas do mundo todo!
e a cabeça pesa,
e o sono vai embora,
e sou gente que pensa,
e pensa, faz desse pensar um mundo a parte que poucos conseguem adentrar..
é, a leveza de borboleta torna-se o muro mais intransponível que já se construiu...
o sorriso de menino,
as palavras que parecem correr livre,
são por vezes cuidadosamente escolhidas, para provocar riso,
para desviar a atenção, para permitir que todos conheçam a leveza da borboleta... a criancice boba e bonita....
mas o peso, ele continua lá...
e a ele me volto nos muitos momentos de silêncio,
de um silêncio que aparenta sossego, que aparenta calmaria... que é sempre silêncio, do qual sou tirado e respondo: "o quê?" com a leveza que só as crianças conseguem, imersas em seus mundos, responderem aos adultos:
"o quê?"......

9:13, 27/06/2007
Campinas/ SP

Nas minas gerais


O silêncio, o barulho
A vida, a morte
Um sentido ou a falta dele...

Vivemos apenas,
Sem nenhuma certeza de que o amanhã virá...
Hoje o sol nasceu,
Hoje eu acordei,
Hoje eu posso abrir os olhos e contemplar a imensidão...
Hoje eu posso ouvir a água batendo nas pedras...
Hoje eu posso sentir o gelo da água maltratando a minha carne...
Mas é hoje, e de preferência agora...

Mesmo que eu reúna todas as palavras,
Que forme as orações mais complexas,
Nada poderá exprimir o que sinto...
A máquina registra a cena,
Mas o sentimento foi registrado pelo espírito...

Ai! O verde dessas montanhas,
As curvas dessas estradas,
O vento cortante,
A água que parece navalha,
A cheiro de terra...
Ah, Minas Gerais,
É mesmo impossível te esquecer....


O silêncio, o barulho
A vida, a morte
O hoje, a contingência...

A beleza é inútil!
As melhores coisas dessa vida,
São assim devido a inutilidade que trazem em si....

E pra que(m) ser útil?
Qual a finalidade de tudo?
O ser é!... e pronto!
O não-ser pode ser apenas uma questão de ângulo...
Fim e finalidade...
Eu prefiro o movimento circular...


Porque aqui e agora é só hoje...
Amanhã é pura contingência!
Então é hoje que vivo,
Porque viver é contingência depois de hoje...

O barulho, o silêncio
A morte, a vida
A contingência, o hoje!



Francine Ribeiro
27/05/05
19:00h
Sítio Monjolinho, Aiuruoca, MG

Rodoviária


Rodoviária é um ótimo lugar para observarmos as pessoas. Faltam 35 minutos para o meu ônibus Itajubá-Campinas as 15:30h. Hoje é domingo, muita gente está voltando para sua rotina.
Mulheres, homens, velhos ou crianças...jovens que se beijam, casais abraçados. Nos rostos às vezes cansaço, sono, tristeza, alegria...vai saber o que cada um está sentindo.
Aqui sempre tem música, acho legal, ajuda o tempo passar, música é sempre bom...
Eu já me acostumei com essa correria, nem bem chego e já estou voltando. Vim para o casamento da minha amiga Mariana, que foi lindo...
Chegou um ônibus, as pessoas se levantam, olham suas passagens, pegam suas malas, os motores de outros ônibus, que estão parados, são ligados, estão partindo...
Rodoviária é um retrato do que acontece na vida. Uns chegam, outros partem... as vezes estamos acompanhados, as vezes sozinhos...Durante a vida levamos várias malas... Tem tempo em que elas são mais pesadas, outros são mais leves. De repente ficam grandes, e no mesmo de repente voltam a ser pequenas...vamos de um lugar ao outro, e sempre tem uma ‘música’ de fundo...Cada um com um destino, mas partindo de um único lugar (...) ou com um destino comum, mas saindo de lugares tão diferentes, como os passageiros de beira de estrada, ou das paradas obrigatórias...
É sempre assim, uns indo outros vindo... Que bonita é a vida, pena que na maioria das vezes não temos tempo pra ficarmos observando essa dinâmica...
Agora passou um cara estranho, talvez estivesse bêbado, gritando e dizendo impropérios (...). A passagem dele foi como as coisas desconcertantes que acontecem diariamente e que nem nos damos ao trabalho de perguntar por que, ou então elas são tão desconcertantes que não perguntamos por que, para evitar qualquer desgaste maior...
E o que dizer dos que estão observando (como eu)? Talvez agora eu esteja no lugar daqueles que deixam a vida passar e só ficam olhando...Mas não, acho que não. O fato de estar escrevendo me coloca no lugar dos que na vida, mais do que apenas viver ou apenas olhar a vida passar, vivem e olham, olham e vivem...Três e quinze, acho que o meu ônibus já chegou...é hora de levantar, pegar minhas malas e preparar-me para voltar à minha vida...

Itajubá/ MG
28/11/04

As pessoas passam...


As pessoas estão sempre passando,
Algumas passam sem que tenhamos tempo para percebê-las,
Outras não conseguem prender nossa atenção,
Mas as pessoas estão sempre passando...
Algumas pessoas, quando passam, não contentam só em passar,
Então elas ficam por um tempo paradas,
Como se quisessem realmente marcar presença,
Ai, quando ela resolve continuar sua caminhada nós sentimos falta...
Outras pessoas, quando passam, deixam pegadas fortes,
Deixam um cheiro no ar, deixam uma sombra atrás delas...
E mesmo passando rápido, nós lembraremos por um bom tempo que ela, em algum momento, passou...
E as pessoas estão sempre passando...
Mas tem algumas pessoas que de repente param, e não passam mais, se fazem presentes, ficam...
Mas então, depois de um tempo, você percebe que ela continuou passando, só que junto com você, no mesmo ritmo, andando na mesma direção...
e as pessoas estão sempre passando...



10/11/2004

Sobre o que se fala

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