quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Surpresas

Hoje aconteceu uma coisa esquisita, mas engraçada comigo. Eu estava voltando da casa da Su. Vinha distraída, rindo sozinha das novidades que ela havia me contado.

De repente, senti que alguém vinha apressado atrás de mim e que a qualquer momento passaria a minha frente. Mas não passou. Ouvi uma respiração ofegante se aproximando e, ao mesmo tempo, duas mãos me enlaçando pela cintura. Meu coração disparou. Quem poderia ser? E mesmo antes de terminar a pergunta, antes de poder virar o rosto, eu ouvi aquela voz, absolutamente desconhecida e tão terna: "Sabia que iria te encontrar! Ah, eu te amo tanto! Sinto tanto sua falta!"

Eu fiquei sem reação. Nem tinha coragem de me virar. Já me dava conta do engano. Ele então girou em volta de mim e parou na minha frente. Quando deu com a minha cara, empalideceu. E eu, aturdida com as palavras e com a cena toda, não soube fazer outra coisa que não rir. Sim, eu gargalhei. E a confusão dele só fazia aumentar. Soltou minha cintura. Levou as mãos a cabeça. Não conseguia esconder o constrangimento. Tentou explicar o que já havia se auto explicado. Eu continuei gargalhando. Finalmente pude me controlar e perguntei-lhe: "Quem pretendia surpreender?". A resposta veio lenta e entrecortada. "Minha na.. ex-namorada.. Ingrid.. desculpa". Então foi minha vez de empalidecer. "Também me chamo Ingrid..."

Ficamos os dois nos olhando por alguns segundos mergulhados num profundo silêncio. Depois, os dois, quase ao mesmo tempo, cairam na risada. Talvez a risada denunciasse o nervosismo que havia tomado conta de ambos. Mas, subtamente, ele parou de rir. Me encarou com ar melancólico: "Tem coisas na vida que acontecem e nos deixam embaraçados.. mas, ao mesmo tempo, são essas coisas que fazem a vida valer a pena! Talvez ainda nos encontremos outras vezes." Ele se virou e saiu caminhando a passos lentos e de cabeça baixa. Não olhou para trás. Eu fiquei parada até ele sumir na primeira esquina.
"Será que nos veremos novamente?.."
Cheguei em casa e tive que escrever, ao menos para não esquecê-lo!


(Esse texto é uma modificação de um texto escrito em 2001, como exercício de aula. Tirei 1,9, na época. Essa versão merece 2,0!)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alerta - Criação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira

As informações não são abundantes. Mas muita gente está com medo.
O projeto de criação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira abrange três estados - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - dezesseis cidades: Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Cruzeiro, Guaratinguetá, Lavrinhas, Pindamonhangaba, Piquete, Queluz e Santo Antônio do Pinhal (SP); Delfim Moreira, Itamonte, Itanhandu, Marmelópolis, Passa Quatro e Virgìnia (MG) e Resende (RJ). Quem é responsável por isso é o Instituto Chico Mendes.
Estão acontecendos consultas públicas nessa região. No entanto, as notícias continuam confusas..
Infelizmente estou longe de casa (Delfim Moreira), mas gostaria muito de saber exatamente o que está acontecendo. No projeto não se fala em desapropriação de terra, mas são essas as histórias que têm circulado pelas secretarias de meio ambiente das prefeituras dos munícipios acima listados.

Reconheço a importância de preservação de áreas como a da Mantiqueira, mas temo pelas consequências sociais-econômicas para os munícipios cujas terras constituirão esse parque. Li reclamações e denuncias de descuidos e abandono, bem como práticas ilegais de extrativismo e caça de animais silvestres em áreas de parques já existentes. Algumas pessoas alegam que as autoridades competentes não têm sido tão competentes assim na preservação dessas áreas.
As perguntas que ficam no ar é sobre o impacto da criação desse parque no dia-a-dia das comunidades locais. Falta de emprego? Deslocamento de famílias - para onde? Indenização para os proprietários que terão suas terras desapropriadas? Será mesmo que será pago? E o valor?
Como será a fiscalização e manutenção dessa área após a criação do parque? Os munícipios terão responsabilidades, gastos?


Sou completamente contra teorias de conspiração. Mas também acho muito esquisito o fato de decisões tão importantes como essas serem tomadas sem uma divulgação e conscientização ampla das comunidades locais. Só agora, em estágio bastante avançado do projeto, essas comunidades estão sendo 'consultadas'. No entanto, a divulgação dessas consultas ainda está sendo restrita e precária.

Gostaria de pedir ajuda para os amigos: informações sobre situação atual dos Parques Nacionais existentes; informações da região, das consultas que estão ocorrendos nos municípios, e o que for de interesse para o assunto!

A Serra da Mantiqueira é linda! Amo esse lugar! E me preocupo com o futuro dessa região, e com as pessoas que podem ter suas vidas bastante alteradas mediante a criação do Parque.


Ver: Vnews;ViaLegal; Band; Folhafluminense;

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

DICA

Ando (embora esteja mesmo é paradinha na minha cadeira em frente ao computador e mergulhada nos livros, artigos e muitos e muitos papéis) um pouco sem tempo pra escrever aqui.
Hoje apenas gostaria de compartilhar uma novidade que achei muito bacana. É o blog UnespCiência.
É isso!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Neosaldinas e camisinhas

Não sei se é estratégia da farmácia, em questão, ou se isso acontece nas demais e só hoje eu reparei.
Prometo fazer uma investigação acurada. No entanto, não deixa de ser sugestivo. Na frente, camisinhas de todos tamanhos, cores, sabores e o que mais se procurar. Em cima, alguns gels pra isso e pra aquilo. Até aí, tudo bem. Aí eu olho pro lado, na mesma banquinha e vejo todos os tipos de remédio pra dor de cabeça: tylenol, neosaldinas, aspirinas, doril... Será que eles estavam insinuando alguma coisa??

Sei lá, o cidadão acorda bem disposto, animado, digamos assim, e resolve que hoje à noite vai ser dia... Aí, depois do trabalho, resolve passar na farmacia, pra refazer o estoque de casa, afinal, a família já está grande e a crise... bem, melhor prevenir. Chegando lá, depois de um dia de calor infernal, sabe que a mulher também trabalhou o dia todo, e tem a mulecada, que sempre apronta das suas. Lembra-se da última vez que acordou animadinho. Foi trabalhar feliz! Chegou em casa assobiando, também todo previnido, e à noite, já na cama, quando começou fazer uns carinhos nela, a resposta veio ligeira: "Hoje não, estou com dor de cabeça!". Ele lá na farmárcia, em frente as camisinhas, espanta a lembrança ruim e decide levar também uma neosaldina...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Expulsa por usar um vestido curto??

A menos que os verdadeiros motivos não tenham ainda sido divulgados, o desfecho do caso da estudante da Uniban que foi ridicularizada, perseguida, humilhada e insultada por seus colegas não pode significar outra coisa que não falta de bom senso. A decisão de expulsar a garota do mini vestido rosa não soaria como uma piada se não fosse aqui no Brasil.

O Brasil que é o país do micro-biquini. O Brasil que é o país das mulheres avantajadas. O Brasil que é o país do Carnaval... Antes que injustamente me acusem, não estou defendendo essa fama de mulher-objeto das brasileiras. Mas o que se passou naquela universidade em São Paulo é apenas o outro lado da moeda de uma cultura machista. Sim, porque não há outra explicação. Além disso, é um exemplo claro da hipocrisia que reina em todos os ambientes. Falta de respeito humano sim. Chamaram a garota de 'puta', e se ela o fosse? Seria motivo suficiente para que ela fosse humilhada e ameaçada? Bom, infelizmente, nossa história recente nos diz que, para muitos jovens, sim. Lembram da história dos jovens no Rio de Janeiro que espancaram uma mulher que estava num ponto de ônibus de madrugada, porque "acharam que ela era uma prostituta"?

Seria muito bom se a decisão da Universidade Bandeirante refletisse uma preocupação com a educação e, portanto, tivesse declarado a pleno pulmões que, mais do que frequentar a instituição com trajes inadequados, seus estudantes tem comportamento inadequado para uma sociedade democrática. No entanto, optaram pelo menos e, consequentemente, pagarão caro por isso.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As facetas do Diabo


Estou quase certa de que não vou contar nenhuma novidade. Na verdade, muitos dirão, mesmo, é que estou atrasada. Mas, não importa!
Recentemente, a famosa pin up, Dita Von Teese, esteve no Brasil. Inegavelmente bonita e muito sensual, e além disso de uma notável simpatia - que o diga o reporter do CQC , Felipe Andreoli, veio fazer um de seus shows de strip-tease em São Paulo.

Embora eu tenha dito que a dita é famosa, eu mesma só tive notícia de sua existência por esses dias. Ao mesmo tempo, perdoem minha ignorância, também tive notícia de que a deslumbrante mulher havia sido casada com o estranhíssimo ser, Marilyn Manson. Desse aí já tinha ouvido falar, mas desconhecia as feições.

E qual não foi o meu susto quando dei-me de cara com uma foto dos dois. Não sei se alguém já pensou nisso antes. Mas, dada a fama do rapaz e, por outro lado, tendo em vista a tradição cristã de associar o diabo a figura de uma exuberante e sensual mulher, dei-me conta de que o bizarro casal era a perfeita expressão das facetas do diabo.

Ou seja, se o diabo fosse mesmo uma mulher, teria a invejável aparência de Dita Von Teese. Por outro lado, se a masculinidade do diabo fosse encarnada, certamente, estaria bem representada por Marilyn Manson!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dias quentes

Perdoem-me os adoradores do sol, mas dias quentes, desses como os últimos quatro dias (temperaturas entre 29 e 33 graus) são insuportáveis! Dias de não viver! Eu queria me desligar nesses dias ou me teletransportar pra um lugar frio, sem esse sol estupidamente amarelo e esse céu azul...

Mesmo que eu tivesse tempo e disponibilidade pra ficar numa praia ou numa piscina, não nasci pra ficar sendo torrada... Detesto essa sensação de sono/lezeira que o calor me dá. Não tenho disposição pra fazer nada. Escrever isso aqui é um tormento. O computador está quente, as paredes da minha casa estão quentes, a água da torneira da pia está quente...

Durmo mal e passo mal o dia todo!
O mundo deveria ter uma ouvidoria. Pra quem eu reclamo desse calor insolente?

Um sábado quente, com uns 28 graus, pra tomar uma cervejinha gelada é bom. Mas o que dizer quando é quarta-feira, você tem um milhão e meio de coisas pra fazer e os termômetros marcam 31º? Isso é de chorar!

Decididamente não gosto de calor! E abrir a janela as sete e meia da manhã e dar de cara com um sol que mais parece um ovo frito num prato azul, anunciando o que vem pela frente, é motivo suficiente pra saber que o dia vai ser mais um daqueles....

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Na figura


A cada dia
sou a mulher que escolho ser.
Sou o meu cabelo que o vento assanha,
sou o próprio vento que me assanha por inteira.

Fecho os olhos,
encaro o mundo que sou,
na pele sinto o que ninguém mais pode sentir,
o que se esconde por debaixo da pele, por debaixo das pálpebras cerradas.

Sou o que sou e o que não esperava ser,
sou a mulher, a menina, minha mãe e minha filha,
produto de mim, fruto de minha inspiração.

Sou o que era e ainda serei.
Fecho os olhos, o vento assanha os cabelos longos que já tive,
a pele se arrepia,
dentro de mim o mundo que eu sou,
dentro de mim, onde só eu posso encontrar.
Na pele sinto o vento, sinto a vida,
sou a mulher, a menina, a mãe e a filha,
os erros e os acertos,
os medos e toda coragem.

Fechos os olhos e mergulho no infinito,
o que todos vêem é um corpo,
e o que eu sou, mas um dia já não mais será,
cessará no mesmo instante que esse corpo..

O vento assanha os cabelos longos que outrora cobriram meu rosto,
fecho os olhos e encontro o que ainda serei e reencontro o que não posso esquecer que sou,
a menina, a mulher, minha mãe e minha filha.




Mais uma vez os desenhos da minha amiga me trouxeram um presente!
Visitem: Lia

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

tal e tal é tal-e-tal?

Será que as palavras mudam as coisas?
Ou será que é a quantidade de pessoas que acredita que tal palavra é igual a tal estado de coisas que faz com que tal estado de coisa seja igual a tal palavra?
se eu digo que tal estado de coisas é y, embora as demais pessoas digam que é x
tal estado de coisas será x ou y?

domingo, 9 de agosto de 2009

Diz que é verdade...

Você já viveu em cidade pequena? ah, então sabe como é.. Aquela história de todo mundo saber da vida de todo? entende o que eu quero dizer? é... então, foi assim que aconteceu.

A cidade ia bem. Cada um com sua vidinha e todo mundo sabendo de tudo. Quem morreu, quem casou, o filho de quem que nasceu ontem, a filha de quem que está grávida, a mulher que largou o marido, o marido da fulana que anda saindo com a mulher do sicrano...
Mas teve um tempo que chegou um povo estranho. Um monte de gente diferente que de repente passou a fazer parte da vida da cidade, mas parece que a cidade não fazia parte da vida deles.

Eram cheios da grana. Por isso, o povo da cidade se deslumbrou. Esqueceram das fofocas corriqueiras. Agora o assunto era que fulana estava trabalhando na casa x. O marido da sicrana alugou a casa para a família y. E o carro? ou melhor, os carros? Viram? Descobriram que a família x tinha parentesco não sei com que artista conhecida da TV. E que a família y era também parente da família x. E tinha os filhos. Como eram bonitinhos os filhos da dona Fulana.

Tudo agora na cidade girava em torno daquela gente. As casas que eles alugavam, os carrões que, de repente, invadiram as ruas tranquilas e estreitas, as construções que eles estavam fazendo não sei em que parte da cidade. Mas, o melhor de tudo veio com a observação de alguns hábitos deles, que logo despertaram um interesse a mais no povo da cidade.

Aos fins de semana, parece que eles faziam uma reunião secreta. No início, as pessoas disseram que era festa. Mas quem passou perto disse que se fosse, era uma festa estranha, pois não se ouvia nada. Nem uma música, nem voz alguma. E as tais reuniões se repetiam. Cada fim de semana era na casa de algum deles. Chegaram a conclusão de que se tratava de um tipo de religião diferente. E mais especulações surgiram.

Uma certa fulana, filha da cidade, que trabalhava numa das casas, andou dizendo, não se sabe se verdade ou fantasia gerada pelas especulações, que havia um quarto secreto na casa de sua patroa. Um quarto no qual ela não tinha permissão para entrar e que estava sempre com a porta trancada - pois, claro, certa vez, sem querer ela esbarrou no trinco da porta, mas essa não se abriu..

Uma outra fulaninha, que também andou lavando e passando pra eles, ou porque sonhou ou porque, de fato, havia se enfiado onde não devia, saiu dizendo esconjuramentos pela cidade e perdeu a graninha que ganhava, pois ninguém mais quis saber de seus serviços. Falou de demônios e coisas feias, de anjos e santos que não eram bem anjos nem santos...de livros de magia e de bruxaria...

Falou-se em seitas demoníacas, em culto ao dinheiro, até de sacrifícios de animais e, por que não, de humanos? As histórias iam se avolumando. E ninguém tinha dúvida de que a vinda daquela gente tinha mudado a cidade. Os mais otimistas e metidos a entendidos continuavam dizendo que eles tinham aquecido a economia local e que se tornaram indispensáveis para a vida da cidade. Até mesmo surgiram boatos de que eles pretendiam entrar na política local...

A vida seguia seu rumo normal. Eles não entraram pra política, ao menos não diretamente. Nunca se descobriu do que se tratava aquelas reuniões secretas. Depois de alguns anos, as construções que eles faziam lá no alto da montanha, bem no meio do mato, ficaram prontas. Então, eles se mudaram. Ninguém mais falou dos símbolos e sinais de bruxaria, coisa feia, ou qualquer esquisitice. Esqueceram das crianças bonitinhas, da parenta famosa. Mas de vez em quando ainda viam os carros. Os carrões que atravessam a cidade. Indo e vindo. O comercio local continuou sendo o mesmo, porque durante o tempo que eles estavam lá, pouco ou quase nada consumiam. As pessoas que trabalharam pra eles, arrumaram outros empregos. Novas gentes surgiram e alugaram as casas que eles haviam desocupado. Novas fofocas surgiram. Muita menina engravidou, muito marido traiu mulher, muita mulher traiu marido, muita gente morreu e nasceu por aquelas bandas.

E o que ninguém nunca soube mesmo foi o verdadeiro motivo pelo qual aquela gente havia se instalado ali, naquela pequena e tranquila cidadezinha...
Talvez, tenha sido só por isso mesmo, porque era pequena e tranquila, embora isso fosse óbvio demais pra ser verdade... Talvez tivessem algum segredo. Poderiam estar fugindo da polícia de algum lugar. Poderiam, ainda, como alguns afirmam até hoje, terem pactos com seres estranhos... Falarem com gente do outro mundo, sacrificarem animais ou gente...

Já não importa! Já se foram. E cidade pequena gosta mais de presente. As histórias antigas só servem pra serem contadas quando não tem nenhuma novidade..

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terça-feira, 21 de julho de 2009

Saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou...

Alguma vez você já se perguntou onde vão parar as pessoas que saem para comprar cigarro e desaparecem? Recentemente, na Itália, uma mulher foi comprar cigarros e deixou seus filhos numa pizzaria. Bom, para sorte ou azar da mesma e também das crianças, ela foi encontrada. Mas quantos são os que não têm essa sorte (ou azar..) e são tragados pelo mundo, desaparecendo feito fumaça...
Toda vez que vejo cartazes ou anúncios na TV de fulanos e sicranos que saíram para comprar cigarro e desde então estão desaparecidos, me pergunto quem ou o que seria responsável pelos sumiços. Será que eles, os desaparecidos, cansaram da vida que levavam e resolveram dar outro rumo pra ela? Meteram cara no mundo sem vontade de serem encontrados? Ou será que as empresas de cigarro são, na verdade, máfias de contrabando de órgãos? Se assim for, eles devem estar em falta de bons pulmões... Pode ser ainda que essas pessoas tenham sido abduzidas por extraterrestres cuja missão é diminuir o número de casos de câncer de pulmão, boca e afins no planeta Terra...
Por muito tempo e a fim de desvendar esse mistério, sai de casa, religiosamente, e gritei em alto e bom som: "Querida, tô indo comprar cigarro!". Minha esposa no começo estranhou, uma vez que ela sabe bem que não fumo e nem suporto o cheiro de cigarro. Mas ela deve ter achado que era só mais uma das minhas piadas sem graça. Não sei se alguém mais sabia que eu não fumava, mas, fato é que nunca desapareci...
Depois de comprar cigarro o suficiente para produzir fumaça equivalente à explosão de uma bomba, desisti da minha empreitada fracassada. Até que um dia, eu estava passeando numa praça, observando os transeuntes, procurando uma cara para um personagem de um dos meus contos e eis que me deparo com uma estranha criatura (não era um ET....).
Era um homem passando da meia idade. Cheiro forte de uns vinte e poucos anos de nicotina diária. Tinha nas mãos um maço de cigarros e na cara um olhar confuso. Olhava para todos os lados como se procurasse algo ou alguém conhecido. "Oi!"- eu disse. Ele, então, fixou os olhos embaçados (ou seria esfumaçados?) em mim e perguntou: "O senhor me conhece?" Eu respondi, um pouco sem graça, que não. Ele coçou a cabeça  e em seguida ascendeu um cigarro e disse entre um pigarro e outro: "Amigo, estou tendo um dia muito estranho... Se eu te contar o que aconteceu comigo, duvido que vai acreditar.." Eu lhe apontei um banco que acabava de ser desocupado por uma senhora e três crianças e, batendo de leve em seu ombro, encorajei-o a contar-me.
A primeira coisa que ele disse foi: "O senhor fuma?"...








quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um fim

- E se eu cair?
- Eu te seguro!
-Sério? não vai me deixar cair?
- Não, pode confiar!
- Sempre? Você sempre vai me proteger? e não vai me deixar cair nunca? Promete?
- Prometer não prometo, mas vou te proteger sempre, até que você caia e se machuque.. Nunca vou te deixar, a não ser que você me deixe ou que o nunca chegue ao fim...
- Credo! Por que você falou isso? Estou me sentido tonta, acho que vou cair...

********

-Lembra aquele dia da escada? Que você me segurou?
- Ah?
- Hoje não tem escada, não estou caindo, mas você não está me segurando.. Acho que o nunca chegou ao fim.. Acho que cai, que me machuquei... e você não estava lá pra me proteger...


Silêncio

*********
-é, acho que entendi, você está me deixando...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Penação

não era bem uma obrigação,
era vontade!
mas não tinha nenhuma inspiração,
só saudade..

abriu a página em branco,
pensou em coisas coloridas,
vislumbrou anjo, demônio e santo..
sorriu um sorriso sem vida,
só pra dizer que tinha feito uma rima,
só pra rir da sua própria solução:
meia duzia de palavras, numa certa disposição,
sem muito sentido,
com pouca emoção!

pensou num título,
mas o título não veio..
pensou em apagar,
mas sentiu pena!
então está resolvido:
penação

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pesadelos

palavras engasgadas,
palavras que vão se desfazendo!
é a falta de tempo,
é a falta de graça,
a correria das horas,
dos medos e deveres!

Acabou a inspiração?
os motivos pra escrever, acabaram??
não são os mesmos de ontem e de antes e de amanhã?

Continuo sorrindo para as paredes,
continuo com borboletas na garganta,
e com folhas e folhas pra ler,
e outras tantas em branco, precisando escrever...
e horas no ônibus, e horas na fila, e horas na aula, e horas e horas..

Tenho palavras mofando no fundo do eu.
e se eu desaprender a escrever? e se...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Flores ao meio dia

Não dava bem para saber se era uma mulher com um sorriso ou um sorriso em forma de mulher. Estava radiante. Na mão direita trazia um buquê de rosas brancas e vermelhas. Na mão esquerda segurava a mão daquele que, possivelmente, era o causador de tanta alegria.
Não sei como segurava a mão dele. Mas acredito que forte. Apertando bem, segurando para não perder nem por um minuto.

Ele também sorria. Satisfeito por tê-la feito sorrir. Os dois caminhavam como se dançassem. Era meio dia. O sol estava de estourar mamona - como sempre dizia minha mãe. Talvez fossem almoçar. Talvez já tivessem almoçado. O que aquelas rosas significavam? Aniversário de namoro? Ou seria um começo? Poderia também ser pedido de desculpas, um sinal de reconciliação... É comum ainda hoje flores para datas como essa? Pode também ser um presente de aniversário. Ou uma gentileza despropositada, simplesmente porque ela o faz feliz.
Não importa como era o buquê. Se tinha laço, se tinha papel celofane, se eram muitas ou não . Eram rosas. Tem uma música que diz que "toda mulher gosta de rosas, de rosas". Eu não gosto da cor rosa. Mas gosto de rosas, principalmente das brancas e das vermelhas. Fiquei imaginando o perfume daquelas. Segui meu caminho, em pleno sol do meio dia, também sorrindo, contagiada pelas rosas da moça do sorriso.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Estranho-mundo-lacrimejante

Tem dias que chora. Nesses dias procura esconder os olhos inchados e vermelhos atrás dos óculos escuros, enquanto não pode se refugiar no seu quarto.
Tem dias que está leve, e precisa enfiar algumas pedrinhas no bolso pra não voar. Nesses dias sorri, canta, anda saltitando e algumas vezes também chora. Mas nesses dias não esconde a vermelhidão dos olhos ou do nariz. E nem se importa que os olhos fiquem gordinhos.

Tem dias que simplesmente não sente nada. Nem alegria nem tristeza. Nem medo nem confiança. Talvez só sinta mesmo o calor. E o calor toma conta de tudo. Todos os seus sentidos se voltam para o quente. Observa seu corpo consumido pelo calor. Mas fica sentada, quase em transe, com os olhos turvos e, então, mesmo sem sentir nada além de calor, é possível que chore. Mas nesses dias as lágrimas evaporam rápido demais, quase mesmo antes de brotar no canto dos olhos. Eles nem incham, nem ficam vermelhos. Secam. Tudo fica seco...

Tem dias, que na verdade são noites, nos quais sente medo. Não consegue ficar de olhos fechados. Perde o sono. Vira de um lado para o outro. Sente uma aperto no peito e uma grande solidão escapa do silêncio e penetra sua alma. Nesses dias, que são noites, também chora. Chora baixinho. Sente as lágrimas quentes molhando seu rosto e seu travesseiro. Sente os olhos quentes, sabe que eles estão vermelhos, até mesmo pode sentir o quão gordinhos eles estarão na manhã seguinte. Mas não pode parar. Não pode conter o choro silencioso e solitário que lhe brota de algum canto de sua vida. Algum canto que desconhece. Canto que permanece bem escondido lá dentro mas que vêm à tona quando menos espera. Vêm à tona naquelas lágrimas incontroláveis de alegria, tristeza, medo, e sei lá mais o que...

Tem dias que pensa muito, que tenta chegar até aquele estranho mundo que lhe habita. A cabeça dói, as ideias se confundem. Parece buscar e fugir das mesmas coisas. Sente um monte de sentimento misturado. Não é capaz de distingui-los. Luta e se entrega ao cansaço. Desiste.
Rende-se ao desconhecido. E então, eis que surgem: as lágrimas.

quinta-feira, 19 de março de 2009

E por falar em criança...

"Até hoje me entendo muito com as crianças. Elas são inteligentes, descobrem coisas que a gente não vê. Têm a sintaxe torta." -
Manoel de Barros

quarta-feira, 11 de março de 2009

Sabedoria Infantil II

Garotinho no ônibus. Parece ter uns cinco ou seis aninhos. Vira para o pai e calmante pergunta:
-Pai, a gente nasce, vive, morre e depois nasce de novo?
O pai fica sem palavras. Diz que não sabe. Tenta disfarçar e mudar de assunto...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sabedoria Infantil I

-Pai, oh pai... sabe, às vezes, tem horas..
-Pai, oh pai!
-ah? o que foi?
-Pai, é que às vezes eu enxergo assim, sabe, eu enxergo meio cego...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Confissões

um abandono só! Sim, é isso mesmo! Essa sensação de abandono, essa cara de abandono, esse ar e cheiro e a ausência de novidades. A ausência de barulho e novos sabores. Tudo velho. Tudo que já foi novidade um dia agora é puro abandono. Esse silêncio, essas poeiras que vão se assentando. E tudo vai ficando com essa cara de esquecimento. Aos poucos me acostumo com a falta. Aconchego-me nela. Fecho os olhos e aprendo a viver de imaginação. Crio minhas próprias aventuras, fujo da monotonia, corro ao encontro das surpresas que não vêm.

Aperto forte minhas próprias mãos e estrangulo o soluço que quase me escapa pela garganta. As unhas cravadas na pele, na carne. Sentir dor é um alívio. É sentir qualquer coisa... É preencher o vazio...

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As páginas em branco rapidamente são preenchidas. A mão desliza sobre o papel. A caneta preta solta um pouco de tinta e mancha a pequena mão. A mão mancha a folha branca.
Ela está deitada sobre a colcha de retalho colorida. Os longos cabelos, escuros e encaracolados, cobrem suas costas até a cintura. Um vestido azul desbotado envolve o corpo moreno. O som alto, uma mistura de barulho com uma tentativa de melodia, toma conta do pequeno quarto. No chão fotos e papeis se misturam com meias, blusas, batons, alguns badulaques e muito cheiro de perfume. Um cheiro doce. Enjoativo. Poderia ser o quarto de uma adolescente. Se ela ainda o fosse. Poderia ser só um quarto, mas era uma casa inteira...

Pacotes de miojo no lixo, uma pequena geladeira e um fogão de duas bocas no canto direito, os livros empilhados no lado esquerdo, a solidão completa e o medo da multidão. Não era mais adolescente, mas não podia mentir que as vezes era como nos velhos tempos. Tinha vontade de pedir colo. Mas agora já não tinha pra quem. Ou será que tinha? Mas ele não entende... Ninguém entende...
Por isso escreve. Escreve páginas e páginas naquela agenda amarrotada que a acompanha pra todos os cantos. Enfiada no fundo da mochila ou nas bolsas coloridas, nas aulas ou nas festas e naqueles momentos de solidão, principalmente. Escreve também em folhas avulsas que amassa ou rasga ou rasga e amassa quase em seguida. São como confissões. Aquelas que são feitas num momento de piedade repentina. Quando se rasga todas as máscaras. Quando se desnuda por completo e banha-se nas próprias lágrimas quentes. Passado as orações prescritas pelo confessor, é a hora de amassar a folha, de picar em pedaços e, num misto de vergonha e arrependimento, deixar o templo as pressas!

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um dia ainda paro com essa loucura! um dia desisto de gastar tantas páginas... Um dia eu falo tudo que tá preso na minha garganta. Mas será que alguém vai ser capaz de entender? será que alguém vai ter paciência de me ouvir? Ninguém é tão forte como essas frágeis folhas brancas... eu sinto isso. Também não sei se é questão de ser forte. Talvez ninguém tenha obrigação alguma de ouvir, de me entender. Mas as folhas não podem reclamar, não podem se negar a isso. São ótimas confessoras... as penitências não passam da tortura de me ver num espelho, desfigurada e desnuda, quando leio o que escrevi...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

De longe

Quando a história a seguir se passa? Tanto pode ser um bocado de tempos para trás como um tanto para frente do momento em que ela será lida. O quando não faz diferença, não para essa história. Não para casos como o que se vai narrar.


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O céu está dum azul cor de céu! Algumas nuvens gordinhas, outras mais magrelas, verdadeiras miss, desfilam por ele. Um vento suave põe em dança as folhas e os galhos das árvores espalhadas aqui e acolá.

(O lugar onde a história se passa? Bom, caro leitor, imagine o lugar que lhe for de mais agrado: uma fazenda e paisagens bucólicas, uma cidade grande, uma praça de cidade do interior. Sinta-se à vontade!)

Ela caminha em passo que não é apressado mas tampouco parece querer contá-los. Um vestido branco, pintado de muitas minúsculas florzinhas de todas as cores, cobria as curvas acentuadas e as pequenas elevações que se distribuíam pelo corpo. Cabelos longos, levemente avermelhados. Ela carregava nos braços pastas empilhadas.

(O que tinha nas pastas? documentos importantes ou sem importância, papéis em branco, desenhos, o rascunho de um romance?? Não sei caro leitor!)

Ele não entrou no campo de visão dela. Está sobre uma bicicleta. Usa bermuda preta e uma camiseta amarela de listras brancas. Pedala distraido.

(Não queira saber o que faziam nesse lugar, para onde vão, e por quê. Aceite que para quem observa a cena, para quem narra, essas perguntas também são apenas perguntas.)

Ela se prepara para atravessar uma estreita ruazinha. O vento brincalhão, de repente, põe cabelo e vestido numa dança maluca. Ela, um pouco atrapalhada, começa atravessar a rua. Ele, num repente, entra no campo de visão dela (bom, pelo menos agora ela poderia vê-lo, não fosse o vento, o cabelo e o vestido..).

Ele também poderia vê-la e deveria vê-la. Mas está distraido. Quando os dois se olham, as pastas estão caidas pela rua. A bicicleta está deitada no asfalto. Ele tem o joelho riscado. Ela está em pé, com os olhos arregalados, o coração batendo como uma bateria mal tocada.

(O que eles falaram? Nem posso dizer se falaram. O tempo deve ter passado lentamente para eles.)

Ela se põe a juntar pastas e papéis que o vento, malvadamente, tenta roubar-lhe. Ele se levanta. Olha para o joelho e faz careta. Mas rapidamente ajuda a menina de vestido branco.
Tão logo tudo é recuperado, cada um segue seu caminho.

(Não é sabido se eles trocaram telefone, email ao ao menos uma palavra. Talvez algumas horas depois tenham se esquecido completamente um do outro. Mas também pode ser que naquele momento, quando um percebeu o outro, e o menino atirou-se ao chão para não acertá-la, e ela, com os olhos arregalados o olhou por um instante, pode ser que eles tenham se apaixonado perdidamente. Talvez tenham marcado um encontro. Ou talvez o destino os tenha encontrado mais adiante.)

***
Caro leitor, a vida é assim! Feita de pequenos detalhes, acidentes, acasos. Cada um escolhe o nome e as cores que dará para cada pedacinho de vida!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Segredos

O mesmo assunto mais uma vez rondava seus pensamentos: a morte. Como são estranhas - pensava - essas idéias esquisitas que vez em sempre me vem à cabeça...
Muitas vezes havia experimentado aquela sensação indescritível. Sentia, com uma nitidez enlouquecedora, que todos a sua volta lhe escondiam um segredo. Mas um segredo que ela já sabia: que ela iria morrer. Podia sentir nas palavras e nos olhares que lhe dirigiam. Tentavam fingir que não sabiam. Tentavam disfarçar. Mas era evidente o desconforto e a apreensão deles...
Certa vez foi sua dentista. Chegou para a consulta 10 minutos adiantada. Sentou e esperou ser chamada. Quando entrou, via no olhar dela uma tristeza. Era como se ela dissesse: "Pobre garota, ainda tão jovem.. que desperdício!" Ela foi terna e segurou as lágrimas. Perguntou como ia a faculdade. Quando eu me formaria. Mas quando fazia silêncio, eu podia sentir o constrangimento dela. Ela sabia que eu ia morrer. Mas não queria me dizer. Não desconfiava que eu já tinha percebido...
Outras vezes foram atendentes de supermercados e lojas. Podia ver na cara deles o terror de saberem que eu ia morrer. E todos tentando ignorar que eu já sabia. Todos tentando fingir para eles mesmo que a morte não chegaria... nem para mim, nem para eles...
Agora, sozinha na sala de casa, sentia mais uma vez que todos sabiam de algo, que ela mesma, só desconfiava. Na verdade, desde pequena, tinha uma quase certeza de que sua vida seria curta. E cada ano que passa, essa sensação de vida curta aumenta mais e mais. Nunca conseguiu se imaginar bem velhinha. Em seus sonhos, o fim de tudo é sua juventude. Quando adolescente, fazia planos e tinha alguns objetivos bem traçados, mas não conseguia ver nada para além dos vinte e poucos anos. Agora, com vinte e poucos anos, sente que a cada dia que passa, fica mais perto da morte. Não sabe ainda se tem medo... Medo da morte? de morrer? bom, como diz Quintana, o problema não é morrer, mas sim deixar de viver...
Pensa tanto nisso que as lágrimas escorrem por toda sua face. Sozinha, apenas pode sentir a solidão que o deixar de viver causará. Um vazio. Sim, todos nós deixaremos um vazio. Não no mundo material. Tão logo damos o último suspiro e a matéria que agora nos compõe corre em direção a outras matérias, prontas para formar novos corpos... O vazio que deixamos é no mundo das palavras, dos sentimentos. Seremos um nome vazio. Lembranças vazias. Amores vazios. Saudades vazias...
Hoje esses pensamentos estranhos vieram novamente. Como se o vento soprasse secretamente por entre as folhas que balançam ali fora, que todos sabem que ela vai morrer. Mas o pior é que ela sente que há uma doença grave e feia. Esse é o motivo de seu pavor por médicos e hospital. Teme receber a qualquer momento a desagradável notícia... Prefere assim, sentir que é só a morte. A morte para qual caminhamos desde nosso primeiro choro. Sempre brinca consigo mesma que nascemos morrendo e assim é por toda a vida. Cada minuto vivido é um minuto morrido...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O dia em que o homem acordou errado

Um dia acordou todo errado. Ao invés de botar os pés no chão, foram as mãos que se apoiaram no cimento sujo e não deixaram o corpo se estatelar nele. Não foi trabalhar. Atravessou a rua, seguiu uns quinze passos. Entrou num buteco e pediu uma garrafa de pinga. Era sete e meia da manhã. Em casa, juntou uns trapos velhos, papéis e alguns outros restos de vida e fez uma fogueira.

Sentado numa banqueta capenga, bebeu a pinga como se fosse água. Melhor, como se fosse o licor dos deuses. Soltou o passarinho que, triste na gaiola, era a única companhia que tinha há semanas. Lá pelo meio dia, fechou a solitária janela do paupérrimo barraco. Com umas tábuas e alguns pregos, lacrou porta e janela.

Ganhou o mundo. No bolso algumas moedas e notas amassadas. Nos pés um sapato furado - ou seria um furo ensapatado? Não dava pra saber ao certo. Calça e camisa surradas. Um pito na boca e um sorriso no olhar. Sorriso de quem tira sorte grande. Depois desse dia que acordou errado, só viveu errado. Mas viveu bastante e, talvez, embora não pareça uma vida que se possa chamar de boa, tenha sido a melhor parte ou tudo que ele chamaria de vida.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Versos molhados

Cadê você que não liga?
não chama,
não chega...

A chuva chegou,
a chuva molha a grama,
[e molha a terra e faz lama]
Mas cadê você
que não liga?

Lá fora tudo está molhado,
e eu ainda estou seca,
mas se você chega,
então, eu me molho!
Saio correndo na chuva,
te grito, te beijo!

Mas você não chega,
nem liga, me abandona,
enquanto cai a chuva...
enquanto a terra vira lama...

20/01/2009
IEL/ Unicamp

domingo, 18 de janeiro de 2009

Poetando

-Quero beju,
e também quero beijinhos!
Quero beju, beijinhos e beijões.
Quero beijões, beijinhos e beju!

Sorri e diz: "Acho que vou fazer uma rima bobinha!"
Ele também sorri e, fazendo beju, lhe dá um beijinho...

Sobre o que se fala

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