segunda-feira, 21 de julho de 2008

Férias

Tem horas que o paraíso é abrir a janela e ter um pedacinho de céu bem azul sobre uma montanha verde, com algumas araucárias aqui e ali espalhadas, anunciando aquele friozinho aconchegante... Na verdade, o paraíso está em cerrar os vidros da janela, e deixar só o azul do céu entrar, enquanto o cheiro de café vai tomando conta da sala e do quarto. Talvez o verdadeiro paraíso seja a voz que vem da cozinha:

_ Fran, levanta, acabei de passar café.

Sim, voz de mãe. A geada já sumiu. São dez horas da manhã. Uma semana só, mas valeu a pena. Tirando todos os contratempos, o cartão bloqueado, a chateação de ir no banco, as pequenas desavenças familiares (implicações com a irmã, com o irmão e com a cachorra...), foi muito bom.

Mudanças aqui, e também lá. A casa dos meus pais já não é a "minha casa". Eles mudaram. Cheguei e, apesar da sensação de estar em casa, eu era uma estranha porta a dentro. Os móveis dispostos de maneira diferente. Os cômodos diferentes. Portas e janelas, a paisagem. Mas em poucas horas eu estava em casa.

E quando a gente sabe que está em casa? Comida de mãe, bronca e paparico de pai, briga com irmão, cochilo no sofá (enrolada num cobertor bem quentinho), brigadeiro feito pela irmã enquanto assiste filme de sessão da tarde, mãe trazendo xarope e dizendo "abre a boca" como se você tivesse três aninhos...

Férias, ainda que só uns diazinhos, fazem muito bem! Agora já estou de volta, e já com saudades...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Inesperadas

- Vc lembra do carinha que eu disse ter conhecido outro dia?
- Claro, lembro. O Fulano?
- Sim, esse mesmo. Então, desencanei dele.
- Ah..
- Conheci outra pessoa. Bonito, inteligente, super simpático..

Vixi, não vai demorar e vou ouvir que também desencanou desse... Meu deus, com que facilidade as pessoas passam de muito interessante a totalmente desinteressante...
Enquanto as frases saltavam na tela do computador, continuava pensando na mutabilidade do ser. Na rapidez com que se passa do não ser para o ser e de repente para o não ser outra vez... Pensava em quantas vezes teria passado de muito interessante para desinteressante. Pensava em quantos lugares diversos teria ocupado diante dos olhares alheios. E mesmo pensava nos lugares que ocupava agora. Pensava também nos lugares a que tinha elevado ou submetido tantos "eus"..
- Vamos ao cinema hoje. e amanhã vou assistir filme na casa dele. agora vo pra academia. Depois te conto. bjo.
- bjo, sim, me conte...
Não deveria me surpreender! Já sei que é assim. Euforia! Energias gastas de uma só vez. E depois, bom, ai vem a baixa. O desinteresse é proporcional ao interesse eufórico inicial..
Não, eu não gosto disso. Prefiro as curvas. Ir subindo de vagar, até atingir o pico. Depois a queda não é tão brusca, e sempre pode-se encontrar um ponto de equilíbrio... Tudo bem que nem sempre é como a gente diz que gosta. E nem sempre também as melhores coisas são aquelas que acontecem de acordo com nossas teorias. Pra ser bem sincera: os melhores momentos de nossas vidas são aqueles que fogem a qualquer possibilidade de teorização a priori. São as surpresas...os empurrões inesperados que dão impulso a uma sequência de emoções e sentimentos jamais antes imaginados.. eita, e nem era sobre esse tipo de coisas inesperadas que eu queria falar, mas agora já foi...