segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Maturidade

Já não tenho o corpo

Que eu tinha aos vinte e poucos.

Mas sei que de algum modo

Ainda sou aquele corpo também.

 

E as experiências gravadas

Na alma e na pele

Cada toque, cada cheiro,

Cada espasmo de prazer

E todas as lágrimas vertidas até hoje

São partes daquele corpo também.

 

As rugas, as celulites e os cabelos brancos de agora

Cada cicatriz, cada sabor

Somados anos, dias, horas

E cada instante

Fazem de mim uma mulher

Muito mais interessante

Que a menina de vinte e poucos.

 

Não reclamo as marcas do tempo

- me assusto, é verdade -

Parece que foi rápido demais,

Nem invejo o frescor dos vinte e poucos

Pois hoje me sinto inteira

Com esse corpo que já foi aquele,

Com aquele corpo que também é esse.

 

Quando o corpo era mais fresco

Ele pesava mais.

Hoje, finalmente, parece que esse corpo

Com suas memórias e incertezas

Suas curvas e sobressalências

Está mais leve

E posso andar por aí

Muito mais firme e segura de mim.

 

Não troco esse corpo de hoje

Com toda sua bagagem

E suas histórias

Por aquele corpo de vinte e poucos.

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