quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Bolsonaro me bloqueou

Eu sei que olhar para cara desse senhor não é nada agradável, ainda mais quando a gente lembra que ele ocupa a cadeira da presidência. Na verdade, não ocupa, pois no meio da pandemia, ele prefere ficar dando rolê de moto por Brasília, coisa de moleque arruaceiro que não tem o que fazer, a assumir seu papel. Parece que ele acha que não tem muito o que fazer no Planalto. Isso explica também suas viagens pelo Brasil, fazendo a única coisa que ele sabe fazer: campanha - ou seria só aglomeração mesmo?

Se já não fosse insano o suficiente o presidente da república usar seu perfil pessoal para, supostamente, divulgar ações do governo, a grande verdade é que o perfil de Bolsonaro no Twitter é pura fake news. Ele vive compartilhando vídeos de jornalistas mequetrefes dispostos a falar qualquer porcaria para defender o indefensável, como Augusto Nunes, Alexandre Garcia e outros de menor projeção. Além disso, fica compartilhando postagem da Secon, a secretaria de mentiras oficiais, como aquele indigno painel da vida. Vira e mexe ele também divulga umas fotos da PF (Polícia da Famiglia?) para dizer que continua preocupado em prender bandido...(os outros bandidos, claro!, não seus amigos milicianos, nem seus laranjas de estimação, muito menos seus filhotes aprendizes de corruptos). 

Aí a cidadã vai lá nas postagens do presidente lembrá-lo que ele não passa de um miliciano, corrupto, cínico e cretino; ou então desmentir aquela lorota de que o STF tirou os poderes do presidente e que as mais de 100 mil mortes e o caos do Brasil é culpa dos governadores e prefeitos; ou pedir que ele fale do que interessa: os cheques do Queiroz e sua mulher, Marcia, para a dona Michele Bolsonaro, e o que faz o presidente? Bloqueia a cidadã. 

Isso lá é atitude de um presidente da república? Parece menino mimado quando contrariado: a bola é minha, então, se não for pra jogar do meu jeito, ninguém joga. Será que foi coisa do Carluxo? Ficou nervosinho porque leu umas verdades sobre o papai? Ele não superou ainda a fase "meu pai é meu herói?" Os meninos do Bolsonaro devia nascer cantando Fábio Jr: "pai, você foi meu herói, meu bandido"...

Mas vamos falar de coisa séria: o bloqueio. Na verdade, Bolsonaro me bloqueou desde quando saiu vitorioso na última eleição. Passei dias e dias com um gosto amargo na boca, com uma sensação de luto. Foi a primeira vez que chorei por causa de um resultado de eleição. Passei meses levando um susto quando abria o jornal e lia "presidente Jair Bolsonaro". Que pesadelo era aquele? Perdi a esperança. Sentia raiva de pessoas conhecidas que, certamente, tinham digitado 17 na urna. O pior bloqueio que Bolsonaro me causou foi o de não conseguir entrar no elevador com mais pessoas, sem ficar me perguntando em quem eles teriam votado. Em estar no trânsito, e sempre que algum idiota fazia merda, ser tomada por uma onda de raiva e pensar: "só pode ser bolsonarista". 

Sim, Bolsonaro me bloqueou, mas foi muito mais do que no Twitter. Ontem, na verdade, quando descobri o bloqueio, me senti muito feliz. Foi um troféu. Eu consegui irritar o presidente! Ou seja lá quem for que cuida daquele perfil. Eu fui dormir querendo acreditar que, nem que tenha sido por um minuto, aquele senhor sentiu raiva de mim. Por que eu sinto raiva dele todo dia, todo momento que lembro da sua infeliz existência. Bolsonaro me bloqueou: quando olho para ele, não consigo enxergar uma pessoa. Vejo um robô, um zumbi, uma fake news ambulante, um pesadelo interminável. Estou bloqueada na minha capacidade de ter qualquer empatia com ele ou seus defensores.  

Desde de 2018, tenho tentando, alguns dias com mais sucesso, outros com menos, me livrar desse bloqueio. Tenho tentando, mas não tem sido fácil, enxergar humanidade em quem defende torturador, em quem vota em defensor de torturador, em quem, como um vírus, espalha ódio e estimula violência. Enxergar humanidade em quem insiste em agir como zumbi. O Twitter é o de menos. Ou talvez tenha sido um grande favor: não passarei mais raiva quando correr a tela do celular no Twitter. Quem sabe este bloqueio não me ajude a desbloquear o que realmente importa.

2 comentários:

Unknown disse...

Sinto por você e por mim, também tenho as dificuldades, embora não tenha redes de amizades virtuais. Prefiro tentar entender o pensamento oriental, que ele e seus atos nos impeçam de cometer esses erros novamente, que ele é a água do rio, que nunca mais vai voltar, vai se espalhar e diluir-se, até quase não mais existir. Tento me proteger assim, o dia a dia com todas essas novidades esquizofrênicas de maldade pura, me apertam o coração e penso, que ele é a pedra do caminho, que vai ficar para trás, pois o caminho segue.

Tatiana disse...

Agora fiquei curiosa para saber o que vc escreveu na página dele. Seja o que for PARABÉNS! Compartilho do mesmo sentimento e desejo.

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