sábado, 22 de junho de 2013

Acordamos!? Será??

A melhor maneira de começar esse texto seria dizendo: Muita calma nessa hora! Difícil analisar tudo o que aconteceu no Brasil nas últimas semanas e ainda está acontecendo. 
Inicialmente, as manifestações que ganharam as ruas tiveram um objetivo bem pontual: redução das tarifas do transporte coletivo em muitas cidades do país. Em São Paulo, as primeiras manifestações foram organizadas pelo MPL (Movimento Passe Livre), pedindo a revogação do aumento de R$0,20 nas tarifas de ônibus, trem e metrô. Mas depois de cenas de exagero e descontrole da polícia terem ganhado as principais páginas de jornais de todo país e, principalmente, terem corrido aos quatro ventos via facebook e youtube, as pessoas saíram às ruas não só de São Paulo, mas do Brasil inteiro, não mais por R$0,20. Os cartazes levantados pelos manifestantes colocavam na ordem do dia uma série de problemas: Corrupção; Impunidade; Serviços básicos de má qualidade - saúde, educação, transporte e segurança; Falta de transparência nos gastos públicos; superfaturamento nas obras da Copa; PEC 37 e por aí vai. 
Manifestações que, assim como o próprio MPL, são apartidárias. O que está longe de significar apolíticas. Tenho lido alguns artigos nos quais, por ignorância ou desonestidade intelectual, tem-se afirmado a co-extensão entre os termos. É preciso fazer algumas diferenciações: primeiramente, apartidário não é necessariamente igual a anti-partidário. Ao dizer que as manifestações são apartidárias, os manifestantes não estão necessariamente pedindo o fim dos partidos políticos, mas poderíamos dizer que estão afirmando que não se sentem representados por nenhum dos partidos que aí estão. Em décadas os partidos políticos brasileiros conseguiram a proeza de despertar em grande parte da população o sentimento de que eles não nos representam. Muitos políticos que agora tentam desqualificar as manifestações nas ruas dizendo que elas são despolitizadas, deveriam repensar o que fizeram durante essas três décadas de democracia no Brasil para politizar essa juventude que agora toma as ruas. Vale a ressalva de que politizar é bem diferente de doutrinar!
Ainda tenho dúvidas se despolitizada é uma boa palavra para qualificar a multidão que ganha as ruas. Sinceramente, apolítica é algo que nem sequer consigo compreender...Quando milhares de pessoas saem às ruas gritando por melhoria na qualidade de serviços públicos, pelo fim da corrupção e da impunidade, não vejo outra coisa nisso tudo que não uma ação política. 
Mas, se por despolitizada entendemos a falta de uma pauta clara, de conhecimento sobre o fazer político no país, e até mesmo desconhecimento das figuras carimbadas da nossa política que outrora lutaram pela democracia, ok, eu concordo, temos uma grande massa despolitizada no Brasil ganhando suas ruas. Mas isso é culpa de quem? Durante essas três décadas de democracia o que temos visto é uma terceirização da política no Brasil. O que eu quero dizer com isso? A grande maioria dos 'cidadãos' só exercem sua cidadania na hora de votar e eleger os seus 'representantes'. Mas não tinham (e não têm) a menor ideia de para que serve um senador ou deputado, ou da diferença entre poder judiciário, legislativo ou executivo. E poucos tinham reclamado da despolitização do brasileiro até então. 
Depois que foram anunciadas as reduções de tarifas nas principais capitais e em várias cidades do país, ficou o sentimento de "E agora José?".
O que estou percebendo é que estão todos perdidos. É novidade, e não há parâmetros para se enquadrar o que estamos vivendo. Também não estou afirmando que estamos vivendo uma grande revolução. Qualquer afirmação desse tipo (vide capa da VEJA da semana) deve ser considerada com muita ressalva. Os velhos grupos acostumados a 'representar' o povo brasileiro,  e que podemos classificar - e eles mesmo fazem questão de assim se afirmarem -   como direita e esquerda, estão agora desbaratinados. A direita (leia-se setores conservadores representados por partidos como PSDB e grande mídia) vê numa movimentação apartidária uma crítica direta ao PT e incita a bandeira do 'fora Dilma'.  A esquerda (sei lá quem botar nesse saco, mas vamos fazer de conta que o PT ainda é esquerda,  e põe aí junto PSOL, PCO, PCdoB e cia), por sua vez, vê a manifestação apartidária como um perigo fascista conservador de ultra direita, quando as bandeiras vermelhas são proibidas de serem erguidas em meio a multidão. Que fique bem claro: NÃO SOU A FAVOR DA VIOLÊNCIA que, infelizmente, ocorreu em alguns lugares contra os militantes de partidos ou movimentos sociais. Mas é preciso tentar entender o que está acontecendo. E enquanto continuarem, esses e aqueles, apenas tentando pegar carona nas manifestações, não vamos ganhar absolutamente nada. E pior, corre-se o risco de perder toda essa força que, talvez, o povo tenha descoberto que lhe pertence. 

De tudo que aconteceu até agora, parece que podemos tirar algumas lições:
i) Se parece que o povo acordou, os políticos e seus partidos ainda não acordaram, no máximo estão experimentando um terrível pesadelo.
ii) Ir para as ruas é fazer política, e o apartidarismo dessas manifestações, se bem direcionado, tem um potencial muito grande de cobrar mudanças em todos os níveis de governo (municipal, estadual e federal), independente de qual partido estiver no poder.
iii) Vândalos e bandidos se aproveitando de momentos de grandes manifestações há em todos os lugares. Isso não deve justificar os prejuízos que estamos tendo, mas NÃO PODE DESQUALIFICAR as manifestações. Além disso, para os criminosos, que venha a polícia!
iv) Se queremos que essas manifestações tenham um fim digno, faz-se urgente criar espaços de discussões e politização dos que estão indo para as ruas. É preciso ir para a rua com objetivos claros. Antes de sair de casa as pessoas devem se perguntar: Por que estou indo às ruas? O que eu quero? Usemos as mídias sociais, usemos as salas de aula, façamos política!! Só assim poderemos dizer, talvez daqui alguns anos, que acordamos!

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