segunda-feira, 29 de outubro de 2007

(Vi)vida


As folhas estão caindo...uma a uma... são vidas que se desprendem do viver...
Mas e a vida, o que é?
Sei lá...
Só sei que é linda!
Talvez linda porque não entendida,
Ah, a vida!...
Quem disse que ela foi feita pra ser entendida?
Só vivida...
Vivida até que caia como as folhas...
Tem música e poesia nas folhas caindo...
música e poesia...
E a vida nem foi feita pra ser entendida...
Só vivida, só sentida... só vida...
Vida só...
Mas pra que ser sozinho?...
Um dia uma folha cai,
Depois outra, e outra, e tantas,
E vamos dividir o mesmo chão,
E por que não dividir o mesmo céu?
Ah! A vida...
Nem foi feita pra ser entendida,
Só cantada, só versada, só ouvida....
Outra folha cai,
Outra folha...
Será que alguém ainda quer fazê-la entendida?..
Eu só quero viver,
Até me desprender do galho,
Até cair,
Até ser folha,
Até...
Ah! A vida,
Não foi feita pra ser entendida,
Ela é, depois nada mais!
Sentida,
Cantada,
Sofrida...
Nunca entendida ...
Só (vi)vida...


Francine 13/06/2005

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

lembranças, saudades e medos


Não sei se é medo ou só saudade mesmo! De repente não deu pra controlar as lágrimas que vieram marejar meus olhos. O sorriso bonito, tão espontâneo, no rosto jovem, tão cheio de vida, doeu bem lá no fundo. Sei que foi pouco o tempo que passamos juntos. Mas o suficiente para deixar um pedacinho dele em mim, e levar um pedacinho de mim com ele. Música! Lembro do Grande Encontro, e de todos os encontros que tivemos regados à música. Amigos, que presente bonito! O passeio pra Minas...a visita a minha casa, a simpatia e a simplicidade que conquistaram minha mãe... (Saudade grande Vítor!...)
E já agora não é só por ele que as lágrimas permanecem. De repente tantas foram as lembranças que vieram me visitar. Os avós queridos! Que já não verei mais. Um deles se foi já faz tantos anos! Eu pequenina, tenho lembranças que estão meio descoloridas. Mas as tenho com tanto carinho. São tão preciosas! “nega do cabelo duro, que não gosta de penteá”... o chapéu cinza, as camisas xadrez, o cavalo branco, manso, fiel amigo que pacientemente esperava aquele velho cansado montar. O cheiro, ah, aquele cheiro de avozinho querido... Também o outro se foi. Faz pouco tempo. Nem me despedi. Infelizmente não passei ao lado dele tanto tempo como eu poderia. Nem mesmo tinha laços tão fortes. Mas ele foi sempre uma pessoa tão carinhosa, humilde, de coração bom. De uma simplicidade infantil e que, por isso mesmo, despertava na gente uma ternura...
A amiga que cuidava de mim quando criança! A caixinha de música, a bailarina que, numa perna só, dançava e dançava... “minha lesminha!!” só porque eu sentava em seu colo e ia escorregando quando ela me fazia cócegas... escorregava com uma lesminha...(sempre doce e meiga Alzirinha, que nos encontrava sorrindo e perguntava. “Tudo jóinha?”)
Pessoas queridas...sempre, enquanto eu estiver viva! Acho que é tudo que posso dizer!


18 de Outubro de 2007

domingo, 7 de outubro de 2007

O relógio

Era só mais um dia como outro qualquer. Pelo menos até que colocasse os pés na rua. Tinha acordado na mesma hora de sempre com aquele barulho horrível do despertador. Já levantava de mau humor. Várias vezes, ao desligar o relógio, tinha pensado em arranjar outro. Mas dez minutos depois já estava irritada com outras coisas e desejava mudar de casa... Era espelho torto no banheiro, a torneira da pia vazando, a fechadura da janela da cozinha enguiçada...
Na quinta-feira não foi diferente. Na verdade tinha um agravante: a reunião com o chefe às dez... Provavelmente ouviria todo aquele blá-blá-blá que ouvira um mês atrás. Como se tivesse culpa...

Passou o café, arrumou a bolsa, ajeitou algumas coisas que estavam espalhadas pela sala e pelo quarto. Tomou o café e comeu as bolachinhas de sempre. Tomou banho, se trocou. Foi até a cozinha, pegou a caixinha de leite, bebeu um copo. Antes de sair pegou a banana na fruteira. Bolsa no ombro, e já estava atrasada. Tudo como sempre: saiu, fechou a porta, desceu as escadas, o porteiro deu bom dia, ela respondeu, atravessou a rua.

Estranho! O ponto está vazio. Olhou para o relógio...mas como? Havia esquecido de colocar o relógio! Revirou a bolsa apressada, achou o celular: 7:33 e não tinha ninguém no ponto. A moça chata de voz esganiçada e que fala sem parar com a amiga esmirradinha, que entra no próximo ponto, não estava lá... Nem o senhor de bengala marrom. A mulher séria, de roupas elegantes que trabalha no prédio de vidro do centro também não estava. E o estudante que não se separa dos livros de cálculo e física...Ninguém! Sete e trinta e quatro. Daqui a pouco o ônibus passa...Estranho, a banca de jornal da esquina está fechada. Será mesmo que hoje é quinta-feira? que dia é hoje? Não, não pode ser feriado.. retirou a agenda, estava lá: treze de setembro, reunião com o chefe às dez. Treze, sim hoje é treze, ontem foi doze, último dia pra pagar a conta de luz... Sete e trinta e cinco. Bom, todos resolveram ficar em casa hoje. Mas hoje não é feriado... A menos que tenham inventado um ontem à noite enquanto terminava aquele bendito relatório... Quem dera poder dar-se o direito de ficar em casa hoje...

Mas também a de voz esganiçada não parece ter destino certo, tampouco a companheira. De repente resolveram mudar de ares. A praça do centro é bastante manjada, não devem conseguir muita coisa por lá... o senhor da bengala, bom, algumas outras vezes ele não apareceu. Deve ser dia de pagamento...vai ao banco pegar o dinheiro que apostará nos jogos do calçadão durante o resto do mês... A mulher séria de repente ficou doente ou tirou férias e o estudante - ah! Ele tem um olhar misterioso, algumas vezes ela percebeu que ele a mirava pelos cantos dos olhos...- talvez tenha tirado um descanso. Mais um engenheiro?. mais um para falar blá-blá-blá na orelha da secretária, como o que ela ouvirá daqui algumas horas...

Nossa, as horas: sete e trinta e sete. Nada de ônibus. Coisa esquisita: as pessoas não aparecerem tudo bem, mas o ônibus... Não! Deve ter algo de errado. Resolveu atravessar a rua e ver com o porteiro se o 372 já havia passado. Mas é impossível! Não pode ter se adiantado tanto assim...
Estava atravessando a rua, conferindo mais uma vez se era mesmo quinta-feira, dia 13 de setembro, se não havia feriado ou algo do tipo...que barulho é esse? Sentiu um baque forte, o coração disparou e o barulho parecia aumentar...

Abriu os olhos. Viu o despertador que marcava 6:45. Estava tonta. Desligou o relógio, mas demorou para acordar. Pensou um pouco, lembrou do sonho. Que sensação estranha. Aquela reunião a estava preocupando. Ainda sentia muito sono. Levantou, foi esquentar a água para o café. Foi tudo como de costume: café, bolachinhas, banho, roupa, leite, banana, mas dessa vez não esqueceu do relógio que estava sobre a mesa. Pegou a bolsa, os documentos que havia trabalhado durante a madrugada, e saiu. Fechou a porta, desceu as escadas. Bom dia ao porteiro. Atravessou a rua. Uai! Cadê todo mundo??...

24/09/2007

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