sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eleição? é isso mesmo? Tá mais parecendo pregação...

Por que o estranhamento? Porque a cada nova notícia ou email que recebo me pergunto em que século estamos, em que tipo de regime político, ou o que está acontecendo com esse país.
"Carta aberta ao povo de Deus"? (Dilma)
Santinhos de Serra: "Jesus é a verdade". ???

Sinceramente eu gostaria muito de entender o que é que está acontecendo.
País laico, certo? Errado! Com toda essa palhaçada, essa pregação barata que virou esse segundo turno, eu, e muitos brasileiros, acredito, estou me sentido enojada!

Tudo isso que estamos assistindo está muito longe de ser uma campanha política, de se pautar por propostas e por programas. Não passa de apelação das mais baratas. Desculpa: CARA! Sim, muito cara, porque perderam todo e qualquer escrúpulo. É um diz e des-diz, um disse-que-disse, mentiras aqui e acolá. E agora, a nova onda, carregar algum cristão a tira colo! Respeito os crentes nas suas mais diversas crenças, no entanto, esse movimento anti-PT/Dilma dos cristãos foi uma baixaria. Uma eleição presidencial não pode ser decidida assim, na base do credo! E dos preconceitos ditados por esses mesmos credos! As questões relativas ao aborto, à união civil entre homossexuais e outras desse mesmo peso não podem ser banalizadas como foram nesses últimos meses. Sim, banalizadas, motivos de videozinhos mal feitos e descaradamente manipulados que andam circulando na internet.

E o que fazem os senhores políticos? Compram (se não são eles próprios que estão vendendo esse produto podre!) essa guerra ridícula. Usam e abusam da fé alheia. Política não é questão de fé! Ao menos não deveria ser.

Voto consciente? é isso que as igrejas estão pregando? Que consciência é essa que acha que tem o direito de, em nome de sua , criminalizar, marginalizar, desreipeitar, humilhar outros seres humanos? Que consciência é essa que se coloca no lugar de Dono do Mundo, Juíz Supremo, que delibera acerca da vida de todos?

Sou a favor da liberdade de crença desde que essas mesmas crenças também respeitem aquilo que lhe é estranho.
O futuro presidente do Brasil DEVERÁ governar não apenas para cristãos. Ele representará e irá trabalhar para os cidadãos brasileiros. Independentes das crenças professadas por esses cidadãos.

Parece que chegamos no fundo do poço. O desespero tomou conta dessa campanha presidencial. O bom senso está passando muitíssimo longe dos dois candidatos e de muitos setores da sociedade civil brasileira.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Fomos assistir ontem. Cinema mega lotado. Quase desistimos da fila, mas já que estávamos lá, resolvemos ir até o fim. Não tenho muito ânimo de encarar cinema lotado, mas tivemos sorte, tirando os muitos barulhos de pipoca e o cheiro de quibe do Habbib's, não tivemos nenhum grande problema.
O filme é muito bom. Confesso que tive medo, porque esse negócio de ficar fazendo sequência às vezes faz o povo perder a mão. Mas não, Tropa de Elite 2 me pareceu melhor que o primeiro. Wagner Moura com esse cabelo levemente grisalho, está mais charmoso do que nunca!
Mas voltemos ao filme. Sai do cinema desanimada, depressiva e com instintos violentos aguçados. Teve uma maluco do nosso lado que até bateu palma quando o Nascimento soca o aquele politicozinho. Bom, verdade seja dita, quantos não têm vontade de fazer isso com uma boa dúzia de excelentíssimos senhores de Brasilía, hein?
Dá uma dor no estômogo acompanhar toda aquela sujeira e corrupção. Dá uma raiva e uma vergonha. Esse filme deveria ter estreado um pouco antes do primeiro turno da eleição, quem sabe essa galera toda que está lotando os cinemas do Brasil inteiro não fosse para as zonas eleitorais um pouco mais conscientes da zona que esses senhores fazem com nosso dinheiro. Ah, na verdade, nem acho que faz diferença. Muita gente vai lá, assiste acha engraçado, volta pra casa e está tudo como sempre esteve. Ficção?? Antes fosse. Bom, pelo menos seria bom um fulano dizer todas aquelas verdades numa sessão de qualquer camâra desse Brasil. Dizer o que todo mundo sabe mas finge não saber. Que o tráfico só não acaba porque ajuda eleger e manter no poder uma boa quantidade de safado.
Sem mais revoltas, o filme vale a pena ser assistido. Mantém um rítmo bom do começo ao fim, com um leve tom de humor em algumas cenas e muita violência que seria bom poder acreditar que só acontece na telona...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Da Série: Onde comer em Barão Geraldo - Parte 2


Continuando a série onde comer em Barão Geraldo, outro lugar muito frequentado por meu namorado e eu é o Solar dos Pampas - Av. Dr. Romeu Tórtima 165, Campinas; horários de funcionamento: De quarta à segunda, das 11h às 23h. Terças, somente para o almoço, das 11h às 15h.
Sinceramente não lembro qual foi a primeira vez que fomos lá, no entanto, o que importa é que voltamos sempre e já levamos amigos e é sempre uma opção, principalmente quando a fome está bem grande! O Solar dos Pampas oferece uma grande variedade de saladas e massas além de churrasco gaucho para os apreciadores de carne. Sempre fomos muito bem atendidos por lá, e o preço também é muito bom. E o que dizer das sobremesas? Nossa, elas são uma tentação: pudins, tortas, mousses, sorvetes... Díficil é não sair de lá se sentindo uma bola...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vergonha alheia

Tiririca: eleito deputado federal com mais de 1,2 milhões de votos...

Precisa falar mais alguma coisa??!!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pérolas do jornalismo brasileiro

Essa foi muito boa. O reporter deve ser um dos alunos daquela famosa lista de pérolas do Enem que passou em alguma faculdade de jornalismo (ou não) e agora anda fazendo das suas na TV.

domingo, 26 de setembro de 2010

Chuva!!

Dia ótimo pra ficar em casa, debaixo das cobertas, assistindo filme, comendo pipoca, de preferência bem acompanhada... Ou melhor, simplesmente, dia ótimo!
Estou feliz em ouvir esse barulhinho bom de água caindo lá fora.
E por falar em chuva e em filme, lembrei-me do musical Cantando na Chuva, de 1952. Um grande filme. Eu não sou muito boa em resenhas, então, para não estragar a dica, prefiro deixar um video da cena clássica do filme.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Três anos de Mineirices!


Essa semana o Mineirices comemora três anos.
Gostaria de agradecer as visitas, os comentários e a companhia de todos que já passaram por esse cantinho.
Quando criei o blog, não tinha a menor ideia de quanto tempo ele iria durar. Nem mesmo se haveria motivos para continuar botando coisas nele. Mas o tempo foi passando e entre uns e outros recados, entre uns e outros contatos, tomei gosto por essa atividade. Não tenho uma postagem constante, mas nem só de postagens vive um blog! Durante esse tempo descobri muitos blogs bacanas, li muitos textos bons, e essa é outra parte legal do mundo dos blogs: fazer contatos, encontrar gente que tem o que dizer e o faz bem!

Eu sempre digo que meu sonho de criança era ser escritora. Eu botava minhas bonecas sentadinhas, enfileiradas, botava livros no colo delas e fingia que era uma noite de autógrafos. Eu escrevia, então, pequenas dedicatórias e agradecia por terem comprado meu livro. Aqui, com os comentários, eu satisfaço um pouco daquele meu desejo infantil! É sempre muito bom encontrar um comentário novo em algum texto.

Resolvi postar novamente o primeiro texto que publiquei no blog. Um texto antigo, que tinha escrito muito tempo antes de pensar em criar esse espaço. Quando meus textos e poemas não saiam das páginas das minhas agendas ou dos meus cadernos de anotações.
Mais uma vez, obrigada a todos que têm seguido/acompanhado esse meu cantinho! e sim, seja no mundo real ou virtual, As pessoas passam...

As pessoas estão sempre passando,
Algumas passam sem que tenhamos tempo para percebê-las,
Outras não conseguem prender nossa atenção,
Mas as pessoas estão sempre passando...
Algumas pessoas, quando passam, não contentam só em passar,
Então elas ficam por um tempo paradas,
Como se quisessem realmente marcar presença,
Aí, quando ela resolve continuar sua caminhada nós sentimos falta...
Outras pessoas, quando passam, deixam pegadas fortes,
Deixam um cheiro no ar, deixam uma sombra atrás delas...
E mesmo passando rápido, nós lembraremos por um bom tempo que ela, em algum momento, passou...
E as pessoas estão sempre passando...
Mas tem algumas pessoas que, de repente, param, e não passam mais, se fazem presentes, ficam...
Mas então, depois de um tempo, você percebe que ela continuou passando, só que junto com você, no mesmo ritmo, andando na mesma direção...
e as pessoas estão sempre passando...


Escrito em: 10/11/2004 Postado em: 25/09/2007

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma vida

Na cadeira de balanço, em seu vestido desbotado, não porque não tivesse outro, mas porque aquele era especial, ela, de olhos fechados, movimentava os dedos levemente sobre a barriga, e tinha no rosto um sorriso. Em meio aquele monte de lembranças, deliciosa e propositalmente trazidas diante de seus olhos cerrados, ela era uma jovem senhora, de cabelos bem penteados, de sapato e vestido vermelhos. Contava 26 anos. Recém casada, tão cheia de planos e de sonhos. A música que agora se ouvia na sala era a mesma que fazia fundo para a imagem congelada na fotografia que se encontrava sobre a mesinha, ao lado da cadeira de balanço Ele era elegante. Metido naquele uniforme, transbordava nos olhos uma felicidade que não cabia dentro de si.

Ela abriu os olhos e delicadamente trouxe até o colo uma caixinha de madeira. Fotos. Das crianças, agora homens e mulheres com suas próprias crianças. Lembrava de cada detalhe, de cada circustância daquelas fotografias. As roupinhas que usavam, algumas ainda estavam guardadas no baú, juntamente com os uniformes de Joaquim. Para cada foto, depois de olhá-la demoradamente, fechava os olhos e procedia com o mesmo ritual. Reconstruía a cena. Até mesmo podia ouvir os barulhos. Vozes de criança no parque, nos passeios de domingo. Vozes familiares já tão distantes, nos almoços na casa dos pais. Um ou outro carro. E os cheiros? De fruta madura. De chuva. De flores. De bala de menta, as preferidas dela.

Não, as lágrimas que vieram molhar seu rosto não eram de tristeza. Quem disse que a vida não teve seus dias triste? Teve sim. Teve doença, teve preocupação, teve dificuldade financeira, teve ciumes, teve medo, teve morte. Mas ela não via nisso motivo para ser triste. As lágrimas eram misto de saudade e de satisfação. Sabia olhar para trás e reconhecer os muitos momentos felizes que iam além, muito além, daquelas fotos espalhadas pela casa em porta retratos. Até se lembrava que por trás de um sorriso de foto, muitas vezes tinha um coração apertado e choroso. Mas isso era a vida. E seus 80 anos lhe davam uma serenidade que nem sempre lhe acompanhara.

O dia do acidente que lhe deixara só com as crianças, era, com certeza, o marco de uma nova etapa. De ser forte. De ser por si e por eles o que ele até agora fora para todos: tranquilidade, fortaleza. Era tão jovem ainda. Quarenta e sete anos, quatro filhos, e o azar de estar no lugar errado, na hora errada. Foi uma morte estúpida. Um acidente no mais exato sentido da palavra. Caminhava num sábado de manhã em busca de um presente para ela - aniversário que lhe trouxe triste presente. Parou em frente uma vitrine. Um vestido azul. Entrou e comprou. Ao sair da loja, um pouco distraído, ainda ficou por um tempo parado diante da vitrine e foi então que aconteceu. Um carro desgovernado veio calçada dentro e o acertou em cheio. Não teve tempo de nada, morreu segurando a sacola com o vestido que agora ela usava.

Eles se conheciam desde sempre. Moravam na mesma rua. Frequentaram a mesma escola, as mesmas festinhas, tinham os mesmos amigos. Ela tinha cabelos longos e gostava de dançar. Ele logo se enfiou na farda, e era de poucas palavras. Mas com ela ele sorria. Com ela fez planos, se casou, teve filhos, e falava em ter uma casinha no campo, onde poderiam ver os netos brincar e crescer. Ela era professora e ensinou as primeiras letras para os filhos. E depois lia livros, tomava a tabuada, corrigia todas as tarefas.

Os filhos, ela já imaginava, estavam preparando a festa costumeira: almoço, bolo, amigos, netos. Por isso ela quis comemorar hoje sozinha, só com ele. Quanto tempo mais viveria? A saúde estava boa, os últimos exames diziam que tinha um coração melhor do que de muitos jovens. Mas sentia um cansaço de viver. Achava que já tinha feito muito. Não tinha ilusões de reencontro, acreditava na vida e depois, depois era segredo. Mas lá no fundo, sabia que o segredo era que tudo estaria acabado. Mas isso, antes de assustar ou entristecer, lhe trazia uma sensação de descanso merecido.

Fechou os olhos, ainda com aquele sorriso de quem estava em paz com a vida. Cantarolava baixinho a música que vinha da vitrola. E adormeceu.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Surpresa!

As mãos estavam geladas. Sentiu um leve arrepio nas costas. E um sopro frio o fez estremecer. De repente, olhou para os lados assustado, como se alguém adivinhasse seus planos. Mas na rua não tinha ninguém. As primeiras horas depois do almoço. Sempre ficava aquele vazio. Retomou os passos apressados. Atravessou a rua, virou logo na próxima esquina. Já avistava o velho sobrado. Paredes amareladas, portão enferrujado, alguns vidros quebrados. Sorria um sorriso nervoso. Estava quase.

Faltava só três casas. Mas o que era aquilo? Uma bicicleta encostada no portão velho. Uma bicicleta vermelha. Aquela bicicleta não podia estar ali. Parou. Não sabia o que fazer. Parecia ouvir as batidas do próprio coração como se estivessem saindo de uma imensa caixa de som. O portão estava entreaberto. Subiu dois degraus. Num movimento brusco apertou contra o peito a mochila que até então estivera nas costas. Certificou-se de que estava tudo ali. Entrou.

Na casa, ou aquilo que um dia fora uma casa, apenas silêncio. Algumas teias de aranha. Uma cortina velha que a mãe não fez questão de retirar. Mas onde ela estaria? Teria já ido até o quarto? Tinham combinado quatro horas, ainda era duas e meia. Não entendia. Subiu as escadas. Já no corredor avistou uma luz fraquinha, trêmula, vindo do quarto. O coração bateu descompassado novamente. Lembrava de todo trabalho da noite anterior. Com muito custo tinha conseguido trazer uma TV e emprestado um vídeo cassete.

Na mochila, algumas fitas de vídeo com etiquetas amareladas nas quais se lia: 1988/1989, 1990/1991, 1992/1993,. Ela achava que iam assistir um filme. Mas ele tinha resolvido fazer uma surpresa. Trouxe aquelas fitas do tempo de escola e das festinhas de seu aniversário. Como eram felizes com seus 12, 13, 14, 15, 16 e 17 anos. E como eram inseparáveis! Todos diziam que eles iam namorar um dia.

Ela estava sentada numa das almofadas que ele havia trazido na noite anterior. Aquela casa era toda cheia de recordações. Foi bem naquele corredor que, meio sem jeito, tímidos e afobados, deram seu primeiro beijo. Foi naquele aniversário de 17 anos. Estavam terminando o colegial. Ela iria se mudar para a casa de uma tia, na capital, para continuar estudando. Ele ia servir o exército.

Tinham combinado de assistir um filme porque naquele tempo era a distração preferida deles. As fitas de romance, de suspense, de comédia que emprestavam do professor de literatura. Mas ela não resistiu e trouxe uma caixinha de cartas. Aquelas cartas bonitas que ele escreveu durante os cinco anos que ela passou na faculdade. Encontraram-se poucas vezes. Mas numas férias de fim de ano ele disse que eles iam se casar. Ele já estava trabalhando no banco. Ela ficou feliz, mas por aquele tempo estava um pouco apaixonada por um colega da faculdade.

O dia era mais que especial. Ele tinha planejado tudo com muito carinho. Dez anos juntos. E parecia que tinha sido ontem. Lembrava da cara dela de surpresa quando ele lhe entregou aquele anel. Ela havia acabado de arrumar seu primeiro emprego, na mesma escola em que eles tinham estudado. Estava radiante. E quando abriu aquela caixinha, seus olhos marejaram. Ele ainda sente como se fosse hoje, ela se jogando nos braços dele e dizendo: Sim, sim, sim!!

Finalmente ele venceu o corredor e entrou no quarto. Os dois se olharam como se fosse a primeira vez. Ela sorriu aquele sorriso que ele dizia ser tão bonito. Ele apertou os olhos, naquele sorrir com os olhos tímidos que ela tanto gostava. Ela disse: Tenho uma surpresa pra você!
Ele fez cara de espanto: É mesmo? Eu também tenho uma surpresa pra você.

Os dois se perderam naquelas lembranças e se reencontraram naquelas palavras e músicas e cenas. Ela chorou. Ele secou as lágrimas dela. Eles dançaram pelo quarto, cantaram, e se namoraram como naqueles anos. Já estava escuro quando saíram do sobrado. Ela empurrando a bicicleta vermelha, presente dele, logo que se mudaram para a rua das laranjeiras, para que ela fosse trabalhar. Ele do lado, com a mão no ombro dela. Os dois caminhavam em silêncio, sorrindo, como dois adolescentes apaixonados que têm medo de quebrar o encanto de um grande encontro.

domingo, 5 de setembro de 2010

Palavras

Queria dizer algo, mas não encontrava as palavras e nem mesmo esse 'algo' que julgava querer dizer. Então, resolveu emprestar palavras de quem melhor sabia lidar com elas. Pediu à Clarice que falasse por ela.

"...A história que eu transcrevera em minhas próprias palavras era igual a que ele contara. Só que naquela época eu estava começando a "tirar a moral das histórias", o que, se me santificava, mais tarde ameaçaria sufocar-me em rigidez. Com alguma faceirice, pois, havia acrescentado as frases finais. Frases que horas depois eu lia e relia para ver o que nelas haveria de tão poderoso a ponto de enfim ter provocado o homem de um modo como eu própria não conseguira até então. Provavelmente o que o professor quisera deixar implícito na sua história triste é que o trabalho árduo era o único modo de se chegar a ter fortuna. Mas levianamente eu concluíra pela moral oposta: alguma coisa sobre o tesouro que se disfarça, que está onde menos se espera, que é só descobrir, acho que falei em sujos quintais com tesouros. Já não me lembro, não sei se foi exatamente isso. Não consigo imaginar com que palavras de criança teria eu exposto um sentimento simples mas que se torna pensamento complicado. Suponho que, arbitrariamente contrariando o sentido real da história, eu de algum modo já me prometia por escrito que o ócio, mais que o trabalho, me daria as grandes recompensas gratuitas, as únicas a que eu aspirava. É possível também que já então meu tema de vida fosse a irrazóavel esperança, e que eu já tivesse iniciado a minha grande obstinação: eu daria tudo o que era meu por nada, mas queria que tudo me fosse dado por nada. Ao contrário do trabalhador da história, na composição eu sacudi dos ombros todos os deveres e dela saía livre e pobre, e com um tesouro na mão" - (Clarice Lispector - Os desastres de Sofia - Felicidade Clandestina:contos, Rio de Janeiro, 1998).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Papo cabeça

Ela: Estou sentindo um vazio profundo.
Ele: Quer conversar? Você está triste?
Ela: Não. Não sei bem o que, mas preciso de algo..
Ele: Um abraço? um pouco mais de atenção? tenho deixado você muito sozinha...
Ela: Não, não é nada disso! Preciso comer! estou com fome...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

(des)Construindo

Fosse um pouco mais forte, já teria mudado tantas coisas em si mesma. Mas não, demorava muito tempo porque era por demais doloroso. A gente se acostuma a ser o que é e acredita que não pode mais mudar, pensava nos seus momentos de quase decisão.

Seriam as roupas, o corte de cabelo, os gostos musicais e depois as vontades, os desejos, os medos. Tudo tinha que ser mudado. Mas cada vez que abria as portas do guarda-roupa e as gavetas da cômoda, era tão aconchegante aquela sensação de se encontrar. De saber-se quem era, porque se reconhecia naquelas blusas e naqueles sapatos, nas calças e nos colares. E quando botava algum velho cd pra tocar, era quase apalpar sua alma. Sentia-se leve, cantava junto, sentia-se protegida por aquele mundo que tão cuidadosamente havia construído naqueles anos. Não ousava trocar o sabonete, o creme dental, pois tudo era tão cheio de recordações, quase mesmo parte de si. Não era um apego que lhe tornava escrava das coisas. Não tinha problema em se desfazer de roupas usadas, de sapatos já abandonados no fundo do armário. Mas cada vez que comprova algo, no fundo sabia que aquela coisa já estava repleta do que ela era. A identificação que a fazia adquirir qualquer coisa era já uma transferência de si. Sabia ser mais que cada uma daquelas coisas, mas era, ao mesmo tempo, aquilo tudo: passado, presente e futuro. Lembranças, saudades, desilusões, paixões, aquele amor que parecia ser de outra vida e que passava toda sua vida como se não conhecesse fronteiras, sendo todo seu futuro, todo seu presente e quase todo seu passado, embora tenha surgido menos de três anos atrás. Era intensa, era lágrimas, era sonhos e planos que lutava por poder concretizar. Era dúvida, era medo, mas era coragem e decisão.

Cada vez que se olhava no espelho, via tantas e via tão pouco. Desenhava as sobrancelhas, passava um lápis no olho, batom. E lá estava o que queria ser. Lá estava também tudo que era e tentava esquecer. E, por fim, lá estava, ela. Com toda sua inocência de menina e com toda sua malícia de mulher. Pensava que era preciso mudar. Mas por que? Perguntava-se alterada. A gente é o que é, torna-se o que sempre foi, busca-se o que não pode deixar de se manifestar. A gente só não conhece todos os segredos, todos os cantinhos do que somos e nos surpreendemos, quando nos revelamos diante desses olhos curiosos.

A essência dela era sempre acreditar na mudança. Sempre achar que era tempo de mudar tudo. Mesmo nunca tendo coragem de romper com os velhos rituais. Via-se agora tão diferente e tão igual ao que sempre fora. Dos tempos de menina achava que tinha perdido a fé, mas lá no fundo tinha uma luzinha que brilhava. E acreditava que as coisas ainda podiam dar certo. Acreditava na amizade! Tinha fé nos bons sentimentos.
Porque, antes de qualquer coisa, acreditava na mudança. Achava que gente não era como árvore, que se nasceu macieira nunca daria manga.

Então, algumas vezes, botava salto, ouvia rock, tomava chá, se fazia triste e pessimista. Porque era preciso sempre mudar, nem que fosse para no dia seguinte acordar cedo, passar um café forte, ouvir mpb o dia todo, andar de rasteirinha e ter fé...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Retalhos

São tantos medos, frios,
calafrios, vazios...
São angustias e dúvidas,
e eu!

Um pouco de tudo,
metade de quase nada,
estranhamentos...

Dias sim e outros também dou de cara comigo,
perdida,
vindo e indo..
assaltada pelos velhos fantasmas da casa:

as paredes, os livros, uma música de fundo,
e tudo vem de uma só vez:
vazios, calafrios, frios, medos,
dúvidas e angustias,
e só encontro: Eu.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sem você

Sem você a casa é tão grande e vazia,
o dia é tão longo e a noite demora a dar lugar a um novo dia.

Sem você fico perdida,
não tem pra quem contar cada detalhe do que eu fiz, dos textos que li, das música que ouvi...

Sem você fico assim, meio sem rumo.
Procurando motivos para não pensar em você. Fico muda.

Eu sei que que esse 'sem você' vai passar,
mas enquanto não passa, fica a sensação de casa vazia, de dia longo, de noite que não se acaba, de silêncio que assusta...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

No ônibus

Ela devia estar na casa dos 60. Mas, a considerar pela roupa, teria um espírito mais jovem do que o meu, no auge dos meus 25 anos.

Eu toda vestida de preto - sapato, blusa, bolsa e calça jeans. Acessório apenas um minúsculo brinco. Na mão esquerda - inchada e dolorida - livros. A mão direita me sustentando naquele ônibus que atravessa o tapetão a quase 100, numa tarde de terça-feira. Tinha dado duas aulas. Estava cansada e com fome.

Ela, uma blusa vermelha que combinava com os sapatos, também vermelhos. Acessórios? Muitos: colar, brinco, anéis, uns quatro. As unhas bem feitas, com uns brilhantezinhos reluzindo. A bolsa era colorida, listras amarelas, vermelhas e azuis.

Eu me equilibrava ao lado dela. A cada curva eu era arremessada pra lá ou pra cá. Ela não deve ter percebido que minhas mãos estavam inchadas, portanto nem poderia imaginar que elas estavam doendo... Mas ela deve ter percebido que era difícil me manter equilibrada, segurando apenas com uma das mãos. Mas ela não se ofereceu para levar os meus livros. Eram pequenos, nem pesavam tanto. No momento apenas me impediam de me segurar decentemente dentro daquele ônibus alucinado.

Fiquei observando aquela mulher que, embora de cabelos tingidos, teria sido motivo suficiente para que eu me levantasse, caso estivesse sentada, e oferecesse o lugar para ela, como fez a moça que ocupava aquele lugar. Fiquei observando e pensando o que custaria ela ter se oferecido para carregar os meus livrinhos...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Da série: Onde comer em Barão Geraldo - Parte 1

Bom, lendo um post muito gostoso hoje - quem quiser conferir dê uma espiadinha aqui - fiquei inspirada para escrever sobre os meus (nossos) lugares favoritos para comer em Barão Geraldo, Campinas.

Quem olha pra mim, magrelinha do jeito que sou, logo pensa que eu sou daquelas que almoça uma folha de alface e não janta. Redondamente enganado! Eu não sou muito fã de carne vermelha, mas encaro comida como gente grande. Gosto muito de alface, mas não dispenso massas de todos os tipos, peixes, e um franguinho caipira feito pela minha mãe ou pela minha avó. Resumo da ópera: gosto de comer.

Meu namorado não faz feio. É bom de garfo. Juntos, um dos nossos programas preferidos é comer. Gosto de cozinhar e ele aprendeu fazer bastante coisas durante esses dois anos e meio de namoro. Mas, graças ao senhor VR do meu namorado, de uns tempos pra cá, também saimos bastante para comer fora. Hoje vou falar de um lugar que, semana sim e outra também, vamos saborear uma boa pizza. Mas vou começar do começo. Vou contar como viramos clientes cativos.

Era uma quinta-feira. Passávamos em frente a uma Pizzaria que tinha cara de ser boa e cara...ou, pelo menos, um pouco grande para o bolso de estudantes bolsistas/estagiários. Mas tinha um cartaz que dizia: Promoção: Cinco sabores, pizza grande, 20,00. Oba! Resolvemos entrar. E pedimos para ver os sabores da promoção. A moça - filha do dono - nos mostrou os sabores e disse que a promoção era terça e quarta. Com certeza fizemos imediatamente uma cara de decepção e de 'então deixa pra semana que vem'. Mas nem precisamos dizer nada. Ela disse: Vocês só iam levar porque estava na promoção? Respondemos que sim. Ela disse: Então eu faço o preço da promoção. E foi assim que viramos clientes cativos! Claro, foi depois de experimentar a pizza de creme de alho poró. E desde então voltamos, e sentamos sempre [quase sempre] no mesmo lugar. E já experimentamos muitos sabores: marguerita, napolitana, tomate poró, brócolis, champignon, palmito... E já tomamos vinho argentino, vinho chileno, chopp, cerveja. Já levamos muitos amigos. E sempre fazemos propaganda.

Além de ser bem pertinho da nossa casa, eles aceitam VR! Mais do que isso, o atendimento é muito bom.
Fica então a dica da Pizzaria Fiori, na Avenida Santa Isabel, 405, Barão Geraldo, Campinas.
E não deixem de experimentar a pizza de tomate poró (creme de alho poró com tomate seco), e bom apetite!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Divulgando

Eu tenho um amigo que é um tanto 'figura'. Ele escreve umas coisas bacanas - o blog dele é o Modelo Clássico. Outro dia estavamos conversando e ele mostrando uns videos comédias na internet e eu disse pra ele que estava perdendo tempo, e que deveria fazer uns também. Não é que o maluco resolveu levar a sério o que eu disse? O resultado começa aparecer aqui.
Assistam, sigam, ele tá ainda pegando o ritmo. Mas tem tudo pra virar sucesso! (Claro que eu vou fazer propaganda, já avisei que sou empresária, e quando ele ficar famoso vou querer minha parte!!).

Traição e futebol

Faz tempo que penso sobre isso. Mas nunca tinha me arriscado a escrever sobre e, ainda agora, quando começo a escrever, não sei se isso vai chegar a algum lugar. Mas vamos lá.

Primeiramente, isso não é uma defesa da traição, nem uma defesa das mulheres. O ponto é que nossa sociedade machista costuma ter como pressuposto que (i) homens trair mulheres é algo normal e, ao mesmo tempo, que (ii) as mulheres não entendem as razões masculinas para suas escapulidas.

Comecemos pelo segundo ponto. É difícil dizer exatamente quais são as razões masculinas. Na verdade, talvez devêssemos dizer as "intenções masculinas para suas escapulidas". Melhor ainda, dizer o que eles, os homens, "não querem" quando dão suas escapulidas. A maioria deles diz, jura de pé junto, que não queria abandonar a esposa/namorada/ seja lá o nome que se queira dar a companheira que ele tem num relacionamento "sério". Mas dizem que as mulheres não entendem, precisamente, isso.

A primeira questão é saber se eles aceitariam o fato de que suas respectivas companheiras/esposas/namoradas tivessem tido um caso/uma noite com outro e, então, lhes dissessem: Olha, eu não pensava em te abandonar. Não era essa minha intenção. Os machistas sem conserto dirão que isso é inadmissível. E a justificativa, já ouvi isso por aí, é que mulher não tem relação casual, que ela se envolve e se chega a consumar o fato é porque está apaixonada ou porque tem algum sentimento pelo cidadão. Bom, com esses não há conversa...

Mas, se a resposta for que as mulheres não aceitam mudar as regras do jogo, então temos que conversar. Aí é o seguinte: quantos homens já discutiram abertamente a mudança das regras? Ao começar um novo relacionamento, quantos esclareceram suas namoradas/esposas/ companheiras acerca do tipo de jogo que pretendiam jogar?

Pensa: se alguém chega e diz: Vamos jogar futebol? E não diz nada a respeito das regras, você imagina que terão uma quantidade x de jogadores, que vão usar um campo, ou uma quadra, que o objetivo do jogo será fazer gols, chutando a bola. Que colocar a mão na bola é falta e esse tipo de coisa. Então você aceita. Mas, no meio do jogo, um dos participantes, aquele que te convidou, resolve pegar a bola com as mãos e jogar dentro do gol. Você reclama e diz: Mas não era assim! Isso não pode. Isso não é futebol! O cara responde, com a maior naturalidade do mundo: é futebol sim, só que vale fazer gol com as mãos também. Você insiste. Diz que não era esse o combinado. Que ninguém te avisou que seria assim. O cara, calmamente, responde que para ele sempre foi assim. Que desde o começo, quando te convidou para jogar futebol, estava pensando nesse jogo, no qual vale jogar a bola com as mãos. E que isso não mudava nada o fato do jogo ser futebol. Você pode, com toda razão, dizer que foi enganado, que ele te chamou para jogar outro jogo, e não futebol. Futebol, para você, é uma coisa na qual não cabe fazer gol com as mãos. Vocês se desentendem. E você resolve ir embora.

Agora imagine: no lugar do convite para o futebol, pense que o cara - ou a mulher, por que não? -, enfim, alguém chega e diz para outra pessoa: Acho que estamos saindo há um tempo, gosto de você, podemos namorar, o que acha? A outra pessoa, que também parece interessada, pode ser a mulher ou o cara, responde que sim. Ok. Estão namorando. Sem discutir o que isso significa, eles acabaram de assumir um compromisso que, socialmente falando, implica num conjunto de regras. Se essas regras não foram discutidas e ajustadas para aquele caso particular, não há nada de errado de que uma das partes tenha entendido que as regras que estão valendo são aquelas "tradicionais". Se, no meio do relacionamento, assim como no meio do jogo, alguém "muda" as regras ou põe em prática regras/ou direitos que não tinham sido devidamente explicitados no começo, isso é traição. A outra parte pode dizer que foi enganada. E, ainda que ela tivesse alguma disposição a aceitar essas novas regras, com toda razão pode reclamar o fim do "compromisso". Afinal, as regras não tinham sido discutidas, e ela (ou ele) levou gato por lebre.

O que estou querendo com toda essa história? Simples: estou dizendo que, mas posso estar enganada, na maioria dos casos de traição, quando não estamos diante de machismo incurável, o que acontece é a falta da discussão das regras do jogo. Então, tenho uma crítica que é para homens e mulheres: precisamos esclarecer os termos dos compromissos. Dizer o que entendemos por namoro, casamento, ou compromisso em geral. O que estamos dispostos a fazer pelo outro e por nós mesmos. Não há nada de errado com a poligamia, (talvez esse não seja o termo mais adequado. Deveria dizer com as escapulidas?) desde que ela seja um acordo que vale para ambas as partes. Assim como não há nada de errado com a monogamia, desde que seja um acordo de ambas as partes. Não sei se acredito nessa história de diferenças entre homens e mulheres quando o assunto é relação amorosa/sexual. Acredito, sim, que os estereótipos aprisionam as pessoas. Tem muito homem por aí que não faz o tipo garanhão, pegador, putão, enfim, e que é cobrado pela sociedade, porque é assim que um homem tem que ser. Todo homem que se preza tem que ter tido pelo menos uma amante, ou uma escapulida. Por outro lado, a mulher, se trai, é porque é vagabunda, safada, puta. Em nenhum dos casos as expectativas são justas. Mulher não tem que ser santa, homem não tem que ser garanhão.

Existem as mais diversas combinações. Pessoas com e para todos os tipos de gosto. Mas essas amarras com as quais temos nos prendido só têm dificultado a vida e disseminado a hipocrisia. Tudo seria mais fácil se as pessoas se permitissem ser sinceras com elas mesmas, e se pudessem dizer sem medo o que lhes apetece e quais as regras que vão valer em suas vidas. Num mundo desse jeito, nem sobraria espaço para o ponto (i) que foi enunciado nesse texto. Traição, não de homens que traem mulheres, é normal hoje. Traímos nós mesmos, antes de qualquer coisa, quando não dizemos o que realmente queremos. Trair o outro, nessas condições, não é nada...

(texto escrito em abril/2010)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Minha terra

Túnel - Delfim Moreira- MG

Barreira - Delfim Moreira- MG

Cachoeira do Itajyba - Delfim Moreira- MG

Monteiro - Delfim Moreira- MG



Minha terra tem pinheiros,
tem montanhas e tem sabiá,
as paisagens que ora vejo,
não são belas como as de lá!

Minha terra tem cachoeiras,
vento gelado e cheiro de terra úmida,
a saudade que agora sinto
morrerá tão logo meus pés eu bote lá .

Minha terra abriga a minha gente,
mãe, pai, irmãos, amigos,
que mesmo longe,
carrego sempre comigo.

Minha terra tem as cores e os sabores,
que aqui ou lá,
só eu posso experimentar!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Brilho eterno de uma mente sem lembranças


O que você faria se descobrisse que seu (sua) ex apagou você das lembranças dele (a)? Será que você faria a mesma coisa? Ainda que o relacionamento tivesse sido tumultuado, você gostaria de saber por que o (a) outro (a) resolveu fazer isso ou simplesmente trataria de apagá-lo(a) também de vez? E o que dizer desse processo de apagar pessoas de nossas lembranças? Se isso fosse possível, você se submeteria a tal processo?

Decididamente eu não faria isso. Cada história, com suas boas e más lembranças, faz a gente ir se tornando o que somos no presente. Isso mesmo, sem as lágrimas de amores passados, não poderíamos curtir os sorrisos de novos amores! Somos nossas lembranças! Os erros e acertos, os sucessos e fracassos, as desilusões e as surpresas, tudo isso vai moldando nosso ser. Nossos sentimentos nunca estariam maduros se essas lembranças fossem apagadas.

Brilho Eterno de uma mente sem lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004)) faz a gente pensar sobre essas coisas. Esse é o meu filme! Sabe aquele filme que você assiste zilhões de vezes? Então, ele é o meu favorito.

Com atuações esplêndidas de Kate Winslet, Jim Carrey e Kirsten Dunst. Ele é triste e engraçado. Mistura o peso e a leveza de maneira descontraída. É uma história de amor com diálogos inspiradores, como este aqui:



Um filme nota 10 que, com toda certeza, eu recomendo!

Ah, a trilha sonora também é muito bacana!


Para quem tiver curiosidade, veja aqui o poema 'Eloisa to Abelard', de Alexander Pope, de onde vem a frase título do filme.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Nas escadas da vida


e a vida é assim, uns choram enquanto outros riem.
Na mesma escada onde amores começam, amores terminam.
Na mesma hora que um namoro começa, ali, logo do lado, um namoro termina.
Com palavras não ditas dizendo mais do que o coração suportaria ouvir. Um tempo. Depois das provas nos falamos. Lágrimas, tentativas de dizer o que só se pode sentir. E justamente nos momentos em que mais se precisa de um ombro amigo, de companheirismo. Talvez fosse um sinal, mas ela não percebeu. Ele estava abandonando o barco. Era demais para ele. Namoro bom é namoro de festas, cervejas, pegação. Quando chega o estresse, o cansaço, as provas, ele põe na boca dela palavras que ela nem pensava em dizer. Diz aceitar a sugestão que ela, chorando, nega ter feito, de que se vejam depois das provas.

A cena é rápida. Passo por eles, eles não devem nem ter me percebido. Não sei se continuam namorando. Não sei se deram um tempo. Mas fiquei pensando: Como faria as provas com o coração despedaçado? Com aqueles olhos cheios de lágrimas? Que maneira estranha de dar apoio...

Acabei de me lembrar de uma música que fala de escada, do Cogumelo Plutão. E acho que combina com o clima do post de hoje.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sonhando acordada

Fecho os olhos e me vejo dançando. De sapatilhas brancas, vestido de menina, numa grama verde, com o vento brincando com meus cabelos. Posso sentir o roçar do vento na minha pele. O verde da grama parece aquele da minha infância. O cheiro também vem de lá. E fico feliz. Talvez como eu era naquele tempo. Não que eu não seja feliz agora, mas a felicidade é diferente, assim como eu, embora a mesma, sou diferente.

Abro os olhos e estou no meu quarto. Cheio de papéis, livros, rabiscos, deveres. Pedaços de mim em todo canto. E eu tento me encontrar aqui, como lá, de sapatilhas brancas e vestido de menina.

E lembro de tantas coisas. E sinto falta da minha mãe. De um abraço. Fecho os olhos e volto correndo para um lugar bonito com cheiro de carinho, com cores de infância e me sinto segura e protegida. E esqueço por um momento o medo que me afligia. O medo das responsabilidades da vida de gente grande. Ontem eu era a menina que aprendia as lições, amanhã serei a professora que ensinará, mesmo duvidando do que sabe.

Abro os olhos porque não há tempo para escapar da realidade. Fecho os olhos porque não há vontade de encarar tantas perguntas sem resposta. Fecho os olhos e imagino o abraço que receberei em algumas horas ou minutos. Será o abraço no qual tentarei me proteger de mim.

A menina de vestido e sapatilhas brancas ainda dança.


(texto escrito ao som de Bruno Morais - Bichinho do Sono. Dica do dia! Mais uma descoberta da cena independente. Vale a pena conferir!!)


Chuva de rã?!

Nossa, acabei de ler essa notícia (bem mal escrita por sinal). Resolvi dar uma olhada sobre o assunto. Bom, além da cena do filme Magnólia (ótimo filme, que eu recomendo!), tinha notícia de chuva de sapo apenas na Bíblia, no antigo testamento. Mas parece que isso é mais comum do que eu pensava, segundo informações da Wikipédia, e não é só sapo não, é rã, como foi na Hungria, peixes, pássaros e, para meu total desespero, lagartixa (esse dá lagartixa li em outro site). Socorro! Eu já morro de medo de sair na porta da minha casa porque tem uma familia desses seres que habita minha área de serviço, e agora, cada vez que eu lembrar disso, vou surtar...

O melhor são as explicações. Bom, as tentativas de explicações. Enquanto não tenho o desprazer de presenciar um fenômeno desse, dou risada das explicações. Podia é cair dinheiro do céu, mas sapo, rã e lagartixa não!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ano de eleição, Murphy e essas coisas da vida do cidadão comum

Recebi o texto abaixo por email. A pessoa que escreveu me disse que foi num momento de revolta. E nem preciso entrar em detalhes sobre os motivos de tal sentimento. Lendo o texto, que eu até ousaria dizer tem uma boa pitada de humor, vocês vão entender. Agora, realmente, é difícil entender como é que muitas pessoas, todas as pessoas, não ficam revoltadas vendo as propagandas que esses senhores fazem na TV, no rádio e em todos os lugares que conseguem, de um Brasil que está cada dia mais parecendo um paraiso. Onde tudo funciona: transporte coletivo, saúde pública, educação. São tantos números e mais números de investimento nisso e naquilo, que parece mesmo que ninguém tem motivo pra reclamar de nada. Mas, para algumas pessoas, talvez aquelas pelas quais Murphy tem um carinho especial e, nesse caso, o senhor Murphy parece ser um cara de coração bem grande, esses benefícios todos não são assim tão generosos quanto as estátisticas dos horários políticos...


Caros amigos,

Quinta-feira, 17 de junho. Estou voltando ao trabalho e ainda mantenho o rádio ligado, mesmo com o horário eleitoral. Mantenho ligado para perceber que eu sou mesmo muito azarada. Onde eu vivo? Em que mundo? Por que as coisas ruins têm que acontecer justo comigo?

Agora está passando o currículo do presidenciável José Serra, com todos seus feitos como ministro da Saúde, prefeito de cidade de São Paulo e governador do estado. Ele fez tanto pela população, principalmente no que diz respeito à saúde. Pela forma que foi dito, nada mais precisa ser feito, agora é só manter! Não existe mais espera de meses e até anos para simples consultas, temos vários laboratórios especializados, AMEs que funcionam maravilhosamente bem!

E é aqui que mora o meu problema, estou ficando desesperada. Como Murphy pode cair em cima de mim de tal forma? Sempre que procuro por algum serviço de saúde não sou bem sucedida. Se não é comigo, é com meu irmão, minha mãe ou algum familiar – teria vários casos para contar, mas vou poupar vocês desta parte enfadonha.

Pessoal, eu estou precisando de ajuda! Por favor, mandem bastante energia para que eu saia deste azar astrológico, karmico, geográfico, ou sei lá o que, e consiga ver o Brasil maravilhoso que esses políticos pintam. Sem contar que eu preciso de um dermatologista, e tentarei marcar na semana que vem, pois eu também tenho direito a um sistema de saúde de qualidade!


Energia, não se esqueçam!


Beijos e um ótimo final de semana

(texto escrito por Ana Paula Rocha - Mestre em Demografia pela Unicamp e minha amiga querida!)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Filosofia em ritmo de copa do mundo!

"Um argumento é uma operação que efetuamos com enunciados, um pouco à maneira como um passe é uma operação que efetuamos com uma bola de futebol" (...) "A dicotomia 'ou categórico ou hipotético', embora seja inicialmente esclarecedora, se revela finalmente uma fonte de confusões. O árbitro é um jogador ou um espectador? Ora, ele não é nem um jogador nem um espectador nem, tampouco, jogador e espectador ao mesmo tempo"
(Se, Portanto e Porque - Ryle, G. - Os Pensadores, Vol. LII, p. 79, Editora Abril, 1975)

terça-feira, 15 de junho de 2010

E tudo para no país do futebol!

É dia de jogo do Brasil. Copa do mundo. Todos, bem, quase todos, numa euforia sem fim.
Sinais de um patriotismo que passa quatro anos adormecido, mas quando acorda é camisa, é bandeirola, é parede de casa, é chapéu, apito, e tem até quem chore. Escolas, supermercados, lojas, quase todos os trabalhadores param. Até mesmo os que já estão parados, devem dar uma pausa na greve para ver a seleção de craques brasileiros entrar em campo. Dessa vez nem é bem assim. Até chegaram a dizer que o técnico brasileiro abraçou a campanha do governo federal contra as drogas e não quis saber de craque em campo...
Agora, não seria uma má ideia que os jogadores, as estrelas, os orgulhos nacionais, resolvessem abraçar algumas causas políticas, já que ano de copa e ano de eleição presidencial no Brasil são coincidentes. Não, não estou dizendo que eles deveriam se canditar como alguns ex-craques resolveram fazer no auge do esquecimento ou quando caminham para isso...Nem que deveriam defender projetos de leis que mais parecem piada com o trabalhador brasileiro. Nosso ilustre presidente deveria saber que muitos brasileiros hoje, que são campeões por terem sobrevivido por décadas recebendo salário mínimo, chegam aos 60 anos sem ter 'uma condição financeira digna' e nem por isso receberão um prêmio de R$ 100 mil mais uma gorducha pensão vitalícia...

Bom, mas é dia de futebol. E quem está interessado em saber de projetos de leis ou eleições? O que importa no país do futebol é ser hexa. Que venha a Coreia do Norte. Opa, bom, não é bem assim. Afinal de contas a Coreia do Norte vive num regime duro, tem feito ameças a sua vizinha Coreia do Sul, parece ter umas armas pesadas... Será que não seria uma boa deixar eles ganharem? E evitar qualquer retaliação depois? Ou será que o Brasil, na sua onda de diplomacia com os mais exautadinhos do mundo, tem uma amizade secreta com o senhor
Kim Jong-il?

Agora, se alguém tem algo importante para fazer nesse 15 de junho, é melhor se apressar, porque a partir das três da tarde, bom das duas, quem sabe, ou até antes, - por que não já a partir do almoço?- tudo vai parar.

Não estou dizendo que não gosto de futebol. Gosto de assistir sim, principalmente as seleções de outros países. Jogaço domingo entre Alemanha e Austrália. Alemanha massacrou a pobre Austrália: 4 x 0. Lances perigosos, toques de bola bem feito, tranquilidade e muito objetivo: vencer! Agora me lembrei de uma coisa. Até teve gol de brasileiro naturalizado alemão. E por falar nisso, esse ano tem um tanto de jogador naturalizado: tem brasileiro naturalizado alemão, português, japonês; e norte americano; mexicano naturalizado italiano; Francês naturalizado argeliano. Estava pensando qual o limite desses processos de naturalização de jogadores. Se continuar assim, a copa do mundo perderá o seu sentindo - se assim podemos dizer- e será uma competição entre clubes internacionais.... Pelo que andei vendo, isso é um assunto polêmico, e muita gente, bem mais gabaritada que eu, já andou dando sua opinião sobre o assunto.

Mas hoje é dia de jogo! E tudo vai parar. Inclusive eu vou parar de escrever porque preciso ir ao supermercado, comprar algumas coisinhas para levar para casa de uns amigos onde vamos assistir o jogo! E não tenho palpites de placar.

Se estou torcendo pelo hexa? Sinceramente? Bom, é melhor não criar confusão! Mas estou torcendo para que esse país não fique muito tempo parado, porque enquanto a seleção entra em campo lá na África do Sul, aqui em Brasília tem muita coisa que está rolando - e que não é a Jabulani! - já faz um tempinho. Por exemplo: Consulta pública sobre direitos autorais.
Ah, claro, mas também por lá tudo vai parar, pelo menos no horário do jogo...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Viajar é preciso!

Feriado (com um pouco de atraso): Amparo/ Serra Negra
(atualizado!)

Aproveitando o feriado prolongado, resolvemos explorar as vizinhanças de Campinas. Fomos conhecer Amparo e Serra Negra. Ficamos hospedados em Amparo, uma simpática cidade, cuja simpatia das pessoas no trânsito nos deixou bastante impressionados. Com poucos semáforos e muitos carros nas ruas, as pessoas são gentis, não buzinam, e quando vêem alguém na faixa de pedestre, param o carro e se você, como nós, hesita em atravessar, assustado com a rapidez que eles pararam, lhe dão sinais com a mão, confirmando que a passagem está liberada.

Numa tarde andamos por quase toda a cidade. Fomos até o Cristo de onde se tem uma vista muito bonita da cidade. Visitamos uma fonte, de Nossa Senhora de Amparo, e passeamos pelo Parque Linear ao longo do qual encontramos quiosques, parquinhos, quadra de futebol, pista de skate e uma academia ao ar livre. À tarde tomamos um chopp e comemos um pastel muito bom (pastel de queijo com queijo de verdade), na Pastelaria Copa de Ouro.
À noite foi difícil encontrar algum lugar pra comer, mas descobrimos, lá perto da Matriz, uma pizzaria bacana, Rovigo, com uma pizza muito boa.

Sábado e domingo foram dias de passear em Serra Negra. Subimos a Serra com um pouco de neblina e um dia fechado, com cara de chuva. Mas tivemos sorte, e a cara feia do tempo foi embora, e nos permitiu passar bons momentos em Serra Negra. O forte da cidade é o comércio de malhas e de couro. Muitas lojas, muita gente e muitas sacolas. Mas, novamente, surpresa: sem nenhum semáforo, o trânsito funciona na base da gentileza. Mas é lento. A melhor opção é encontrar um canto pra estacionar e andar a pé. A cidade é pequena. E tem várias coisinhas bacanas para se fazer. Andamos no miniférico, que vai do centro da cidade, próximo a rodoviária, até o Cristo (sim, outro Cristo!). E é alto, e tava um friozinho.. E eu com medo de perder meu sapato. Imagina se ele cai lá de cima, no meio do mato... Ia ser uma beleza. Como disse meu namorado, eu teria uma desculpa para comprar outro sapato, já que opções é que não faltavam naquelas lojas de artigos em couro.. Mas o sapato não caiu!

Também fizemos um passeio de 'trenzinho' pela cidade. E fomos conhecer o Parque Sto. Agostinho, com duas fontes de água mineral.
Próxima parada foi a Disneilândia dos Robôs, um lugar super interessante, principalmente para criança, ou para adultos que ainda cultivam sua criança interior. Ele é quase um Castelo Ra-Tim-Bum. Robôs pedalando, bolinhas que sobem e descem, e umas bugigangas engraçadas. Se forem para Serra Negra, recomendo que passem pela Disneilândia dos Robôs.

E o friozinho pedia, então fomos tomar um capuccino na Brazillian Coffe. Que delícica de capuccino cremoso. Estava lotado, mas fomos bem atendidos. O café deu aquela aquecida, e continuamos andando.
No fim da tarde, fomos tomar um chopp acompanhados de uma amiga, que é de Serra Negra, e o namorado dela. Conversa agradável num ambiente tranquilo, com som baixinho, mas que estava lotado. Um dos points da praça da prefeitura, o Café-Boteko é um lugar muito bacana, atendimento bom, chopp Brahma bom, e mandioca frita muito boa!

Voltamos para Amparo, estava um super friozinho. Estávamos cansados, mas planejando mais passeios para o dia seguinte. Voltamos cedo no domingo para Serra Negra. Assistimos a apresentação de uma bandinha no palco da praça da prefeitura. Muito agradável. Depois fomos até o Alto da Serra. Nossa, amei o lugar, que vontade de ficar lá em cima! Aquela vista é muito bonita. Ver as cidadezinhas lá longe, tudo pequenininho...

Já era hora de almoçar e voltar pra casa. Resolvemos ir conhecer um lugar chamado Lago dos Macacaquinhos ou Macaquinhos Turismo, como algumas placas indicavam. No entanto, infelizmente, não foi uma experiência muito legal. O lugar tem algumas atrações: passeios de cavalo - num espaço bem reduzido-, uma pequena tirolesa, uns pedalinhos, alguns animais- coelhos, gansos, e os macaquinhos, numa pequenininha ilhazinha. Mas a decepção foi com a comida... Bom, o lugar é bonitinho, mas não aconselho ninguém a ir almoçar lá não...

No balanço geral, o feriado foi uma delícia. Infelizmente não tínhamos uma máquina fotográfica.. Mas aproveitamos bastante. E outra, viajar com boas companhias, no caso, como meu namorado, é sempre muito bom e divertido. Já estamos planejando o próximo passeio.

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

Bom, ando um pouco sem inspiração para escrever. Então, aproveitarei para indicar um livro que eu gosto muito. Na verdade, não falarei as impressões que tenho do livro. Apenas desejo compartilhar alguns trechos e, quem sabe, despertar o interesse de outros leitores para o livro. Aí, cada um vai dizer o que achou do livro, dos personagens.

"Ser mulher é para Sabina uma condição que ela não escolheu. Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso, pensa Sabina, encontrar a atitude certa. Parecia-lhe tão absurdo insurgir-se contra o fato de ter nascido mulher quanto glorificar-se disso."

"Foi se vestir. Estava diante de um grande espelho.
Não, seu corpo nada tinha de monstruoso. Ela não tinha sacos debaixo dos ombros, mas seios pequenos. Sua mãe caçoava dela porque não eram grandes como deviam ser, o que lhe dava complexos dos quais só Tomas acabara por libertá-la. Agora podia aceitar o tamanho deles, mas lamentava as aréolas muito grandes e muito escuras em torno dos mamilos. Se tivesse feito um projeto de seu corpo, teria mamilos discretos, delicados, que se destacassem levemente da curva do seio e de uma cor que mal se diferenciasse do resto de sua pele. Esse grande alvo vermelho-escuro parecia ter sido obra de um pintor popular qualquer que pintasse imagens obscenas para os pobres.
Examinava-se e imaginava o que aconteceria se seu nariz crescesse um milímetro pro dia. No fim de quanto tempo seu rosto se tornaria irreconhecível? E se cada parte de seu corpo começasse a crescer e a diminuir a ponto de fazê-la perder toda semelhança com Tereza? Seria ainda ela mesma? Existiria ainda uma Tereza?
Certamente. Mesmo supondo-se que Tereza não parecesse mais nada com Tereza, por dentro sua ama continuaria a ser a mesma, e não poderia senão observar, com pavor o que aconteceria com seu corpo. (...)
Subitamente, tem vontade de despedir esse corpo como quem despede uma empregada. Tem vontade de ser para Tomas apenas uma alma, de expulsar para longe esse corpo, para que se comporte como os outros corpos femininos se comportam com os corpos masculinos! Já que se corpo não soubera substituir todos os outros corpos para Tomas, e que ele perdera a maior batalha de sua vida, pois bem! Que fosse embora!"

Bom, só um comentário. Tem um filme, homônimo do livro, de 1988, que não recomendo! Assisti e fiquei deprimida, apesar de ter a linda e talentosa Juliette Binoche no elenco, como Tereza. Achei que a essência dos personagens simplesmente desaparece no filme. Eu, na minha inocência, achei o dvd numa locadora que estava vendendo tudo e, como adoro o livro, comprei o dvd. Foram os cinco reais mais mal usados dos últimos tempos. Dei o filme para uma amiga que disse ter gostado (observação importante: ela não leu o livro!).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fragmentos

Já não sei onde encontrar a menina dos versinhos e que sempre tinha uma palavra otimista; Já não sei onde encontrar aquela menina que tinha fé e esperança. Já não sei onde buscar aquela menina que tinha grandes sonhos e gostava de multidão.
Hoje, dia sim e outro também, encontro uma moça séria e que gosta de silêncio. Que já não dá gargalhadas. Uma moça que não sabe fazer planos que envolvam o 'para sempre'. Uma moça que se agarra ao presente como se o amanhã já estivesse fugindo...


[Setembro/2009]

terça-feira, 1 de junho de 2010

No supermercado

Estamos empurrando o carrinho de compras. Entre pacotes de biscoitos, chocolote, macarrão, arroz, açucar, lá estava, no cantinho esquerdo do carrinho, duas taças, dentro de duas cumbucas (hum, com friozinho tomar sopa também é muito bom!) e, logo atrás, cercada por pacotes macios de lenço e papel higiênico, uma garrafa de vinho. Eis que uma garotinha, de olhos arregalados se põe a observar o nosso carrinho. Percebi que ela estava de olho em nosso carrinho e fiquei observando-a também. Quando estavamos passando por ela e pelo pai ouvi:
- Papai, por que eles têm duas taças e só uma garrafa de vinho?
O pai prontamente respondeu que iríamos dividir o vinho.

Eu fiquei rindo sozinha. Fiquei tentando imaginar o que se passava na cabecinha daquela menininha. Porque ela tinha ficado muito espantada com a ideia de duas taças e só uma garrafa de vinho. Essa imagem deve ter ficado gravada na cabecinha dela: duas taças e uma garrafa de vinho. Quem sabe, daqui alguns anos, quando ela tiver um namorado, ela vai sentir vontade de comprar duas taças e uma garrafa de vinho e, vagamente, lá no fundo de sua memória, encontre um resquício dessa cena, e relembre da voz de seu pai dizendo:
- É que eles vão dividir o vinho.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Afrodite

Era jovem, bonita e de boa família. Prendada como todas as mulheres de seu tempo deveriam ser. Além dos serviços da casa, ou melhor, além de saber como administrar uma casa, tinha apreço por poesia e tocava piano. Era a terceira de uma família de cinco filhos, sendo que acima dela estava o irmão mais velho e uma irmã. Abaixo vinha mais duas meninas que contavam seus 9 e 12 anos. Recentemente ela tinha assistido o noivado e os preparativos para o casamento da irmã. Já dera, então, sinais de que o pai teria problemas quando chegasse sua vez. Indignada ficou em ver o futuro membro da família. Um homem já com cabelos brancos, de cara enrugada e hábitos pouco gentis. Era dono de muitas terras e nisso se resumia o interesse da família. Como ela já tinha lido alguns romances também, disse certa noite, enquanto estavam presentes a mãe e a irmã:
- Eu quero me casar com um homem que me ame, e que eu também o ame muito.

A mãe torceu o nariz e fingiu não ter escutado. A irmã, de gênio mais dócil e já resignada com seu destino, disse que amor era coisa dos Romances, e que na vida mesmo o que uma mulher deveria buscar era um homem que lhe garantisse um bom lugar na sociedade, filhos saudáveis, e muitos vestidos e chapéus bonitos.
Quem fingiu não ouvir nada dessa vez foi ela, continuou falando dos amores dos livros, e que seria um amor daqueles que viveria.

No dia do casamento, vendo a irmã tão bonita, entrando na igreja conduzida pela pai, e sendo recebida por aquele homenzinho sem graça, teve vontade de rir mas, minutos depois, dando-se conta de que era sempre assim - lembrava-se agora da prima Angélica, da prima Luiza, da filha do fazendeiro vizinho e até mesmo da esposa de seu irmão mais velho, tinha a menina acabado de fazer 15 anos quando se casaram, e o dia do noivado foi a primeira vez que se viram- teve mesmo foi vontade de chorar. Não se casaria com qualquer um, porque o pai assim desejasse. Não mesmo! Estava decidido, precisava logo encontrar o amor de sua vida, cuidar de se arranjar ela mesma, antes que alguém decidisse por ela. Já estava para completar 16 anos. De repente se deu conta de que a próxima seria ela.

*******
Passado o tempo, ela havia até mesmo esquecido dos casamentos. Continuava lendo seus livros, tocando piano nos finais de tarde, jogando pedrinhas no ribeirão, correndo atrás de borboletas. Como a vida social não era muito agitada, não tivera tempo de encontrar o amor de sua vida. Mas sabia que só deveria se casar com alguém que fizesse seu coração bater como um trem descarrilhado, e que ao vê-lo sentiria seu rosto em chamas e as mãos trêmulas e frias.

Mas, deu-se, então, certo dia, que a mãe veio lhe dar aquela notícia. O pai havia arranjado casamento para ela. Deveria usar aquele vestido novo, encomendado dois meses atrás, porque naquela noite ele viria oficializar o noivado. A menina foi pega de surpresa. Ficou pálida, quis chorar, implorou com os olhos marejados, disse que não se casaria. Mas a mãe disse:
- Não me faça ter que chamar seu pai. A senhorita deve se comportar. Que ingratidão demonstra para com seu pai, que com cuidado lhe escolheu um homem justo, de posses, e de tão boa família. O que mais deseja? Que mais julga ter direito? - E virando-se para a porta arrematou: Deveria ter aprendido com sua irmã.

Ela poderia ter chorado por horas, mas sabia que isso nada resolveria. Talvez ele fosse uma boa pessoa. Talvez nem fosse tão velho quanto o marido da irmã. Talvez gostasse de poesia e música. Talvez ele gostasse dela e ela dele. Mas sabia bem que não era assim. Sabia que a irmã passava todo o dia sozinha, enquanto o marido cuidava de negócios, e também muitas noites em casa sozinha, enquanto ele festejava com os amigos. A irmã não estava feliz. Já tinham lhe perguntado quando viria o primeiro filho. Ela estava pálida e abatida. Nem sorria mais, e nem os caros vestidos e bonitos chapéus lhe faziam feliz. Ela precisava encontrar um jeito, não podia se casar com esse desconhecido.

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Era bem apessoado. Talvez ainda não tivesse 30 anos. Sorriso largo e falante. Tinha estudado no estrangeiro. Não gostava da vida na fazenda, falava maravilhas da cidade e não das pequenas, como aquela que ela conhecia, mas das grandes. Gostava do teatro e dos vinhos, falava francês.
Ela nunca tinha visto um homem assim antes. Pensou que talvez tivesse sorte. Ele lhe beijou a mão todo cheio de mesuras. Fez logo cara de entendido e disse que ela tinha mãos de pianista. Elogiou sua elegância e beleza. E depois de ouvir a mãe dizer que ela tocava muito bem valsas, ele disse que seria um imenso prazer ouvi-lá. Ele olhava de um jeito que a deixava encabulada.
Ela não resistiu ao noivado. E foi tudo como os conformes. Em 8 meses o enxoval estava pronto e o casamento se consumou. Ela era agora uma mulher. Foi morar na cidade. Ele gostava de festas. A casa estava sempre cheia. Amigos e amigas. Música, dança, poesias. Ela achava que aquilo era amor. Até o dia em que Eugênio apareceu. Velho conhecido do jovem esposo, e que a primeira vista lhe roubou todo afeto e desejo da jovem esposa.

De repente, cada vez que ele chegava, ela sentia as mãos trêmulas, toda ela gelava para em seguida sentir-se quente, como se o sangue do corpo todo viesse até a superfície de sua pele. Sentia-se corar, não sentia os pés no chão. Era impossível olhar-lhe nos olhos. Aquilo sim, era aquilo que sonhava ser o amor. Como nos livros. Nos muitos romances que o marido lhe havia dado de presente. Mas não era ele que lhe fazia sentir-se daquele jeito. Eugênio também só tinha olhos para ela. Pensava nela por muitas horas no dia. E sempre arrumava uma desculpa para visitar o amigo, mesmo quando sabia que ele não estava. Mas o que ele sentia não era amor. Era desejo dos fortes. Não era homem de amores, mas de aventuras. E ela não passava de mais um capricho seu. Apenas esperava o melhor momento para desfrutar daquele corpo bem feito, de pele clara, cabelos tão negros, boca carnuda.

E foi assim, numa tarde despretenciosa, quando sabia o amigo ter viajado, que resolveu fazer uma visita. Ela estava entretida com um novo romance. Deliciando-se com a história de uma jovem senhora e seu amante. Pensava que era ela. Queria que o fosse. Levou um susto quando a criada anunciou a chegada de Eugênio. E foi mesmo dentro de sua casa que ela se entregou a seu verdadeiro amor, enquanto ele, finalmente, possuía aquela mulher que se tornara seu capricho.

Foram mais meia dúzia de encontros e amassos. Ela sentia-se desfalecer ao toque das mãos dele. Suspirava quando ele não estava por perto. Mas ele foi direto ao ponto:

-Sabe que isso dever ter fim. Um pouco mais e seu marido descobrirá. Não quero perder o amigo. Essa será a última vez.

Ela não podia compreender as palavras direito. Sentiu um forte enjoo. Os olhos ficaram marejados. Os doces encantos do que julgava ser amor verdadeiro, de repente, de uma só vez, transformaram se nas amarguras de uma realidade nua. Fora apenas a amante. Ele apenas desejou possui-la. Mas ela tinha descoberto uma coisa boa, aquela forma de amor errante, carícias obscenas, amor clandestino, era mesmo o que queria viver. Teve mais uns três amantes. Ela mesma deu jeito de dispensá-los, cada um a seu tempo. O marido, ou era mesmo muito bobo, ou talvez não se importasse em nada com ela. Não demonstrou nunca ciumes, embora fosse difícil dizer que ele não sabia.

Mas um dia ela se decidiu. Queria mesmo era ser possuída por quantos fosse que a quisessem. Deixou casa, marido, e família. Foi morar num bordel. Apresentou-se desde então como Afrodite. Nunca mais leu romances. Mas teve fartura naquilo que descobriu ser seu destino - sua cama esteve sempre cheia.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Envelhecendo [ou deixando de estar]

Estava lá,
mas era como se não estivesse,
ouvia tudo,
mas as palavras lhe atravessam sem nada mudar.
Estava lá,
mas era como se tivesse partido,
ou como se nunca tivesse mesmo chegado.
O olhar vazio,
a pele flácida,
a boca murcha.
Só sabia que estava lá
porque sentia noite e dia uma mão lhe acariciando os ralos cabelos embranquecidos.
Estava lá,
até quando, ninguém sabia.
A vida dos outros se resumia a uma longa espera pelo dia que não mais estaria.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Virada Cultural 2010


Está chegando, 15 e 16 de maio, em Sampa. Ano passado não fui, mas em 2008 foi muito bacana. Virada Cultural, para mim, além dos shows e de toda programação: música, dança, cinema, teatro - que você pode conferir aqui-, tem gosto muito bom de encontrar os amigos! Sim, já estamos todos agitados, e-mails, recados no orkut, telefonemas, chamando todo mundo. Tem coisa mais legal do que encontrar velhos amigos muito queridos e assistir vários shows de graça? Não! Estou ansiosa! E dá vontade de poder estar em vários lugares ao mesmo tempo...Bom, mas não dá, então o jeito é se programar!

Em 2008 assisti o show do Pena Branca, no Mercado Municipal, um presente! Infelizmente esse ano ele partiu, então, foi muito bom tê-lo ouvido lá, tocando viola, aquelas músicas que têm cheiro e gosto de infância, família, casa da vó.

Gente, esse ano vai ter Palavra Cantada! E The Temptations: I've got sunshine/On a cloudy day./When it's cold outside, /I've got the month of May./

Bom, para quem não gosta da muvuca, ou não poderá ir para São Paulo, uma opção será acompanhar a programação da Virada Cultural 2010 pela TV Cultura. O importante é ficar ligado nas possibilidades e aproveitar a programação!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

COMUM - Nem tão comum assim

Aproveitando o embalo do último post, hoje vou divulgar uma iniciativa de artistas mineiros. (Oba, falar de mineiros no Mineirice!!)

É uma galera que também tem pensado um bucado sobre direitos autorais, distribuição e acesso à produção cultural. Foi criada uma Cooperativa da Música Mineira - COMUM. O pessoal envolvido com essa iniciativa tem uma maneira de pensar a distribuição dos bens culturais nada comum.

Vale a pena dar uma conferida no trabalho deles e também no que eles pensam sobre o assunto. Aí vão duas dicas, pra vocês darem uma espiadinha.

Makely Ka

Leopoldina

sábado, 8 de maio de 2010

Direitos autorais (editoriais?) e direito de acesso à produção cultural

O surgimento de novas tecnologias - novas mídias: ipods, iphones-, e a rápida difusão das mesmas têm trazido com elas a necessidade de repensarmos antigas práticas e leis no que diz respeito, por exemplo, à produção e distribuição dos bens culturais: livros, filmes, músicas e afins.

De acordo com a legislação atual do Brasil, eu estou fora da lei. Sim, porque copiar um CD, original e devidamente adquirido por mim, no meu computador, é crime! (e quantos não estão fora da lei nesse país, por muito mais, claro!). Xerocar livros? Nem pensar! Nos últimos dias a Polícia Federal andou fazendo apreensões em xerox, dentro e fora de universidades de Campinas. Bom, nem precisa dizer que isso tem gerado uma baita discussão. Se eu disser que livro é material de luxo por aqui, não estarei contando nenhuma novidade. Caro, muito caro, sim!

O grande índice de pirataria é resultado de lei rígida que, de acordo com pesquisa apresentada no Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais, coloca o Brasil no 7º lugar no ranking dos países mais restritivos em direitos autorais. Não é atoa que corre há quatro anos um debate, promovido pelo MinC, sobre a reforma da lei de direitos autorais (lei nº 9.610/ 98). Nem precisa dizer que as empresas não gostam nem um pouco dessa história...

A promessa do Ministro Juca Ferreira é promover uma consulta pública sobre a reforma da lei de direitos autorais, assim que os ministérios ligados ao tema estiverem informados e posicionados sobre o assunto. Que isso aconteça logo, afinal, já são quatro anos de conversa...

Acredito que, diretamente, esse assunto diz respeito a todos nós! Vale pena dar uma pesquisada por aí, ler um pouco e ficar por dentro das discussões.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O colégio

Estava sentada na cadeira de balanço para o costumeiro descanso após o almoço. Tinha nas mãos um livro. Era um romance água com açucar, só mesmo para passar o tempo. Mas já não estava preocupada com aquelas linhas. Alguma palavra, ou a combinação de algumas delas, e o cheiro de terra molhada que entrava pela janela - havia caido uma chuvinha gostosa uns quinze minutos antes, e agora o sol já queimava novamente-, fato é que estava longe. Num vai e vem de pensamentos e lembranças, de repente, tinha onze anos. Caminhava pelo pátio numa tarde preguiçosa morna e com cheiro de terra molhada. Mariana e Isabel caminhavam ao seu lado.

Como estariam agora as velhas amigas? Durante anos mantiveram contato. Mas desde que se mudara para o interior não teve mais notícias. Também não deu mais notícias a ninguém. Naquela tarde, resolveram cabular a aula de literatura. Como eram incríveis as ideias de uma cabecinha naquela idade. O teatro do velho colégio católico era um ótimo esconderijo. Irmã Florência, que dava aulas de literatura, já era bem velhinha e as meninas tinham muita energia para ficarem ouvindo a irmã falar de poesia e escolas literárias.

Mariana foi quem deu a ideia de se esconderem no teatro. Além do mais, Isabel estava cismada de que as irmãs guardavam segredos naquele lugar. A última vez que estivera lá ouvirá choro de criança. Era sim! Ela tinha certeza. Vinha de alguma parte daquele velho teatro.

Ainda podia sentir o coração batendo forte como quando encontraram a passagem secreta. Aquela tábua solta no assoalho as levou escada abaixo ao porão do teatro. Isabel dava gritinhos de emoção! Eu disse! Eu disse! Ela repetia em sussurros, enquanto descia a escada de madeira. As duas a seguiam. Lembrava de ter recolocado a tábua no lugar para que ninguém as descobrisse. O cheiro era muito ruim. Mofo e um perfume doce e enjoativo, como se alguém tivesse acabado de usar. E aquelas caixas e baús? Não estavam empoeiradas. Abriram algumas. Mas o que significavam aqueles vestidos espalhafatosos? Vermelhos e dourado, azul e amarelo. Cheios de laços e babados. E os saltos? Sandálias e sapatos, também coloridos. Quem usaria aquelas coisas? Puseram-se a imaginar irmã Clara, irmã Maria, irmã Felicidade, irmã Florência. Riram muito! Mas não fazia sentindo. Encontraram uma pequena caixinha de madeira, com cartas. Mas que língua era aquela? As aulas de Francês de irmã Clara serviram para Júlia identificar algumas palavras. Pegou uma carta e colocou no bolso.

Mais estranho do que os vestidos e sapatos foi aquele bauzinho cheio de roupas de criança que encontraram embaixo da escada. Mantinhas, calças, pagãozinhos, e tudo com cheirinho de limpo e até mesmo de criança. E aquele saco preto? Que nojo, estava cheio de fraldas usadas, emboladas e jogadas lá dentro. Isabel se lembrou do choro de criança que ouvira da vez passada.

Sentia o coração quase parando, podia ouvir aqueles passos lá em cima, e as vozes sobre suas cabeças. Ficaram imóveis, nem respiravam. Mas os passos se afastaram e as vozes sumiram. Fez-se total silêncio. Subiram a escada depressa. Escapuliram até o pátio. Mal botaram os pés ali, ouviram irmã Felicidade: O que as senhoritas estão fazendo aqui? Não deveriam estar na aula da irmã Florência? Elas resmungaram "sim, senhora" e correram para a sala. Tinham um enorme segredo agora. Não ouviam nada do que a irmã falava. Só conseguiam imaginar como ela ficaria num daqueles vestidos, e com os pés dentro daqueles sapatos, ao invés daquelas delicadas sapatilhas.

Voltaram ao teatro umas três semanas depois. Mas que decepção. Havia um enorme, velho e pesado armário bem em cima daquela tábua solta. Parece que alguém também as tinha descoberto.

Nunca puderam explicar aquilo tudo. A carta, Júlia guardava até hoje como um grande tesouro. Era uma carta que não havia sido enviada, mas que não estava assinada. Era para um tal de Luis, que estava na França, dizia que aqui estava tudo bem e que sentia muitas saudades. Falava também do 'fruto' que crescia e que a todo momento lhe trazia lembranças...

Balançando ainda na cadeira, Júlia sentiu alguém tocando seus cabelos de leve, abriu os olhos.
- Estava sonhando mamãe?
-Estava meu amor! estava....

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Listen to English - learn English!

Hi everyone!

Hoje a dica é de um site super bacana para quem estuda ou pretende estudar inglês.
to Listen to English, the podcast website for people learning English. Ele também pode ser uma boa ferramente para professores de inglês.
O site existe desde 2006. Em 'Archive' você encontra os podcasts mais antigos, listados em ordem alfabética. Alguns podcasts também trazem execícios de compreensão de texto. Além disso, sempre aparecem dicas, in "News", de outros sites que também tem material para quem está aprendendo uma nova língua.

Vale a pensa dar uma conferida!

domingo, 2 de maio de 2010

Alice


Finalmente fui ver a Alice de Tim Burton. Shopping mega lotado, não é meu lugar favorito definitivamente. Mas, como não tem outro jeito, lá fomos nós. Sábado à noite, primeiro de maio, feriado. Sim, pegamos uma senhora fila. Descobri que numa cidade como Campinas, pouco ou nada sobra para se fazer num sábado à noite que é feriado, a não ser ir para o Shopping. Voltas e voltas até conseguir estacionar, lá no fim do mundo onde sequer tinha numeração das vagas. Mas conseguimos. Praça de alimentação lotada. Lojas fechadas, e o povo pelos corredores olhando as vitrines como cachorrinho de rua em frente àquelas máquinas de frango assado...

A sessão era às 21:50h, mas tinha gente na fila desde as 19:30h. No fim conseguimos um lugar razoável. O 3D, bom, não sei se é a falta de costume com a tecnologia, mas apenas em raros momentos achei que ele, de fato, faz diferença... (Alice foi o primeiro filme em 3D que assisti). Mas falando do filme: gostei muito. Minha paixão pelo jeito Tim Burton de ver o mundo e fazer cinema vem de longa data. Lá das sessões da tarde dos anos 90, assistindo Edward mãos de tesoura. Claro, essa paixão se estende ao grande parceiro de Tim, Johnny Deep. Sou fã dos dois. E o Johnny está muito bem de Chapeleiro Maluco.

O País das Maravilhas através das lentes de Tim Burton pode desagradar quem esperava encontrar aquele velho lugar onde a pequena Alice caiu. Mais sombrio, o mundo subterrâneo revela um momento diferente da vida de Alice, não mais uma criança, mas uma bela jovem que precisa encarar um dragão. E que dragão! Que noivo foi aquele que arrumaram para a pobre garota? Mas ela se saiu muito bem. Entre esticadas e diminuídas, a jovem Alice pode se tornar aquela outra Alice novamente.

Destaque merece também a Anne Rathaway, como a Rainha Branca. Ela está lindíssima e muito caricata. A esposa de Tim, também parceira dele em grandes filmes, como Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet, Helena Bonham Carter, está fantástica de Rainha Vermelha, fazendo muitas cabeças rolarem.

Maquiagem e figurino de encher os olhos de beleza. Trilha sonora, como sempre nos filmes de Tim Burton, impecável. A parceria com Danny Elfman é outra que vem de longa data e tem dado resultados dignos de louvor.

Agora, que rolou um clima entre o Chapeleiro e Alice, ah rolou! Saí do cinema com essa sensação. Ou será que foi só eu que achei isso??!

Bom, com ou sem clima entre Alice e o Chapeleiro, eu recomendo com certeza! Um filme bonito e inteligente que merece ser apreciado!


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Boa música

De vez em quando tentarei postar algumas dicas de cinema, sites interessantes e música.
É mais uma maneira de dividir o meu mundo com os leitores que passarem pelo Mineirices.
Hoje a dica é de um cantor, compositor, violeiro e que também já andou se aventurando como ator: Almir Sater. Uma voz inconfundível. Canções que nos trazem uma paz e uma beleza que nos enchem de alegria e, no meu caso, trazem uma nostalgia e uma saudadezinha de casa. (Não, ele não é mineiro, mas viola e Minas é uma coisa que combina bastante!)
Almir certamente dispensa tantas apresentações, mas para quem não conhece, deixo aqui duas músicas de seu sétimo album, 7 Sinais.

Três toques na madeira


Maneira Simples

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eu sem você

Eu sem você
sou café sem leite
em tarde de inverno sem sol.

Eu sem você
sou arroz sem feijão
no prato do garoto sem fome.

Eu sem você
sou poema sem rima
falando de tristeza.

Eu sem você,
na verdade, nem sei dizer,
nem sei pensar.

Acho que não seria...

terça-feira, 27 de abril de 2010

E se...

E se não estiver bom?
Não coma!

E se não for bom?
Devolva!

E se não ficar bom?
Tente novamente!

E se estiver bom?
Se lambuse!

E se for bom?
Use e abuse!

E se ficar bom?
Aproveite a fama!

Hoje

Pegue-me no colo,
afague meus cabelos,
hoje eu preciso disso.
Hoje eu não quero ser forte,
nem ter as palavras certas,
quero ser conduzida,
preciso de alguém para me guiar.

Peque-me no colo,
afague meus cabelos,
dê-me um beijo sincero e demorado,
segure a minha mão,
deixe-me mostrar toda a fragilidade que carrego.
Hoje eu preciso que me conduza,
que me diga as palavras otimistas
e carinhosas.

Pegue-me no colo,
não fale nada,
afague meus cabelos,
hoje eu só preciso disso.

(escrita em 30/01/2009)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

'Buteco'

Lá vem o Zé,
ventante, cambaleante,
trocando os pés pelas mãos...
No caminho diz adeus pro Maneco,
segue:
dois passos a frente
e três pra trás,
Ao invés da porta de casa,
se achega no próximo buteco..

sábado, 24 de abril de 2010

Terceirização de parques está em andamento

Bom, acabei de ler, e não tenho uma opinião bem formada ainda sobre o assunto, mas é, no mínimo, para botar uma pulga atrás da orelha.

ICMBio confirma que no último dia 29 de março o então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lançou, em Teresópolis (RJ), os editais de concessão de serviços de apoio à visitação nos parques nacionais da Serra dos Órgãos e do Itatiaia, que ficam na região serrada do Rio de Janeiro, e parque marinho dos Abrolhos, no litoral da Bahia.

A informação pode ser confirmada no site do ICMBio.

Ver também: Parna Altos da Mantiqueira

Edital para terceirização

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Escolas, pais, professores, educação: uma questão de cidadania

Lendo coisas por aí, encontrei a dica de um blog, no mínimo, curioso. Uma mãe, jornalista, classe média, paulistana (ou ao menos residente em São Paulo), que depois de rodar por várias escolas particulares tomou a decisão, absurda para alguns, corajosa para outros, de matricular seus dois filhos numa escola estadual em São Paulo. No blog, Escola pública não é de graça, Vanessa Cabral relata suas experiências e a de seus dois filhos. Ela escancara mitos, preconceitos e realidade que têm feito parte do do dia-a-dia dos brasileiros nos últimos anos acerca da educação. Como ela mesma fez questão de dizer, o blog expõe a visão dela e não deve ser tomado como a última verdade sobre o assunto. Mas é uma experiência interessante e que pode nos ajudar a repensar nossos posicionamentos como cidadãos, educadores ou pais.

Li, certa vez, numa disciplina da faculdade de educação, um texto da Hanna Arendt, The crisis in education (A crise na educação - do livro Entre o passado e o futuro), no qual a filósofa faz uma crítica que me parece muito atual. Recomendo também a leitura para aqueles que se aventuram a pensar a educação no Brasil hoje.

Só para refletir um pouco, transcrevo abaixo o parágrafo final do texto:
"A educação é o ponto no qual decidimos se nós amamos o mundo o suficiente para assumir responsabilidade por ele e, ao mesmo tempo, o salvar da ruina que, exceto pela renovação, exceto pela chegada do novo e do jovem, seria invevitável. E educação também é onde nós decidimos se amamos nossas crianças o suficiente para não expulsá-las do nosso mundo e deixá-las aos seus próprios cuidados, nem tirarmos das mãos delas a chance de tentar alguma coisa nova, alguma coisa não prevista por nós, mas para as preparar , antecipadamente, para a tarefa de renovar um mundo comum" (tradução livre)

Sobre o que se fala

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