quinta-feira, 10 de junho de 2010

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

Bom, ando um pouco sem inspiração para escrever. Então, aproveitarei para indicar um livro que eu gosto muito. Na verdade, não falarei as impressões que tenho do livro. Apenas desejo compartilhar alguns trechos e, quem sabe, despertar o interesse de outros leitores para o livro. Aí, cada um vai dizer o que achou do livro, dos personagens.

"Ser mulher é para Sabina uma condição que ela não escolheu. Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso, pensa Sabina, encontrar a atitude certa. Parecia-lhe tão absurdo insurgir-se contra o fato de ter nascido mulher quanto glorificar-se disso."

"Foi se vestir. Estava diante de um grande espelho.
Não, seu corpo nada tinha de monstruoso. Ela não tinha sacos debaixo dos ombros, mas seios pequenos. Sua mãe caçoava dela porque não eram grandes como deviam ser, o que lhe dava complexos dos quais só Tomas acabara por libertá-la. Agora podia aceitar o tamanho deles, mas lamentava as aréolas muito grandes e muito escuras em torno dos mamilos. Se tivesse feito um projeto de seu corpo, teria mamilos discretos, delicados, que se destacassem levemente da curva do seio e de uma cor que mal se diferenciasse do resto de sua pele. Esse grande alvo vermelho-escuro parecia ter sido obra de um pintor popular qualquer que pintasse imagens obscenas para os pobres.
Examinava-se e imaginava o que aconteceria se seu nariz crescesse um milímetro pro dia. No fim de quanto tempo seu rosto se tornaria irreconhecível? E se cada parte de seu corpo começasse a crescer e a diminuir a ponto de fazê-la perder toda semelhança com Tereza? Seria ainda ela mesma? Existiria ainda uma Tereza?
Certamente. Mesmo supondo-se que Tereza não parecesse mais nada com Tereza, por dentro sua ama continuaria a ser a mesma, e não poderia senão observar, com pavor o que aconteceria com seu corpo. (...)
Subitamente, tem vontade de despedir esse corpo como quem despede uma empregada. Tem vontade de ser para Tomas apenas uma alma, de expulsar para longe esse corpo, para que se comporte como os outros corpos femininos se comportam com os corpos masculinos! Já que se corpo não soubera substituir todos os outros corpos para Tomas, e que ele perdera a maior batalha de sua vida, pois bem! Que fosse embora!"

Bom, só um comentário. Tem um filme, homônimo do livro, de 1988, que não recomendo! Assisti e fiquei deprimida, apesar de ter a linda e talentosa Juliette Binoche no elenco, como Tereza. Achei que a essência dos personagens simplesmente desaparece no filme. Eu, na minha inocência, achei o dvd numa locadora que estava vendendo tudo e, como adoro o livro, comprei o dvd. Foram os cinco reais mais mal usados dos últimos tempos. Dei o filme para uma amiga que disse ter gostado (observação importante: ela não leu o livro!).

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