De repente, ela apareceu. Ninguém
viu de onde. Como um milagre, ela surgiu.
Ficaram de olhos arregalados.
Ouviu-se um burburinho se alastrando pela vizinhança. Quem seria aquela
sirigaita, era a pergunta que os olhos aparvalhados e as caras estupefatas se
faziam.
Ela não se intimidou. Desfilou.
Mediu cada canto do novo território. Parecia também surpresa. Talvez não
tivesse planejado parar exatamente ali. Ela tinha um jeito atrevido. Balançava
a cabeça de um lado pro outro. Chacoalhava o corpo num gingado sedutor. Aquilo
foi o suficiente. Em poucos minutos ela estava cercada. Olhos interrogantes. O
burburinho crescente, que logo virou um chiado bem barulhento. E em seguida uma
grande confusão.
Estava armada uma briga sem
precedentes por aquelas bandas. Teve sangue. Arranhões. A forasteira, sozinha,
se viu acuada. De longe o galo só bateu as asas, de novo pra lembrar quem
mandava no pedaço. A poeira foi baixando. Parecia que tudo voltaria ao normal.
Mas a recém chegada não deu sinal de partir. Ficou lá, num canto, tentando se
recompor. As outras, desconfiadas e ainda enciumadas, formavam uma fileira a
pouca distância. Não dariam tréguas à forasteira. Ela teria que conquistar seu
espaço, se pretendia ficar.
Ela, que ajeitava as penas que
haviam sobrado, já tinha entendido quem realmente mandava naquele galinheiro.
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