terça-feira, 23 de setembro de 2008
Um pouquinho de Pessoa
Fernando Pessoa
Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Sentido e sentimentos
Às vezes se sentia grande. Grande como aquelas pessoas que são altas e que chamam atenção quando passam pela rua ou grande como aquelas pessoas que, embora não tão grandonas, têm responsabilidades e um ar de gente séria.
Outras vezes sentia-se pequenininha pequenininha. Como criança de colo deve se sentir quando a colocamos bem no meio de uma cama de casal grandona. Com um mundo vasto e assustador espalhado por todos os cantos. Nessa horas queria sempre um abraço pra se esconder. Ou simplesmente chorava... Deve ser por isso que as crianças choram aquele choro doído tantas vezes...
Mas, tinha vezes que não sentia nada. Que deixava o corpo se jogar em algum lugar, na cama do beliche, ou no colchão da sala, ou no banco no circular e não pensava em nada. Ficava horas e horas viajando num vazio estranho. Em alguns momentos parecia que estava tudo cheio de palavras, e música, e medos e sonhos, e sorrisos, e fotos, e vozes, e cores e saudades. Só que essa mistura toda voltava a ser nada. Ou sempre fora nada. Ficava minutos, horas, uma eternidade num segundo. Nunca sabia direito quanto tempo tinha passado.
Sentia uma sonolência. Uma sensação de quem acorda de um sonho esquisito e esquece do enredo do sonho, permanecendo só uma sensação de que se sonhou. Os olhos ardentes lhe deixavam ainda mais confusa. Teria cochilado? dormido muito tempo? ou só dera uma piscadela? O silêncio ao redor parecia sussurrar algum segredo. Mas era segredo, e ela não podia escutar. E quantas vezes tinha se distraído por querer, só pra não ouvir o segredo. O mundo parece sentir uma coceirinha na língua. Insiste em nos dar pitadelas de segredos que se revelarão logo ali na frente. Ela desconfiava que tudo isso era feito só pra depois ele se divertir com nossa cara de espanto e alegria misturada com um pouquinho de "eu já sabia"...
Mas nesses momentos que não sentia nada, não importava se ela era grande ou pequena. Se sabia muitas coisas ou coisa nenhuma. Se era bonita ou não. Tudo tão irrelevante. A única coisa relevante nesses momentos era o nada silencioso que ocupava tudo, transformando tudo em nada. Numa confusão de tudo, onde as coisas, pessoas, vozes, músicas, sentimentos, lembranças e o futuro pareciam sair de dentro dela ou vir entrando num repente pela sua boca ou pelos seus olhos que já não podem reconhecer contorno de nada. Sim, o nada não tinha contornos. Sem limite ele vai engolindo tudo.
Sentia um calor no rosto. Sentia também um balançar esquisito, o corpo tremia de leve. Mas tudo isso foi sumindo. Ficando distante, parecia que ela se derretia ou evaporava. Um sussurro insistia em contar algo, mas ela já não ouvia, não podia ouvir. Nem falar. Era nada e tudo com o tudo que era nada. Mas foi bem nesse momento que acordou. O corpo dormente, de repente passou a formigar quase que por completo. Ela havia adormecido no banco da sala. O sol da tarde havia avermelhado seu rosto. Os livros caídos pelo chão, o rádio ligado, e o gato observando.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
brincadeirinhas
Ele, com os olhos arregalados e um sorriso travesso no rosto soltou:
- "Cem" Fran??? Oba!
risos!!
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Fé e milagres
Direitos autorais protegidos por
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil License.