O pronunciamento de ontem (24/03/2020) de Bolsonaro é prova cabal de que apoiar ou ser contra Bolsonaro não é uma questão político-ideológica ou partidária, mas moral. O que ele fez ontem configura crime. Contrariando evidências científicas, orientações da OMS e as ações de líderes de mais de 127 países, além das orientações do seu próprio ministro da saúde, Bolsonaro incentivou o fim do isolamento, o retorno às aulas presenciais, a abertura do comércio. De maneira irresponsável e criminosa, chamou mais uma vez de 'gripezinha' a pandemia que já matou quase 20 mil pessoas no mundo.
Os números da pandemia no Brasil estão subnotificados, uma vez que não estamos fazendo testes de maneira exaustiva, e apenas casos graves estão sendo testados. E mesmo subnotificados, já apontam para um cenário mais dramático do que aquele hoje visto na Itália e na Espanha, atuais epicentros da pandemia, caso não façamos o isolamento de maneira eficiente. Que irão morrer muitas pessoas é uma certeza. Mas temos que fazer tudo que estiver ao nosso alcance para minimizar esse quadro. Infelizmente as pessoas que já são as mais vulneráveis, desassistidas pelo poder público e que estão às margens da sociedade, serão as maiores vítimas. Quanto aos idosos, principal grupo de risco para o coronavírus, não basta deixá-los em casa enquanto seus filhos e netos continuam circulando. Se crianças e adultos abaixo de 60 não correm riscos de terem complicações com a doença - o que não parece ser totalmente verdadeiros - eles são vetores do vírus.
Bolsonaro ao fazer coro às falas desumanas e desastradas de "empresários" como Roberto Justos, Júnior Durski (dono do Madero) e Luciano Hang (o véio da havan) mostra que não tem qualquer compromisso com o povo brasileiro, com os trabalhadores, com as pessoas mais pobres. Para esses homens - todos acima de 60 anos, portanto, grupo de risco - a morte de 5 ou 7 mil brasileiros não pode parar a economia - leia-se: seus lucros! Mas sem isolamento, a projeção é de que teremos muito mais do que 7 mil mortos. Segundo o The Intercept, documentos secretos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) vazados hoje apontam para 5,5 mil mortes só nos próximos 15 dias.
É difícil falar em estratégia ou método de Bolsonaro no pronunciamento de ontem. Analistas acreditam que ele fez uma aposta alta: se o isolamento funcionar, e conseguirmos conter o avanço do coronavírus, Bolsonaro dirá que era histeria da mídia e dos governadores e prefeitos e os culpará pelo fracasso da economia. Mas depois da fala de ontem, se o Ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, continuar no cargo, estará se tornando cúmplice de um presidente genocida. O DEM, partido de Mandetta, e de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, pode começar a pressionar o ministro para renunciar. Se isso acontecer, e Bolsonaro indicar alguém alinhado com o seu discurso criminoso, algum olavista de plantão, teremos um cenário favorável a aceitação dos pedidos de impeachment que já estão no Congresso.
Um impeachment não é animador nesse contexto por vários motivos, um deles é que Mourão, o vice, não é confiável, porque não é tão diferente assim de Bolsonaro, afinal é seu vice. Mas se nesse momento, Mourão não endossar as declarações genocidas de Bolsonaro, o país já está no lucro. É imperativo tirar Bolsonaro da Presidência da República ou não haverá futuro para esse país. Bolsonaro não se importa com a vida de milhares de brasileiros, talvez até alimente secretamente a esperança de que essa pandemia possa aliviar "os gastos públicos com previdências e auxílios sociais". A perversidade desse homem e de seus apoiadores parece não ter limites.
Já passou da hora do povo brasileiro, de todos aqueles que são democratas, que têm um mínimo de responsabilidade, que defendem a Ciência, que se preocupam com a vida de milhares de brasileiros que serão vítimas desse projeto genocida anunciado ontem pelo presidente, pedirem o #impeachmentdeBolsonaro. Não é preciso se unir - os partidos -, não estou pedindo isso, é apoio ao afastamento imediato desse senhor perigoso da Presidência da República, em nome da proteção do povo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário