quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sobre as coisas que não sabemos aos 15 anos

Quando a gente tem 15 anos e se apaixona, parece que o mundo vai acabar no minuto seguinte. Parece que cada minuto longe do 'amor da nossa vida' será o fim de tudo! E a gente acha mesmo que aquele namoradinho (dois ou três anos mais velho que a gente) é o homem da nossa vida! Que nossa vida não terá sentido se ele não estiver por perto!  Em raríssimos casos, que eu saiba, aquele amor dos 15 anos acaba sendo o amor da vida toda. Mas é raro! O mais comum, mas que a gente nem desconfia quando tem 15 anos e se apaixona, o que realmente acontece é que virão muitos outros 'amor da vida':  aos 16, aos 17, aos 18,  até que, talvez, a gente não acredite mais em amor pra vida toda, e seja feliz com o amor que dure até a próxima primavera.

Mas quando a gente tem 15 anos, isso é inconcebível. E se o namorico acaba, nos entregamos a lágrimas infinitas, escrevemos página e páginas de um diário real ou imaginário, ficamos de luto, ouvimos 100 vezes 'a nossa música', enfim, sentimos que nossa vida não tem sentido! Mas isso será até nos apaixonarmos novamente! Até encontrarmos um 'novo amor pra vida toda'. Mas não sabemos isso quando temos 15 anos. E somos trágicas, românticas e bobas! Mas é a vida! É preciso sofrer, chorar, se descabelar, achar que o mundo vai acabar porque o ex-namoradinho estava lindo de morrer na festa do último fim de semana! Ou porque ele arrumou outra... É necessário que isso aconteça! É necessário que mudemos o corte de cabelo, que coloquemos a roupa que nos deixa mais bonita e que possamos nos sentir um arraso, embora estejamos arrasadas por dentro. Mas tudo isso tem que acontecer quando temos 15, 16, 17, 18 anos! Porque depois seremos mulheres poderosas, com as quais, aos 15 anos, nem em sonho nos encontraríamos. 

Aos 15 anos, a gente se apaixona e vê diante da gente um príncipe encantado, mesmo que de príncipe ele não tenha nada. Mas quando o príncipe nos magoa, nos sentimos traídas! Afinal, príncipes encantados deveriam nos tratar como princesas e nos fazerem felizes e não tristes. Príncipes encantados não têm defeitos! Mas tudo isso acontece porque aos 15 anos ainda não sabemos que príncipes encantados não existem mesmo! O que existem são homens, ou meninos crescidos, que, como nós mesmas, têm um monte de defeitos! E fazem coisas incompreensíveis! E que nem todas as nossas lágrimas poderiam resolver os problemas! Porque eles, os meninos crescidos, quando têm 16, 17, 18, 23 ou muitos anos, estão, como nós, aprendendo a viver! Aprendendo com seus erros. E talvez aquele namoradinho de quando tínhamos 15 anos gostasse mesmo daquela menina boba que éramos! Talvez gostasse bastante, e talvez tenha se arrependido de tê-la perdido, mas ele não sabia demonstrar que gostava, e menos ainda que sentia falta. Mas aos 15 anos a gente não tem tempo (nem disposição) pra pensar em tudo isso! O mundo está sempre na iminência de acabar! Somos intensas! E é tudo ou nada!

Mas depois dos 15, depois dos 20, quase chegando aos 30, encontramos calma ou, pelo menos, não estamos mais sentindo que o mundo vai acabar no minuto seguinte. E quando olhamos pra trás, sorrimos ao ver aquela menina de 15 anos, desesperada, e que apesar de ter achado que o mundo ia acabar a cada fim de namoro, sobreviveu, e aos poucos foi se tornando aquela mulher de quase 30, que ainda se apaixona, que é intensa, mas que já sabe tudo que a menina de 15 não sabia.



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