Era uma tarde quente de verão. Quente também estavam os corações. E descompassados, amedrontados. Sentados, um do lado do outro, cada um olhando pra um lado. Há quanto tempo estavam assim? Cinco anos, não são 5 dias, nem 5 meses. Mas em que momento deixaram de olhar para a mesma direção? Estavam mudos, e diziam tantas coisas. Era medo, era costume, era um não saber ser sem o outro. Mas, ao mesmo tempo, cada um era do seu jeito, sem encontrar espaço suficiente na vida do outro.
Os livros dela, as roupas dele, dividindo o mesmo teto. E parece que nem sabiam mais quando passaram apenas a dividir o mesmo teto.
E foi assim, sem ter muito o que dizer, que decidiram entre soluços e silêncios que deviam seguir cada um seu rumo. Se era ponto final, se apenas uma pausa, era cedo pra dizer. Ela juntou suas coisas e os pedaços dela mesma e botou num saco e foi. Ele ficou com o resto e o vazio da falta dela.
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