segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sobre escolas e escolhas

Eu sempre estudei em escola pública e digo isso com orgulho! Toda minha educação básica foi feita na Escola Estadual Marquês de Sapucaí, de Delfim Moreira, MG. Bons tempos aqueles! Eu tive professores que fizeram diferença na minha vida. Professores que se importavam. Professores que se respeitavam. Professores que se fizeram dignos diante dos meus olhos. Nem sempre eu fui justa com eles. Nem sempre eu soube entender suas atitudes. Mas, de algum jeito, eu sempre soube admirá-los e respeitá-los. Eles conseguiram me fazer entender a grandeza dessa profissão, hoje a minha profissão. 

Esse ano de 2012 entrei na rede estadual de São Paulo como professora efetiva de filosofia. E faço questão de dizer para os meus estudantes que eu sempre estudei em escola pública e que me formei numa das melhores universidades do país, a Unicamp. É bom notar que não digo isso a fim de afirmar nenhuma superioridade em relação a colegas formados em outras instituições, públicas ou privadas, mas apenas com o intuito de fazê-los acreditar que é possível ingressar numa boa universidade pública de ensino superior, tendo estudado sempre em escolas públicas. 

Com todos os problemas e as dificuldades que os professores enfrentam hoje, eu ainda tenho a pretensão de fazer a diferença na vida de algumas pessoas, assim como os meus professores fizeram na minha vida. Estou longe de acreditar que a filosofia por si só é capaz de mudar a educação, como alguns alardeiam por aí. A disciplina que escolhi tem sim um papel privilegiado dentre as demais ao permitir mais espaço para a conscientização do estudante de seu papel enquanto cidadão ou para provocá-lo a respeito de problemas de ordem ética ou epistemológica e tantos outros. No entanto, os professores que mais marcaram minha vida não o fizeram por causa da disciplina que ensinavam, mas pela atitude como professor, pela honestidade com que se apresentavam diante de mim, pela paixão que conseguiram transmitir naquilo que faziam, pelo respeito e compromisso, pelo entusiasmo, apoio e incentivo que me foram dados. Independente da disciplina, da matéria que lecionavam, eu tive professores que abriram meus olhos, ampliaram meus horizontes e me fizeram acreditar em grandes sonhos e, juntamente com isso, se esforçaram por colaborar com a realização desses sonhos. 
Tenho alguns colegas hoje que também me servem de inspiração. Pessoas que, apesar de todos os empecilhos, de toda desvalorização e precarização da carreira de professor, não fazem disso desculpa para serem medíocres. 
Eu ainda tenho dúvidas quanto ao meu futuro profissional. Ainda tem escolhas para serem feitas. Mas, neste momento, estou consciente do compromisso que assumi com os meus estudantes. Espero conseguir fazê-los perceber o que eles têm de melhor e o quanto são capazes de mudar suas próprias histórias. 


*Quando eu escrevi esse texto, no início de 2012, eu estava num momento Pollyanna. Não sei quanto tempo ele vai durar, mas espero que o suficiente para ter mais um bom ano!

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