sábado, 8 de dezembro de 2007

palavreação

o pensamento ia pra tantos lugares! e vinha de tantos outros cantos! os dedos ligeiros preenchiam a tela. Frases curtas. Talvez não tivesse muito o que escrever. Na verdade precisava escrever, tinha um trabalho pra entregar na quarta-feira. Mas como estava cansada. Sentia que era hora de descansar. Às vezes se perdia perguntando em que momento tudo tinha fugido de seu controle daquela maneira. Mas impossível ter resposta. Cada vez que fazia uma pergunta, era como se tudo a sua volta se embaralha-se como cartas de baralho sobre uma mesa de bar, cercada por garrafas, copos, mãos trêmulas e vozes altas...

Não entendia mais nada! em um piscar de olhos o mundo parecia ter suas configurações alteradas para sempre, e de maneira irreparável...
de repente a tela estava cheia! e quantas coisas é possível escrever sem dizer quase nada... sentia saudade de casa. Dos amigos. Do cheiro de sua cidadezinha querida. Mas seria tão curto o tempo que passaria lá. Nem tinha viajado e já pensava em quando voltaria. Esses anos todos, tantas coisas haviam mudado, mas estranhamente tinha momentos que tudo parecia exatamente igual . Sentia-se a mesma menininha caipira, perdida e deslumbrada que chegara cheia de sonhos... Mas em pouco tempo descobria que daquela menininha quase nada restava...talvez só a caipirisse mesmo... e quanto mais o tempo passa, mais assim mesmo se sentia! como se estivesse numa terra estranha! como se não pertencesse àquele lugar! Mas não era só a cidade de agora. Não! Também se sentia estrangeira na casa dos pais. Nem mais podia dizer que era sua casa. As calmas ruas, o céu estrelado, o ar gelado, todos aqueles rostos familiares lhe doíam tão profundamente! Não conseguia bem saber porque, mas quando estava lá, desejava não estar. E quando estava longe sentia saudade! era sincero seu desejo de voltar pra lá! Mas não entendia! Lá parecia sufocada! E por isso, só é capaz de sentir medo. E é quando se dá conta da solidão irremediável a que todos estão condenados! Sim, nesses momentos em que se sente parte de lugar nenhum! em que não se é capaz de encontrar algo que se possa chamar de seu! Escrevia desesperadamente, como se aquelas palavras pudessem responder uma pergunta que nem mesmo era capaz de formular...não porque faltava coragem! Era capaz de capacidade mesmo, não estava em suas mãos poder formular porque desconhecia a pergunta. No fundo, escrevia pra fugir de qualquer incômodo que desconhecia, mas ainda sim, do qual fugia...

Aquelas palavras todas, preenchendo a página em branco, traziam uma certa esperança, pequena e tímida, mas esperança, de que sua vida também encontraria um preenchimento. Uma esperançazinha de que o vazio que nos últimos tempos a consumia seria finalmente preenchido..
corria o mouse pela página, corria também o olho naquelas frases... quase se rendia ao desejo repentino de apagar tudo! mas não, por algum motivo permitiu que aquelas palavras, cheia de um desespero que quase gritava, que tinha a garganta seca, pudesse testemunhar tudo isso..
pensava se alguém leria aquilo! se faria algum sentido. Se encontraria companhia em meio a pensamentos tão confusos ... e tudo começou porque não conseguia escrever algumas páginas para o trabalho de quarta....

Francine


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