Fosse um pouco mais forte, já teria mudado tantas coisas em si mesma. Mas não, demorava muito tempo porque era por demais doloroso. A gente se acostuma a ser o que é e acredita que não pode mais mudar, pensava nos seus momentos de quase decisão.
Seriam as roupas, o corte de cabelo, os gostos musicais e depois as vontades, os desejos, os medos. Tudo tinha que ser mudado. Mas cada vez que abria as portas do guarda-roupa e as gavetas da cômoda, era tão aconchegante aquela sensação de se encontrar. De saber-se quem era, porque se reconhecia naquelas blusas e naqueles sapatos, nas calças e nos colares. E quando botava algum velho cd pra tocar, era quase apalpar sua alma. Sentia-se leve, cantava junto, sentia-se protegida por aquele mundo que tão cuidadosamente havia construído naqueles anos. Não ousava trocar o sabonete, o creme dental, pois tudo era tão cheio de recordações, quase mesmo parte de si. Não era um apego que lhe tornava escrava das coisas. Não tinha problema em se desfazer de roupas usadas, de sapatos já abandonados no fundo do armário. Mas cada vez que comprova algo, no fundo sabia que aquela coisa já estava repleta do que ela era. A identificação que a fazia adquirir qualquer coisa era já uma transferência de si. Sabia ser mais que cada uma daquelas coisas, mas era, ao mesmo tempo, aquilo tudo: passado, presente e futuro. Lembranças, saudades, desilusões, paixões, aquele amor que parecia ser de outra vida e que passava toda sua vida como se não conhecesse fronteiras, sendo todo seu futuro, todo seu presente e quase todo seu passado, embora tenha surgido menos de três anos atrás. Era intensa, era lágrimas, era sonhos e planos que lutava por poder concretizar. Era dúvida, era medo, mas era coragem e decisão.
Cada vez que se olhava no espelho, via tantas e via tão pouco. Desenhava as sobrancelhas, passava um lápis no olho, batom. E lá estava o que queria ser. Lá estava também tudo que era e tentava esquecer. E, por fim, lá estava, ela. Com toda sua inocência de menina e com toda sua malícia de mulher. Pensava que era preciso mudar. Mas por que? Perguntava-se alterada. A gente é o que é, torna-se o que sempre foi, busca-se o que não pode deixar de se manifestar. A gente só não conhece todos os segredos, todos os cantinhos do que somos e nos surpreendemos, quando nos revelamos diante desses olhos curiosos.
A essência dela era sempre acreditar na mudança. Sempre achar que era tempo de mudar tudo. Mesmo nunca tendo coragem de romper com os velhos rituais. Via-se agora tão diferente e tão igual ao que sempre fora. Dos tempos de menina achava que tinha perdido a fé, mas lá no fundo tinha uma luzinha que brilhava. E acreditava que as coisas ainda podiam dar certo. Acreditava na amizade! Tinha fé nos bons sentimentos.
Porque, antes de qualquer coisa, acreditava na mudança. Achava que gente não era como árvore, que se nasceu macieira nunca daria manga.
Então, algumas vezes, botava salto, ouvia rock, tomava chá, se fazia triste e pessimista. Porque era preciso sempre mudar, nem que fosse para no dia seguinte acordar cedo, passar um café forte, ouvir mpb o dia todo, andar de rasteirinha e ter fé...
Seriam as roupas, o corte de cabelo, os gostos musicais e depois as vontades, os desejos, os medos. Tudo tinha que ser mudado. Mas cada vez que abria as portas do guarda-roupa e as gavetas da cômoda, era tão aconchegante aquela sensação de se encontrar. De saber-se quem era, porque se reconhecia naquelas blusas e naqueles sapatos, nas calças e nos colares. E quando botava algum velho cd pra tocar, era quase apalpar sua alma. Sentia-se leve, cantava junto, sentia-se protegida por aquele mundo que tão cuidadosamente havia construído naqueles anos. Não ousava trocar o sabonete, o creme dental, pois tudo era tão cheio de recordações, quase mesmo parte de si. Não era um apego que lhe tornava escrava das coisas. Não tinha problema em se desfazer de roupas usadas, de sapatos já abandonados no fundo do armário. Mas cada vez que comprova algo, no fundo sabia que aquela coisa já estava repleta do que ela era. A identificação que a fazia adquirir qualquer coisa era já uma transferência de si. Sabia ser mais que cada uma daquelas coisas, mas era, ao mesmo tempo, aquilo tudo: passado, presente e futuro. Lembranças, saudades, desilusões, paixões, aquele amor que parecia ser de outra vida e que passava toda sua vida como se não conhecesse fronteiras, sendo todo seu futuro, todo seu presente e quase todo seu passado, embora tenha surgido menos de três anos atrás. Era intensa, era lágrimas, era sonhos e planos que lutava por poder concretizar. Era dúvida, era medo, mas era coragem e decisão.
Cada vez que se olhava no espelho, via tantas e via tão pouco. Desenhava as sobrancelhas, passava um lápis no olho, batom. E lá estava o que queria ser. Lá estava também tudo que era e tentava esquecer. E, por fim, lá estava, ela. Com toda sua inocência de menina e com toda sua malícia de mulher. Pensava que era preciso mudar. Mas por que? Perguntava-se alterada. A gente é o que é, torna-se o que sempre foi, busca-se o que não pode deixar de se manifestar. A gente só não conhece todos os segredos, todos os cantinhos do que somos e nos surpreendemos, quando nos revelamos diante desses olhos curiosos.
A essência dela era sempre acreditar na mudança. Sempre achar que era tempo de mudar tudo. Mesmo nunca tendo coragem de romper com os velhos rituais. Via-se agora tão diferente e tão igual ao que sempre fora. Dos tempos de menina achava que tinha perdido a fé, mas lá no fundo tinha uma luzinha que brilhava. E acreditava que as coisas ainda podiam dar certo. Acreditava na amizade! Tinha fé nos bons sentimentos.
Porque, antes de qualquer coisa, acreditava na mudança. Achava que gente não era como árvore, que se nasceu macieira nunca daria manga.
Então, algumas vezes, botava salto, ouvia rock, tomava chá, se fazia triste e pessimista. Porque era preciso sempre mudar, nem que fosse para no dia seguinte acordar cedo, passar um café forte, ouvir mpb o dia todo, andar de rasteirinha e ter fé...
Um comentário:
Sempre é necessário construir e desconstruir. Gostei mesmo!
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