quinta-feira, 7 de abril de 2011

De repente

De repente o tempo passa e você, que tinha 14, 16, 19, 21 anos, chegou aos 26. Foi tão rápido que você se pergunta em que momento dessa história você perdeu a linha do tempo. E se olha no espelho tentando resgatar cada um dos anos que passaram tão rápido. Entre uma lembrança e outra, apesar do susto de se ver caminhando para os 30, você sente que aproveitou bem, que curtiu cada etapa, que valeu a pena.

Mas, de repente, suas preocupações não são mais as provas do colégio, a roupa  para  a festa de 15 anos da sua melhor amiga, o vestibular, os trabalhos da faculdade... Tudo isso já ficou para trás. E as preocupações agora são outras: trabalho, dinheiro, carteira de motorista, casa... Sim, quando vou ter uma casa? Minha casa, do meu jeito? E a vida de gente grande parece que chegou com tudo. 

E é preciso reaprender a fazer planos. Ter metas longas, e caminhar a cada dia em direção a elas. Era fácil planejar, na sétima série do ensino fundamental, que eu iria prestar o vestibular, para alguma coisa na área de humanas, e que eu iria morar sozinha quando tivesse 18 anos. Foi aos 19, mas eu consegui. Sempre me dediquei aos estudos, e de advogada a jornalista, hoje sou licenciada e bacharel em filosofia, já quase mestre. Mais ou menos lá pelo segundo ou terceiro ano da faculdade, comecei a sentir um vazio de metas. O plano mais ambicioso que eu tinha feito para minha vida desde os meus 14 anos já tinha sido alcançado. Ingressei numa universidade pública, mudei da minha cidade (vim morar em Campinas), não sozinha, mas estando por minha conta, dividindo casa com pessoas estranhas (que hoje são tão próximas que é estranho lembrar que um dia fomos desconhecidas dividindo uma casa. Elas são parte da minha vida já, amigas e amigos sem os quais nem consigo me imaginar), longe de pai e mãe e de vizinhos de longa data. Tudo novo. Mas, de repente, bateu aquela angustia: e agora? qual será o próximo desafio? Nesse momento, o plano mais imediato é uma viagem, e se tudo der certo, será no próximo ano. Mas o que farei nos próximos 5 ou 10 anos? Sinto calafrios só de pensar...

E esse tempo que passa tão rápido me faz lembrar de tantas coisas que eu ainda quero fazer. Os muitos filmes que tenho para assistir (isso porque nos último três anos corri atrás do meu atraso cinematográfico!), os livros que quero ler, os lugares que quero conhecer. E nesse mundo do imediato, das compras rápidas pela internet, das mensagens de celular, nesse mundo em que as distâncias foram sensivelmente encurtadas e o tempo nunca esteve tão acelerado, acho que sofremos do mal do imediatismo! A dificuldade dos planos a longo prazo. Será que é isso? Essa ansiedade, essa vontade de ter tudo resolvido pra ontem, como se o mundo fosse acabar nas próximas horas. Acabar não sei, mas que ele tem mudado numa velocidade assustadora isso é verdade! Desconfio que não é possível mais falar de uma geração se referindo a pessoas que nasceram numa mesma década. Em dois ou três anos a quantidade de mudanças operadas no mundo, as novidades tecnológicas, nos fazem pensar que entramos em algum portal do tempo...Tudo se torna ultrapassado e velho e num piscar de olhos. Quando entrei na faculdade (em 2004) ainda se usava disquetes. (Se alguma criança entre 9 e 11 anos estiver lendo esse post vai perguntar: ah, disquete? o que é isso? Pra você ver como são as coisas). 
E entre um email e outro, uma notícia e outra, um novo blog ou site, olho para a pilha de livros aqui do meu lado. E onde será que vamos parar? Esse monte de informação, essa agilidade do mundo moderno, essa imediaticidade de tudo? Mas parece que o jeito é não parar! E estou tentando reaprender a fazer planos a longos prazos. Estou tentando não ter medo do futuro. E acho mesmo que a vida é isso: um grande conjunto de tentativas!

3 comentários:

Tainá Assis disse...

Normalmente adoro seus posts, mas acho que nunca um mexeu tanto comigo como este.
Esse nó que você diz sentir, é exatamente o que eu estou sentindo agora. Tá, consegui o que eu queria, estou formando, em uma universidade pública, reconhecida. E agora?
Mestrado é o plano mais próximo. Mas o que vem depois? E os planos a longo prazo??
Você descreveu tão bem toda essa angústia que estou sentindo até um alívio. Sim, encontrei o que eu queria expressar.
Muito obrigada, Fran!
Grande abraço

Francine Ribeiro disse...

É, Tá, sei bem como é esse momento de 'e agora?'. Mas a gente vai indo, se reinventado, reaprendendo a fazer planos! é o jeito! é o que estou tentando fazer.
Menina, quando recebo seus comentários sinto saudades de papear com você! Um dia desses...
grade abraço

Tainá Assis disse...

Pois é Fran! Nós estabelecemos comunicação deste modo que achamos. Mas também sinto muita saudade de papear com vc. Estará em DM na semana santa? Daí prozearemos! =D

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