Mais uma vez encontrava-se perdido em seus muitos pensamentos. O espirito inquieto da junventude se fazia presente naquele brilho no olhar. Ele passava longas horas em silêncio. Muitas vezes tinha por companhia, por vários dias, aqueles antigos livros que havia encontrado na biblioteca do avô. Seus 20 anos em muitos momentos pareciam 30 ou 40. A mãe se preocupava. Desejava vê-lo sorrir como os outros rapazes de sua idade. Esperava ansiosa pela primeira namorada que nunca aparecia. Esperava pela madrugada que, como todas as outras mães que tinham filhos naquela idade, o veria chegar talvez um pouquinho alterado pelo álcool ou simplesmente embriagado pela alegria contagiante dos outros meninos. Mas esperava em vão.
Ele não era de muitos amigos. Reprovava aquela alegria barulhenta e desordenada dos colegas de classe. Vivia num estado de sobriedade que podia ser sentido pelas cores das roupas que sempre usava. Para os colegas era um tipo estranho. Bonito, era o que diziam algumas meninas e, embora ele fingisse ignorar tais comentários, sabia que tinha traços no rosto e um porte físico que eram agradáveis aos olhos femininos. No entanto, pouco ou nenhum valor dava a isso. Pensava que ninguém pode se orgulhar de características que apresentavam sem que, no entanto, fosse mérito dele. Nada fizera para ter aquela aparência. E assim, pouco valor atribuía a ela. E era esse o ideal que buscava nas outras pessoas: algo que não fosse tão perecível quanto a aparência...
Mas o jovem tinha outros problemas com os quais ocupar sua cabeça. Questões que por vezes lhe botavam uma interrogação na testa e o faziam apertar os lábios como se sentisse alguma dor crônica. Pensando bem, talvez a aparência fosse um de seus maiores problemas sim. Ela lhe remetia sempre àquela dúvida profunda que o angustiava: o ser humano é só isso? esse amontoado de matéria que vai perecendo no tempo? Mas se não fosse, se havia algo que resistia ao tempo, o que vem a ser esse algo? Lera muitas coisas, desde tratados filosóficos e científicos, textos de teologia, literatura e poesia, até cartas de amigos, bilhetes e pequenos recados que encontrará nos livros antigos, sobre os mais variados assuntos. Em suas muitas horas de silêncio pensava e repensava sobre a sabedoria. Deseja ser sábio. Queria conhecer os homens mais sábios que estivessem sobre a terra.
Na agenda marrom, que era mais um diário do que uma agenda, e que o acompanhava em todos os lugares, e já há muitos anos, havia uma lista com nomes de pessoas que ele queria conhecer. O primeiro da lista era um intelectual muito famoso pelas coisas que escrevia. Ele viajava o mundo, e as pessoas ficavam maravilhadas quando o ouviam. Ele dava aula na universidade mais famosa da capital. Havia feito filosofia, direito, também tinha muitos conhecimentos sobre física, mas dava aula de literatura. Tinha também o nome de um senhor, já de idade muito avançada, que morava no interior do país. Era famoso por seu estilo de vida. Tinha uma esposa e cinco filhos. Morava no campo. Sua vida era simples. Mas as pessoas que conversavam com ele contavam maravilhas da sabedoria do velho. Sabedoria que não compreendiam de onde tinha saído. Ele contava 78 anos e nunca estivera numa escola. Aprendeu escrever seu nome quando já adulto. Aprendeu a ler por esse mesmo tempo. Mas desconhecia Platão, Nietzsche, Homero, Shakespeare, Camões e Machado de Assis.
Mas o jovem tinha outros problemas com os quais ocupar sua cabeça. Questões que por vezes lhe botavam uma interrogação na testa e o faziam apertar os lábios como se sentisse alguma dor crônica. Pensando bem, talvez a aparência fosse um de seus maiores problemas sim. Ela lhe remetia sempre àquela dúvida profunda que o angustiava: o ser humano é só isso? esse amontoado de matéria que vai perecendo no tempo? Mas se não fosse, se havia algo que resistia ao tempo, o que vem a ser esse algo? Lera muitas coisas, desde tratados filosóficos e científicos, textos de teologia, literatura e poesia, até cartas de amigos, bilhetes e pequenos recados que encontrará nos livros antigos, sobre os mais variados assuntos. Em suas muitas horas de silêncio pensava e repensava sobre a sabedoria. Deseja ser sábio. Queria conhecer os homens mais sábios que estivessem sobre a terra.
Na agenda marrom, que era mais um diário do que uma agenda, e que o acompanhava em todos os lugares, e já há muitos anos, havia uma lista com nomes de pessoas que ele queria conhecer. O primeiro da lista era um intelectual muito famoso pelas coisas que escrevia. Ele viajava o mundo, e as pessoas ficavam maravilhadas quando o ouviam. Ele dava aula na universidade mais famosa da capital. Havia feito filosofia, direito, também tinha muitos conhecimentos sobre física, mas dava aula de literatura. Tinha também o nome de um senhor, já de idade muito avançada, que morava no interior do país. Era famoso por seu estilo de vida. Tinha uma esposa e cinco filhos. Morava no campo. Sua vida era simples. Mas as pessoas que conversavam com ele contavam maravilhas da sabedoria do velho. Sabedoria que não compreendiam de onde tinha saído. Ele contava 78 anos e nunca estivera numa escola. Aprendeu escrever seu nome quando já adulto. Aprendeu a ler por esse mesmo tempo. Mas desconhecia Platão, Nietzsche, Homero, Shakespeare, Camões e Machado de Assis.
O jovem durante muitos meses, incansavelmente, tentou marcar um encontro com o professor. Ligou, mandou e-mail, esteve dias em frente a porta da sala dele na universidade. Mas ele era muito ocupado. Todos queriam a presença dele em suas universidades. E se não estava viajando, precisava escrever, pois em muitas revistas e periódicos eram publicados seus artigos. O último que tinha lido, tratava de descobertas recentes feitas por naves que estavam no espaço há dez anos. Ele discutia mais uma vez um assunto que atrai muita gente: estamos sozinhos no universo?
Uma tarde, depois de muito tentar e esperar pelo professor, o encontrou por acaso no corredor. Não pensou duas vezes e o parou. Não sabia direito como começar a conversa. Tinha tantas coisas para perguntar. Disse uma saudação qualquer atrapalhada e se apresentou. Explicou que por muito tempo desejava encontrá-lo, e quando começaria a fazer suas perguntas, o professor impaciente olhava para o relógio e mirava o fim do corredor. Provavelmente não ouviu nada do que o jovem falava. Quando ele parou para respirar, o professor aproveitou para dizer-lhe que estava atrasado, que pegaria um voo em uma hora e ainda precisava arrumar a mala. Pediu educadamente que o jovem lhe enviasse um e-mail, ou que agendasse um horário com a secretária dele, que seria um prazer conversar com ele. Antes que o jovem pudesse dizer qualquer palavra, o professor acelerou o passo, atravessou o corredor e sumiu na frente dele...
Uma tarde, depois de muito tentar e esperar pelo professor, o encontrou por acaso no corredor. Não pensou duas vezes e o parou. Não sabia direito como começar a conversa. Tinha tantas coisas para perguntar. Disse uma saudação qualquer atrapalhada e se apresentou. Explicou que por muito tempo desejava encontrá-lo, e quando começaria a fazer suas perguntas, o professor impaciente olhava para o relógio e mirava o fim do corredor. Provavelmente não ouviu nada do que o jovem falava. Quando ele parou para respirar, o professor aproveitou para dizer-lhe que estava atrasado, que pegaria um voo em uma hora e ainda precisava arrumar a mala. Pediu educadamente que o jovem lhe enviasse um e-mail, ou que agendasse um horário com a secretária dele, que seria um prazer conversar com ele. Antes que o jovem pudesse dizer qualquer palavra, o professor acelerou o passo, atravessou o corredor e sumiu na frente dele...
Ele, que na sua busca por sabedoria aos poucos já tornava-se sábio sem o saber, riscou o nome do professor da agenda marrom. Não poderia haver sabedoria numa pessoa de tais modos. Ele sequer sabia ouvir. Um sábio minimamente sabe ouvir aqueles que dele se aproximam. Sabem reconhecer em tudo o que acontece na vida um ensinamento novo. Agora iria procurar o velho.
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Um comentário:
E aí, Fran, como cê tá? Mó tempão que não nos vemos. Saudade de assistir umas aulas de lógica cocê! ahahahaha
Sabe o que eu acho? Esse seu personagem (quem é ele afinal?) precisa mesmo é de um preisteichon trêis! Aí a vida dele vai ficar bem mais interessante, e ele não vai mais ter de se encomodar com essas questões difíceis e esses professores apressados!
Bjocas
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