segunda-feira, 5 de maio de 2008

Fragmentos

Caminhava para lugar nenhum. Bom, houve um tempo, quando começou essa jornada, que acreditava no ponto de chegada. Cada passo, um após o outro, era sempre em vista de um ponto bem definido. Mas agora, depois de tanto tempo, andava mesmo era sem rumo. Às vezes se esquecia que não sabia pra onde ia. Acreditava estar quase chegando. Diminuía o ritmo das passadas. Sentia que enfim descansaria... Estabeleceria morada fixa. Poderia então ter um lar...
Mas não sabia se era o vento, a chuva ou algum passo errado que a jogava, de repente, para lugar nenhum. E sentia que estava só no começo... embora sequer pudesse dizer o começo de onde...
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Acordava cedo e começava botar tudo no lugar. Pegava a vassoura, um balde com água, um rodo, um pano e limpava tudo. Ajeitava os livros na estante. Cada semana experimentava um critério novo: a cor da capa, o tamanho dos livros, afinidade de temas, títulos, nome de autor. Ainda bem que não eram muitos...
Depois era a vez das roupas no armário. Tirava tudo das gavetas, dos cabides e punha-se a dobrar tudo de novo. Também usava e abusava dos critérios cor, tamanho, afinidade...
A cozinha era onde passava mais tempo. Limpava o fogão, deixava as louças brilhando, sobrava até mesmo para os puxadores do armário e as torneiras...
Por último o banheiro e então aproveitava para tomar seu banho. Estava cansada. Demorava-se sentindo a água escorrendo pelo corpo. Brincava com o sabonete entre as mãos. Ouvia o barulho da água chegando ao chão. Não pensava nada. Consumia-se de cansaço. Botava o pijama, fazia um chá quente ou, quando estava quente, um leite com chocolate frio. Pegava um livro, nem lembrava o nome, nem a página onde havia parado, deitava e somente passava os olhos sobre algumas palavras, que dançavam diante de seus olhos que já queriam dar boas vindas ao sono que aproximava...
Outro dia tentou lembrar quanto tempo fazia que estava nessa vida. Não pode. Não tinha mais idéia. Poderia ter sido ontem, a última vez que se entregou a leitura de verdade, ou que havia discutido com algum colega sobre ética ou lógica.. mas poderia também fazer uns dez anos...Não sabia ao certo porque tinha se refugiado naquele silenciamento... tinha uma vaga idéia, mas resolveu deixá-la lá longe, bem no fundo daquela escuridão de onde vinha o silêncio...
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Tinha uns olhos brilhantes e fé. Sim, acreditava em muitas coisas. Tinha opiniões, muitas, e fazia questão de dizê-las. Defendia com energia e vigor suas crenças! Era insistente, falava alto e sempre achava que tinha razão...

Um comentário:

Denis Barbosa Cacique disse...

E aí, Mineirinha, sem tempo pra escrever? É a vida! No começo agente lota o blog de textos, depois... enfim... cê já sabe!

Sobre seu texto, eu sabia que vc ia abandonar a teleologia mais cedo ou mais tarde! ahahahahah

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