sexta-feira, 20 de março de 2009

Estranho-mundo-lacrimejante

Tem dias que chora. Nesses dias procura esconder os olhos inchados e vermelhos atrás dos óculos escuros, enquanto não pode se refugiar no seu quarto.
Tem dias que está leve, e precisa enfiar algumas pedrinhas no bolso pra não voar. Nesses dias sorri, canta, anda saltitando e algumas vezes também chora. Mas nesses dias não esconde a vermelhidão dos olhos ou do nariz. E nem se importa que os olhos fiquem gordinhos.

Tem dias que simplesmente não sente nada. Nem alegria nem tristeza. Nem medo nem confiança. Talvez só sinta mesmo o calor. E o calor toma conta de tudo. Todos os seus sentidos se voltam para o quente. Observa seu corpo consumido pelo calor. Mas fica sentada, quase em transe, com os olhos turvos e, então, mesmo sem sentir nada além de calor, é possível que chore. Mas nesses dias as lágrimas evaporam rápido demais, quase mesmo antes de brotar no canto dos olhos. Eles nem incham, nem ficam vermelhos. Secam. Tudo fica seco...

Tem dias, que na verdade são noites, nos quais sente medo. Não consegue ficar de olhos fechados. Perde o sono. Vira de um lado para o outro. Sente uma aperto no peito e uma grande solidão escapa do silêncio e penetra sua alma. Nesses dias, que são noites, também chora. Chora baixinho. Sente as lágrimas quentes molhando seu rosto e seu travesseiro. Sente os olhos quentes, sabe que eles estão vermelhos, até mesmo pode sentir o quão gordinhos eles estarão na manhã seguinte. Mas não pode parar. Não pode conter o choro silencioso e solitário que lhe brota de algum canto de sua vida. Algum canto que desconhece. Canto que permanece bem escondido lá dentro mas que vêm à tona quando menos espera. Vêm à tona naquelas lágrimas incontroláveis de alegria, tristeza, medo, e sei lá mais o que...

Tem dias que pensa muito, que tenta chegar até aquele estranho mundo que lhe habita. A cabeça dói, as ideias se confundem. Parece buscar e fugir das mesmas coisas. Sente um monte de sentimento misturado. Não é capaz de distingui-los. Luta e se entrega ao cansaço. Desiste.
Rende-se ao desconhecido. E então, eis que surgem: as lágrimas.

Um comentário:

Leonardo Barichello disse...

Desculpa escrever isso aqui, ma não achei nenhum outro contato seu (pode apagar o comentário depois se quiser).

Eu vi que você linka o "Todas Elas Juntas", d qual eu faço parte. Devido a vários motivos, tiramos ele do ar...
Infelizmente, foi uma iniciativa que não dei muito certo...

Além disso, você topa tocar links com o meu blog?

beijo

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