quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estrelas despencantes...

(Para Fael e Joãozinho)

O céu é uma das minhas paixões, principalmente o céu de Minas! Mas também tem como não se apaixonar pelos céus de Minas Gerais? De cidades pequenininhas como a minha, cujas noites são iluminadas pela luz da lua e das estrelas? Não, não tem!
E o céu de inverno? Nada mais bonito! O frio é outra das minhas paixões! O frio, assim como a noite, (impossível ser apaixonada pelo céu sem o ser pela noite...), tem um poder mágico sobre as pessoas! Talvez porque elas se vistam com mais elegância, porque se resguardam mais e por isso se tornam misteriosas...
A noite, como já disse, também tem esse poder de mágica. A luz, assim como tudo que deixa a sensação de óbvio, de claro, tira o encanto da vida. O desconhecido, o que está para além das nossas vistas, é o que nos move, o que alimenta nossa curiosidade. O que há de melhor nessa vida é o surpreender-se! O ser tomado pelo inesperado! Por isso contemplar as obviedades e fazer planos é algo que não me interessa muito. Às vezes até gosto de fingir que não tinha pensando na hipótese de algo acontecer para me surpreender quando ela acontece! Nosso pensamento funciona assim, vai indo e indo por uns atalhos estranhos, juntando um monte de coisa que encontra na beira do caminho... e, de repente, eis que chegamos em algum lugar! Pensar livremente é deixar surpreender-se pelas ligações confusas e dispersas de pensamentos vagueantes... Mas tentando manter um mínimo de seqüência nesse amontoado de coisas que vai surgindo no caminho, acho que preciso voltar ao começo dessas linhas...
Dizia eu ser apaixonada pelo céu de Minas, e dizia isso porque me lembrava de um dia em especial que juntamente com dois amigos, muito especiais, fui contemplar uma das noites mais lindas que já vi!
O lugar era a Rampa, lá em Delfim, no meio da Rodovia, sem nenhuma luz artificial que ofuscasse o brilho das estrelas. Uma lua linda, um frio de cortar a pele, um cheiro de vida que renovava todas as energias da alma. O frio até fazia doer, mas isso lembrava que estávamos vivos! Que estávamos acordados, e que toda aquela beleza existia mesmo. Ficamos lá os três, em silêncio, porque era um sacrilégio falar naquele lugar! A rampa era um altar, um altar como nenhum outro pode ser. O insenso era aquele cheiro de mato, aquele ar gelado que fazia a gente tremer! A velas estavam no céu e todos os deuses estavam ali, nos contemplando...
Ficamos lá, deitados na pedra, os três olhando pro céu por muito tempo e até as estrelas queriam nos fazer companhia! Foi um monte de estrelas despencantes querendo ficar do nosso lado.. elas ficaram com inveja da nossa alegria, queriam fazer parte daquele ritual, beber do silêncio que nos enchia a alma, inebriar-se do perfume suave de vida que aspirávamos, ávidos por mais e mais vida...fecho os olhos agora, quase sinto o cheiro de tudo, quase sinto o vento brincando com meu cabelo, quase ouço nossa respiração... bom mesmo será retornar àquele altar outras e outras e tantas vezes...


Campinas
Abril/2006

Um comentário:

Denis Barbosa Cacique disse...

Tá bom, Fran
Aí vc vai dizer que o céu de Campinas é o inferno...
Já sei... já sei!
Bj

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