Desde que ela se foi essa casa virou um lugar triste. Em todos os cantinhos, todos os móveis e objetos espalhados pela casa, tudo lembra ela. A cada vez que volto para casa, ao abrir o portão, meu coração novamente se despedaça sem encontrá-la. Sem sua alegria, sem sua recepção carinhosa. Atravesso o corredor e não me sinto entrando em casa... Entro e meus olhos a buscam pelos cantos. Vou quase automaticamente para o quarto, na esperança de encontrá-la preguiçosamente dormindo em nossa cama. Acendo a luz e nada! Sou tomada pela profunda tristeza que a ausência dela tem deixado nessa casa.
Por quê? O que aconteceu? Será que ela não estava feliz? Será que encontrou alguém que lhe desse mais carinho? Ou será que foi seduzida por alguém que apenas a queria longe daqui? Como saber? Ela se foi e ninguém viu, ninguém sabe. Como se por um milagre, um buraco tivesse aberto na terra e a engolido... Foram tantas buscas em vão. Anúncios na internet, perguntando pela rua, para os vizinhos, mas nenhum sinal.
Se ela soubesse a falta que faz. Como a casa ficou vazia. As coisas dela ainda estão por aí, espalhadas pela casa, como se ela fosse voltar a qualquer momento.
Às vezes, durante à noite, acordo num sobressalto, penso ter ouvido algum barulho. Será que ela voltou? Acendo a luz, mas nada. Não a encontro em parte alguma. Chamo pelo seu nome. Sem respostas. Tudo o que encontro são as minhas lágrimas que, quentes e grossas, atravessam meu rosto contorcido pela saudade. Será que do mesmo jeito que ela veio ela resolveu partir? Porque foi assim, ela foi chegando, como quem não quer nada, foi ficando um dia, o outro também e de repente já era dona da casa. Será que ela planejava fazer isso há algum tempo? Será que ela foi se afastando aos poucos e eu não percebi? Quando ela regressava tarde da noite, eu não queria saber por onde ela havia andado, apenas ficava feliz porque finalmente estava em casa. Será que eu errei dando a ela tanta liberdade? Deveria tê-la prendido? Seria para protegê-la (e também para me proteger!). Mas agora é tarde, ela se foi. Mas a casa ainda é dela, a cama, o sofá, as cadeiras do escritório, o tapete do corredor e o tapete do quarto.
Só que que é assim que me sinto: abandonada... Talvez deva me conformar que ela encontrou alguém melhor que eu. Assim desejo, para que meu sofrimento não aumente. Que tenha outras companhias que goste tanto dela quanto eu, que a acaricie, alimente, brinque, dê colo (quando ela quiser!). Mas as portas, ou melhor, as janelas, estarão sempre abertas para ela...
Pretinha |
Texto inspirado na saudade que sinto da minha gata, Preta, desaparecida desde o dia 11 de outubro.
Se alguém sabe onde ela está, por favor, avise, entre em contato, ela está fazendo muita falta e estamos muito tristes sem ela.
Um comentário:
Que triste o sumiço da Preta. Espero que ela esteja bem.
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