quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Relato de um início de ano letivo

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Câmpus Capivari do IFSP
 
Confesso que eu estava ansiosa. E eu disse isso para eles. Eram cerca de 80 carinhas novas. Oitenta vidas que chegaram ali diante de nós. Eles também estavam ansiosos. Mas nós, meus colegas e eu, mostramos para eles que compartilhávamos aquele sentimento. Que enquanto eles pensavam no que iriam encontrar naquela manhã, nós passamos alguns dias pensando se o que estávamos preparando daria certo, se eles iriam gostar. O importante é que nosso primeiro contato foi recíproco. Nós mostramos que eles eram esperados e que mesmo antes de os conhecermos, já pensávamos neles com carinho, desejando que ao nos encontrar, rolasse uma 'química'. 

Lembro de ter participado de algumas gincanas durante minha vida escolar. Pode ser que não tenham sido muitas, mas foram tão legais, que elas criaram uma memória afetiva que eu gostaria de compartilhar, de alguma maneira, com meus alunos. Felizmente encontrei colegas receptivos que embarcaram na ideia, que se divertiram pensando e preparando as atividades, que vibraram comigo hoje porque deu tudo certo. Fazer parte de algo, sentir-se acolhido, encontrar apoio para planos e projetos, é algo maravilhoso. Terminamos o dia exaustos. Porque tivemos que subir e descer escadas, carregar cadeiras, ir atrás de pilhas carregadas, lidar com o inesperado e caprichar no improviso. Tivemos que montar e desmontar espaços para oficinas, fazer mapas, recortar TNT, montar envelopes coloridos com atividades, quebrar a cabeça com circuitos a serem percorridos. Mas valeu cada minuto, cada troca de mensagem, cada gota de suor! Trabalhar junto não é fácil. Mas é recompensador! A gente aprende tanto... E tem a generosidade do colega que cobre nossas falhas, que melhora nossas ideias, que não nos deixa desesperar nem desistir. 

Escola tem que ser assim: lugar de desafios, principalmente para os professores. Dar aula é zona de conforto para a maioria de nós. Conduzir uma gincana é desafio. E para os alunos tudo é aprendizagem. Não que todo dia deva ser gincana, na verdade a escola ideal é plural: tem gincana, aula tradicional, aula invertida, prova, trabalho, não tem prova nem trabalho, mas tem produção de curta, entrevistas, projetos... Uma escola precisa ser um terreno fértil para que as melhores experiências possam florescer. Mas para isso é preciso ousar, estar aberto para inovar, disposto a compartilhar, a ouvir e a se expor. E sim, dá trabalho! Mas, além do cansaço, o trabalho coletivo nos traz novas ferramentas, amplia nosso repertório para lidar com os desafios que temos no cotidiano.

Depois dessa experiência, sinto que os professores que se dispuseram a fazer acontecer o acolhimento dos alunos dos primeiros anos estão mais próximos, compartilhamos momentos bonitos e agradáveis que criaram entre nós uma cumplicidade nova. É possível que isso dure o ano todo (assim espero!). Pudemos contar com o que há de melhor de cada um. Para os alunos isso também é aprendizagem, ver professores trabalhando juntos, dividindo tarefas, se completando. Mais do que dizer que eles precisam trabalhar em equipe, mostramos que o trabalho em equipe pode ser muito legal. Quando formos falar com esses alunos, poderemos dar um exemplo, materializar aquilo que dizemos.

Começo esse ano letivo com esperanças renovadas. Apesar de todos os pesares, apesar daqueles que insistem em nos atacar, pudemos experimentar que a nossa união é maior do que tudo isso. É verdade que essa união poderia ser muito maior, mas um passo de cada vez. Esse ano decidi que apesar de todos e de tudo, terei um ótimo ano! E quantos mais quiserem somar a essa minha decisão, melhor será! Decidi que vou fazer muita "balbúrdia", que vou cantar e fazer muita poesia e muita provocação. Que comece o ano letivo de 2020!

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Agradeço a parceria linda dos colegas e demais funcionários que fizeram desse início de ano letivo um momento tão especial.

Um comentário:

Marissol Morbio disse...

Linda vc é demais!!! Parabéns por mais um recomeço bjs!! Saudades!!!

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