Ontem decidi procurar um texto que escrevi faz muito tempo, quando estava no colégio, para mostrar a uma das meninas que moram comigo. Peguei uma cadeira, levei para o quarto. Subi na cadeira e fui mexer nos muitos pacotinhos plásticos cheio de folhas e pastas de papel. Achei duas. Nem sabia que tinha tanta folhas, pedacinhos de capa de caderno, rascunho, e por aí vai, escritos... Encontrei coisas das quais havia me esquecido totalmente. Palavras confusas que me foram entregues e que nunca pude compreender. Versos melosos que escrevi em algum dia de chuva, quando estava de tpm...Mas o bendito texto que queria mostrar para Fabi, esse não encontrei.
Foi uma brincadeira que fiz quando estava na sétima série, com títulos de livros e nomes de alguns personagens. Ficou interessante. Até foi publicado nuns dois jornaizinhos locais: o da minha cidade, "A voz da montanha" - nome simpático né?, e o outro, não me recordo o nome, mas era de um cara que mais tarde veio a ser meu professor de literatura no cursinho.
No entanto, encontrei uma raridade. Um soneto que escrevi em 1999. Mas o que é mais interessante desse soneto é a origem dele. Quem já leu Dom Casmurro? Lá pelas tantas, há um capítulo chamado "Um Soneto". Bentinho, no seminário, vê-se as voltas com uns versos: "Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!" e "Perde-se a vida, ganha-se a batalha!", os únicos que apareceram quando ele pensava em escrever um soneto. Depois de tentar, de pensar quem era essa "flor", de orgulhar-se da magnitude dos versos, sem, no entanto, poder concluir o tal soneto eis o que se segue: "Pois, senhores, nada me consola daquele soneto que não fiz. Mas, como eu creio que os sonetos existem feitos, como as odes e os dramas, e as demais obras de arte, por uma razão de ordem metafísica, dou esses dous versos ao primeiro desocupado que os quiser."
Imaginem qual não foi a minha alegria. Eu e meus 14 aninhos. Recebendo ali, por meio de Bentinho, das mãos de Machado, dois versos de presente para escrever um soneto. E foi exatamente o que fiz. Fechei o livro e escrevi. O título foi tomado de empréstimo do capítulo. Confesso que tive de fazer uma pequena alteração no segundo verso, mas talvez esteja perdoada...
Um soneto
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Vens estampada num sorriso de candura!
É com leveza que te aproximas,
Oh! flor do céu! que perfuma e me anima!
Oh! flor do céu! És vida ou morte?
E o que vens me trazer? Perdição ou sorte?
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Será que hás de cumprir o que teus lábios jura?
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Tu és a ferida que traz a cura,
és a morte que traz a vida!
Não penses tu, que tuas obras são falhas,
antes por ti perder a vida e ganhar a batalha,
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
vai a dica também para que leiam Dom Casmurro. E tem muitas outras obras boas na Biblioteca Virtual.
Foi uma brincadeira que fiz quando estava na sétima série, com títulos de livros e nomes de alguns personagens. Ficou interessante. Até foi publicado nuns dois jornaizinhos locais: o da minha cidade, "A voz da montanha" - nome simpático né?, e o outro, não me recordo o nome, mas era de um cara que mais tarde veio a ser meu professor de literatura no cursinho.
No entanto, encontrei uma raridade. Um soneto que escrevi em 1999. Mas o que é mais interessante desse soneto é a origem dele. Quem já leu Dom Casmurro? Lá pelas tantas, há um capítulo chamado "Um Soneto". Bentinho, no seminário, vê-se as voltas com uns versos: "Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!" e "Perde-se a vida, ganha-se a batalha!", os únicos que apareceram quando ele pensava em escrever um soneto. Depois de tentar, de pensar quem era essa "flor", de orgulhar-se da magnitude dos versos, sem, no entanto, poder concluir o tal soneto eis o que se segue: "Pois, senhores, nada me consola daquele soneto que não fiz. Mas, como eu creio que os sonetos existem feitos, como as odes e os dramas, e as demais obras de arte, por uma razão de ordem metafísica, dou esses dous versos ao primeiro desocupado que os quiser."
Imaginem qual não foi a minha alegria. Eu e meus 14 aninhos. Recebendo ali, por meio de Bentinho, das mãos de Machado, dois versos de presente para escrever um soneto. E foi exatamente o que fiz. Fechei o livro e escrevi. O título foi tomado de empréstimo do capítulo. Confesso que tive de fazer uma pequena alteração no segundo verso, mas talvez esteja perdoada...
Um soneto
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Vens estampada num sorriso de candura!
É com leveza que te aproximas,
Oh! flor do céu! que perfuma e me anima!
Oh! flor do céu! És vida ou morte?
E o que vens me trazer? Perdição ou sorte?
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Será que hás de cumprir o que teus lábios jura?
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Tu és a ferida que traz a cura,
és a morte que traz a vida!
Não penses tu, que tuas obras são falhas,
antes por ti perder a vida e ganhar a batalha,
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
vai a dica também para que leiam Dom Casmurro. E tem muitas outras obras boas na Biblioteca Virtual.
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