-Do you speak english?
_ Não!
A resposta saiu rápida, mas carregada de culpa e raiva e até vergonha, por que não? Como havia chegado aos 23 anos sem falar inglês? Agora ali na sua frente, naquela rodoviária horrível, depois de um dia cheio dos mais absurdos contra-tempos.. aquele moço bonito, ali no seu lado... falando inglês..
O dia começou atrapalhado! Primeiro a idéia de dormir as quatro e meia da manhã quando tinha que sair umas cinco e quarenta e cinco de casa. Não deu outra: perdeu a hora! O celular despertando não foi suficiente para tirá-la da cama. Ouviu o barulho do circular quando ainda faltava muito para chegar a rua. Esperou impaciente o próximo. Contou os segundos até chegar no terminal. E quase pulou para o banco do motorista e guiou aquele ônibus até o terminal rodoviário..
Mas chegou na rodoviária as 7:03. O ônibus? já tinha ido! o próximo? só as dez e ainda não era para o seu destino final. Mas não fosse todo esse atraso e não teria trocado aquelas dúzias de palavras soltas com o australiano. Mas não satisfeita em perder o ônibus e ficar três horas na rodoviária, ainda conseguiu estragar um cartão de créditos para o celular...
Quase desistiu! Teve medo de seguir viagem e ser vitima de algum desastre fatal. Não, a amiga lhe esperava para o baile de formatura. Não podia desistir. Ainda bem que sempre carrega um livro na bolsa. "Cem anos de Solidão", começou a ler. Só assim não se sentiu só naquela rodoviária horrível... Até que passou rápido. Entrou no ônibus e dormiu. Também, estava com muito sono. Mas estava desconfortável. Acordou várias vezes. Um celular que toca, uma freada brusca, alguém que passa no corredor e esbarra nela. Abriu o livro novamente. Mas acabou tendo que desistir da leitura. Sentiu-se enjoada. Chegou. Precisa ir ao banheiro. Também precisava ligar para a amiga que iria buscá-la na próxima rodoviária. E eis que encontra aquele par de olhos azuis num corpo consumido pela ressaca...
No primeiro contato, talvez pelo turbilhão que estava sendo aquele dia, ou talvez por qualquer razão que desconheça mesmo, nem percebeu o sotaque do cara. Percebeu sim que ele estava numa ressaca grande. O cheiro de álcool e a garrafinha de água que ele tomava em goles longos o denunciavam. Mas foi quando ele principiou uma conversa perguntando por seu nome que deu conta de que não era brasileiro. Um australiano, como veio logo a saber. Estava passeando pelo Brasil já a dois meses. E já se arriscava a falar em português. Ainda bem, porque senão teria sido inútil a tentativa de aproximação. Talvez tenham tentado se comunicar por uns quinze minutos. Ele gosta de surf. Ia para a praia. Também gostava de ouvir as canções brasileiras, tocadas na praia nos violões. Confessou ter bebido muito na noite passada a ponto de não saber como viera parar ali. Tinha uma voz bonita. Um sorriso muito simpático. Alto, forte, um tipo que chama atenção, ainda mais com aqueles olhos azuis..
Mas logo os ônibus encostaram, cada um na sua plataforma. Não embarcariam no mesmo ônibus. Que pena. Lá se foi o australiano. Ela sentou na sua poltrona doida de raiva de não falar inglês. Poderia ter descoberto mais sobre ele. De repente ter pedido um email, ou qualquer forma de contato. Uma chance que caiu ali nas suas mãos depois de vários incidentes, mas não pode aproveitar. Foi pensando nele. Seria possível encontrá-lo de alguma forma? Orkut? poderia até ser... Mas pouco provável!
Chegou. A amiga demorou um pouco. Continuava pensando no australiano da rodoviária. Estava decidido: aprenderia inglês! Até o fim do ano tinha que ser capaz de falar algo... Estava com fome e com muito calor. Guardaram a mochila e foram para o Shopping. Almoçaram. Depois um chopp enquanto botavam a fofoca em dia. As amigas estavam animadas para o baile de formatura a noite. Contou todas as peripécias desde que acordara.
O baile foi bom! Mas é sempre estranho como a espera é muito melhor. Sempre comentava isso com a amiga. Desde a adolescência quando esperavam ansiosamente, quase um ano pela exposição agropecuária da cidade. Parecia que aquele tempo de espera, enquanto elas faziam planos e sonhavam jamais chegaria. Quando chegava a tão esperada semana, cinco dias passavam como se fossem um apenas. Tão rápido que nem sentiam o gosto direito. Era mesmo a espera que encantava suas vidas. Foi um pouco assim também agora: a espera, a viagem, os preparativos, e de repente já tinha passado tudo, e era hora de voltar para casa...
_ Não!
A resposta saiu rápida, mas carregada de culpa e raiva e até vergonha, por que não? Como havia chegado aos 23 anos sem falar inglês? Agora ali na sua frente, naquela rodoviária horrível, depois de um dia cheio dos mais absurdos contra-tempos.. aquele moço bonito, ali no seu lado... falando inglês..
O dia começou atrapalhado! Primeiro a idéia de dormir as quatro e meia da manhã quando tinha que sair umas cinco e quarenta e cinco de casa. Não deu outra: perdeu a hora! O celular despertando não foi suficiente para tirá-la da cama. Ouviu o barulho do circular quando ainda faltava muito para chegar a rua. Esperou impaciente o próximo. Contou os segundos até chegar no terminal. E quase pulou para o banco do motorista e guiou aquele ônibus até o terminal rodoviário..
Mas chegou na rodoviária as 7:03. O ônibus? já tinha ido! o próximo? só as dez e ainda não era para o seu destino final. Mas não fosse todo esse atraso e não teria trocado aquelas dúzias de palavras soltas com o australiano. Mas não satisfeita em perder o ônibus e ficar três horas na rodoviária, ainda conseguiu estragar um cartão de créditos para o celular...
Quase desistiu! Teve medo de seguir viagem e ser vitima de algum desastre fatal. Não, a amiga lhe esperava para o baile de formatura. Não podia desistir. Ainda bem que sempre carrega um livro na bolsa. "Cem anos de Solidão", começou a ler. Só assim não se sentiu só naquela rodoviária horrível... Até que passou rápido. Entrou no ônibus e dormiu. Também, estava com muito sono. Mas estava desconfortável. Acordou várias vezes. Um celular que toca, uma freada brusca, alguém que passa no corredor e esbarra nela. Abriu o livro novamente. Mas acabou tendo que desistir da leitura. Sentiu-se enjoada. Chegou. Precisa ir ao banheiro. Também precisava ligar para a amiga que iria buscá-la na próxima rodoviária. E eis que encontra aquele par de olhos azuis num corpo consumido pela ressaca...
No primeiro contato, talvez pelo turbilhão que estava sendo aquele dia, ou talvez por qualquer razão que desconheça mesmo, nem percebeu o sotaque do cara. Percebeu sim que ele estava numa ressaca grande. O cheiro de álcool e a garrafinha de água que ele tomava em goles longos o denunciavam. Mas foi quando ele principiou uma conversa perguntando por seu nome que deu conta de que não era brasileiro. Um australiano, como veio logo a saber. Estava passeando pelo Brasil já a dois meses. E já se arriscava a falar em português. Ainda bem, porque senão teria sido inútil a tentativa de aproximação. Talvez tenham tentado se comunicar por uns quinze minutos. Ele gosta de surf. Ia para a praia. Também gostava de ouvir as canções brasileiras, tocadas na praia nos violões. Confessou ter bebido muito na noite passada a ponto de não saber como viera parar ali. Tinha uma voz bonita. Um sorriso muito simpático. Alto, forte, um tipo que chama atenção, ainda mais com aqueles olhos azuis..
Mas logo os ônibus encostaram, cada um na sua plataforma. Não embarcariam no mesmo ônibus. Que pena. Lá se foi o australiano. Ela sentou na sua poltrona doida de raiva de não falar inglês. Poderia ter descoberto mais sobre ele. De repente ter pedido um email, ou qualquer forma de contato. Uma chance que caiu ali nas suas mãos depois de vários incidentes, mas não pode aproveitar. Foi pensando nele. Seria possível encontrá-lo de alguma forma? Orkut? poderia até ser... Mas pouco provável!
Chegou. A amiga demorou um pouco. Continuava pensando no australiano da rodoviária. Estava decidido: aprenderia inglês! Até o fim do ano tinha que ser capaz de falar algo... Estava com fome e com muito calor. Guardaram a mochila e foram para o Shopping. Almoçaram. Depois um chopp enquanto botavam a fofoca em dia. As amigas estavam animadas para o baile de formatura a noite. Contou todas as peripécias desde que acordara.
O baile foi bom! Mas é sempre estranho como a espera é muito melhor. Sempre comentava isso com a amiga. Desde a adolescência quando esperavam ansiosamente, quase um ano pela exposição agropecuária da cidade. Parecia que aquele tempo de espera, enquanto elas faziam planos e sonhavam jamais chegaria. Quando chegava a tão esperada semana, cinco dias passavam como se fossem um apenas. Tão rápido que nem sentiam o gosto direito. Era mesmo a espera que encantava suas vidas. Foi um pouco assim também agora: a espera, a viagem, os preparativos, e de repente já tinha passado tudo, e era hora de voltar para casa...
5 comentários:
Fran, é só dizer um "good morning" e o resto vc vai levando na base da mímica! hehehe
Assim q terminar de ler o "terra sonambula" vou ler esse "100 anos de solidao". A Fê tbem tá lendo. Cê tá gostando?
Bj
Eu dei uma pausa no inglês. Aprendi muita coisa, mas sem prática isso tudo se vai. Volto esse período. Vai q aperece uma australiana ae nessas minhas andanças... oxe oxe! rs
Agradecido pela visita, senhorita! Já havia visitado seu cantinho mineiro por indicação do Denis. Gostei muito, só não comentei...rs
Parabéns pelos posts. É como ele mesmo disse, é impossível começar a ler e não ter vontade de ir até o último ponto final...rs
Bjo!
Olá! Cheguei aqui através de indicação do Denis. Estou curtindo o Mineirices. Abraços florestais da Ursa! :))
Tb já senti q o melhor da festa é espear por ela.
Fran. . . Que dia foi aquele, heim? Sua chegada, suas histórias (sem o bentido inglês), o chop no Shopping, a arrumação antes do baile, O baile, que realmente passou mto rápido! E qdo ver vc ja tinha que ir embora!
Venha nos visitar mais vezes será mto bem vinda! :D
Bjao!
Postar um comentário