quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Família Margarina

Lendo esta reportagem aqui, descobri que minha família é do tipo família margarina. Desconhecia essa expressão. Tá, vão dizer que não sou desse planeta. Foi só jogar no google e apareceram zilhões de páginas falando da família perfeita das propagandas de margarina: papai, mamãe, filhos, avós e cachorros. Não resisti e fui procurar propagandas de margarina no YouTube, mas tinha que ser das antigas. Anos 90...ah, meus 10 aninhos.

Mas voltando à reportagem,  a minha família é uma família margarina. Não, não temos uma super casa, como essas das propagandas. As mesas de café da manhã não foram sempre fartas, tão coloridas. Nem sempre a minha mãe estava sorridente e bem humorada, nem nós, os filhos, éramos tão bem comportados (bonitos e bem vestidos!). E na maioria das vezes, o café da manhã não tinha o pai, que tinha saído muito mais cedo pra trabalhar. Mas é isso, na minha família tem pai, mãe e irmãos morando na mesma casa. Bom, teve. Hoje não moro na casa dos meus pais. Tenho a minha casa, ou melhor, moro em outra casa, porque ainda não tenho a minha casa. E as coisas devem ser diferente comigo. Não pretendo ter minha própria família margarina. Estou mais para casal Dink ( do inglês "double income no kids"). 

É, como diz a reportagem, o mundo está mudando. Aquela velha família dos Titãs - papai, mamãe e tia; almoça junto todo dia, nunca perde essa mania - acho que está cada vez mais distante da realidade das pessoas. Não estou fazendo nenhum juízo de valor. Gosto da minha família margarina, mas ela não é perfeita. E não há nada que o seja. Não tem essa de família ideal. Se uma família margarina fosse mesmo o modelo ideal,  o melhor jeito de ser família, não haveria tanto político corrupto nesse país, nem tanta gente na cadeia. Vai ver se não tem filho de família margarina que vira traficante, viciado, ladrão, político corrupto...

Está mais do que na hora da sociedade brasileira se livrar desses moralismos ridículos. Essa hipocrisia de botar banca de família margarina está com seus dias contados. Não estou dizendo que não acredito em família, mas elas não são perfeitas! O problema não é a família, mas os elementos constituintes dela: gente! E é exatamente alguns muitos desses elementos que precisam mudar. Não importa se a família seja só de mãe(s), ou só de pai(s), se de avós, ou qualquer outro nome que se dê para os laços famíliares. No fundo são eles, os laços, que realmente importam. E quanto mais esses laços forem criados de maneira livre, consciente, fundamentados no respeito e na tolerância, melhores famílias teremos.

Não tenho dúvida que as famílias que dão certo, com todos os seus defeitos, sendo elas margarina ou não, seus membros prezam pelo respeito e aprenderam, não sem ultrapassar barreiras, a conviver com o diverso. Se existe alguma receita de família modelo, ele deve se pautar nisso. Afinal, já dizia um velho ditado, muito aplicado em casos famíliares, que os dedos da mão não são todos iguais...


3 comentários:

Daniel A. Fagundes disse...

Gostei querida, parabéns pelo texto. Fez-me lembrar de que eu não tive (e nem tenho hj) uma família margarina, muito embora tenha sido sempre muito amado por minha mãe, avós e tios. Isso foi o q verdadeiramente contou para a formação do meu caráter e não quantos cafés da manhã ou da tarde eu tomei ou não com eles.
Grande abraço,
Daniel.

Unknown disse...

Olá Francine,
Faço terapia em grupo e esta semana ouvi tb que eu queria que a minha familia fosse "FAMILIA MARGARINA", discordei da psicologa, pois ela me acompanha a mais de um ano, e sabe dos meus problemas.Tive uma infancia dificil, fui criada por pessoas que não foram meus pais, algumas vezes com avós, outras com tias e até desconhecidos.Mas isso formou meu carater e dignidade.Quero sim uma familia, bonita, saudável, filhos educados.Pois é isso que falta para um mundo menos indigno.
Um abraço. Elisabete.

Francine Ribeiro disse...

Olá Bete, obrigada pela visita!
Volte mais vezes!
Sim, com certeza o ponto mais importante para uma vida melhor é a educação e um ambiente de amor e respeito! E quando tivermos pessoas educadas nessa base do amor e do respeito, saberemos conviver com os diferentes 'tipos' de família que possam existir.

um abraço
Francine

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