segunda-feira, 6 de junho de 2011

O reino das palavras

É incrível como as palavras me comovem. Como uma poesia, um simples verso, pode me levar às lágrimas. É um ritual. Sim, ouvir poesias faz parte de um ritual de purificação. Não sou eu, mas elas que, surdamente, penetram em mim, e constroem um reino que é pura explosão, que se desfaz em ondas grossas e quentes de lágrimas que banham minha face. E são quadrilhas e canções, Drummond e Clarice, amor e muitas rimas, e Guimarães e Pessoa, e saudades e rebeldias, e Vinícius e Gregório de Matos. 

E são tantas almas na mesma palavra e tantas palavra numa mesma alma. E eu me sinto uma com todas aquelas almas em apenas uma palavra: inquietação! E as palavras fazem de mim tantas: as que fui, as que gostaria de ser, as que desejo esquecer... 

Mas, fato é que as palavras me comovem. E choro sem saber bem o motivo: se de saudade ou de tristeza, se de paixão, de alegria ou de medo. E parece que é de tudo um pouco. E parece que tudo junto é outra coisa que não sei dizer.

*****

Dica da semana


Direto da Praça da língua:

      TABACARIA
    Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

 (Álvaro de Campos)

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


De Primeiros cantos (1847)
Gonçalves Dias



Epílogos

Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta, numa cidade,
onde falta Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura de um povo néscio,
e sandeu, que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

(...)
E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.
Valha-nos Deus,
o que custa, o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
(...)
Gregório de Matos

2 comentários:

Vanna disse...

Nossa, vc falou sobre as palavras o q tb penso e sinto sobre elas.
Maravilhosas escolhas dos mestres.
Bjs, linda nova semana.

Francine Ribeiro disse...

Oi Vanna! que bom compartilhar boas palavras!!

sempre um prazer receber sua visita aqui!

boa semana pro cê também!

Sobre o que se fala

cotidiano Poesia Dicas opinião opiniões política utilidade pública atualidade atualidades Rapidinhas Campinas educação Conto crônica Minas Gerais São Paulo cinema observações Brasil coisas da vida escola Misto música Delfim Moreira divulgação Barão Geraldo Bolsonaro Literatura democracia eleições Filosofia da vida leitura coisas que fazem bem passeios Comilança clã Bolsonaro redes sociais revoltas amigos coronavírus debate público ensino paixão preconceito; atualidades sobre fake news séries Dark Futebol amor coisas de mineiro coisas do mundo internético criança do eu profundo façamos poesia; final de ano; início de ano; cotidiano; pandemia 8 de março Ciência de irmã pra irmã distopia história infância lembranças mulheres política; tecnologia virada cultural Violência; Educação; utilidade pública autoritarismo comunicação consumo consciente desabafo economia fascismo férias impressa manifestação mau humor mentira mágica pós-verdade quarentena racismo estrutural reforma da previdência ser professor (a) sobre a vida música Poesia 15 de outubro 20 de novembro 2021 Anima Mundi EaD Eliane Brum Fora Bolsonaro Itajubá Moro Oscar Passarinho; Poesia; Vida Posto Ipiranga aborto adolescência amizade amor felino animação; assédio sexual autoverdade balbúrdia baleia azul. bolsonarismo cabeça de planilha consciência negra corrupção coti covid-19 crime curta; crônica; curtas; concurso; festival curtas curtas; crônica; da vida; defesa democracia liberal descobrindo o racismo desinformação direitos discurso divulgação; atualidades divulgação; blogs; poesia documentário família filosofia de jardim fim das sacolinhas plásticas frio férias; viagens; da vida; gata guerra de narrativas hipocrisia humor ideologia jornalismo lei de cotas livros minorias morte mídia música Poesia novidades para rir próxima vida racismo institucional rap resenha; atualidade; interesse público; educação saudade sentimentos tirinhas universidade utopia verdade verdade factual viagem violência

Amigos do Mineireces